Apesar das comemorações de Carnaval terem sido adiadas ou canceladas nos principais destinos do país, muitos turistas pretendem aproveitar o feriado, que segue normal em alguns estados. Diante de tantas mudanças de calendário, a ABIH-Nacional (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis) realizou um levantamento junto às ABIHs estaduais sobre a previsão de ocupação na hotelaria independente no período.

Como já era esperado, os números em todo o país estão muito abaixo do registrado em 2019 e de anos anteriores. Com índices atingindo os percentuais mais baixos de todos os tempos, Manoel Linhares, presidente da ABIH-Nacional, pede que o governo lance medidas para salvar o setor.

“Para que o turismo e a hotelaria consigam sobreviver, precisamos de medidas assertivas como a suspensão da cobrança das parcelas dos fundos de financiamentos também em 2021 – como foi feito a partir de abril até dezembro de 2020 – e a reprogramação dos pagamentos a partir de 2022”, afirmou.

“A hotelaria nacional, principalmente nos destinos corporativos, ainda não conseguiu chegar nem perto de 20% dos números alcançados em 2019 e a atual taxa de ocupação, na maioria absoluta dos hotéis, não cobre sequer seus custos operacionais”, completou o presidente.

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                           Linhares ressalta a necessidade de medidas para recuperar o setor

ABIH-Nacional: dados regionais

Um dos principais destinos carnavalescos do país, o Rio de Janeiro não terá folia este ano. Em uma primeira prévia, a Hotéis Rio apontou ocupação de 41%. Em 2020, o indicador chegou a 93%. Para a ABIH-Nacional, em 2021 as reservas não devem chegar a 50%, visto que além das comemorações, o feriado também foi suspenso.

Em São Paulo, na capital, no segundo semestre de 2019 a ocupação média ficou em 20% e as perspectivas de melhora são somente para o segundo semestre, com a volta dos eventos. Com o cancelamento da festa oficial e de qualquer evento e também do ponto facultativo na capital, a cidade deve ter uma ocupação muito abaixo de anos anteriores. A suspensão do feriado também afetará fortemente o turismo nas cidades menores, destinos tradicionais nessa época do ano.

No Nordeste terá média de ocupação mais baixa que em anos anteriores, menor procura nas capitais e maior demanda por destinos menores., segundo a ABIH-Nacional No Ceará, o Carnaval, que está suspenso pelo governo do estado, em anos anteriores chegava em média a 70%, mas nesse ano, a expectativa é atingir apenas 40%. A cidade de Fortaleza terá índices muito menores que em anos passados: em janeiro atingiu apenas 55%, pois seu principal público são os turistas que vêm de fora do estado.

Em Salvador, principal destino baiano no período, e em diversas cidades, com a suspensão das festas de Carnaval, a ocupação hoteleira no estado, durante toda a alta temporada, deve ficar em cerca de 70% menor do que foi em 2020. A ocupação em dezembro foi de 50%, enquanto o esperado era chegar a 70%. Em janeiro, o índice ficou em 55%, também muito abaixo das expectativas.

O cenário é semelhante em Pernambuco, com o cancelamento das prévias e das festas de Carnaval pelas autoridades, a ocupação hoteleira durante as festas que em anos anteriores nos principais destinos do estado, Recife e Porto de Galinhas chegava a 97%, em 2021 não deve ultrapassar os 60%. No início desse ano, com ocupação de 55% na capital e 70% em Porto de Galinhas, a queda chegou a 60%.

No Rio Grande do Norte, a ocupação está em 55% na alta temporada e deve manter esses números para o Carnaval. As vendas vinham aumentando até novembro, quando começaram a sair as notícias sobre o início da segunda onda do coronavírus, o que fez a procura cair bastante.

Em Alagoas, também não haverá programação de Carnaval e a definição do ponto facultativo ficará a critério dos municípios. Em Maceió, a prefeitura decidiu manter o ponto facultativo, atendendo a uma mobilização do setor de turismo. Dessa forma, o feriado está garantido, embora as aglomerações como prévias carnavalescas, blocos de rua e trios estejam proibidas. A expectativa de ocupação é de 70% para o período. Devido à suspensão dos pontos facultativos em mercados emissores importantes para o destino, como São Paulo e Rio de Janeiro, muitos hotéis já registram cancelamentos de reservas.

No sul do país, destino tradicional nessa época, Santa Catarina também apresenta queda na comparação com o ano passado. Em 2020, janeiro teve 79% de ocupação, contra apenas 48% esse ano. Os destinos de praias tiveram maior ocupação (53%), assim como no Centro (49%). Os piores resultados foram registrados no continente (36%). A temporada de verão já estava bem comprometida e com o cancelamento das festas de Carnaval nos principais municípios do estado, os números devem permanecer semelhantes ao primeiro mês do ano, com queda de 50% em relação a 2020. Um fator que influencia esse resultado é a diminuição radical de turistas vindos da Argentina, um grande emissor para o estado no Carnaval.

Porto Alegre também registrou baixa ocupação em janeiro, ficando em torno de 25%, uma queda de 30% em relação a 2020. Uma das cidades mais procuradas do Rio Grande do Sul, Gramado, no primeiro mês do ano, ficou em 45%, menos da metade da ocupação total registrada no ano passado, mesmo promovendo eventos como a Fenin e o Natal-Luz. Para fevereiro, o cenário não deve mudar, pois na capital vários hotéis seguem fechados, enquanto no principal destino do interior a ocupação não deve ultrapassar os 25%. Sem os atrativos do Carnaval, que foi cancelado em todo estado, o quadro é muito grave para o turismo e a hotelaria do Rio Grande do Sul.

No Mato Grosso do Sul, a hotelaria vem trabalhando com cerca de 30% de ocupação e os próximos três meses devem ser muito difíceis para o setor. No Mato Grosso, a expectativa é que o Carnaval também não tenha muita movimentação, pois Cuiabá já decretou estado de emergência e o governador suspendeu o ponto facultativo no período.

Na região Norte, a situação é muito grave para hotelaria do Amazonas. A ocupação média no estado ficou em 24% em 2020. Depois de uma pequena melhora nos números nos dois últimos meses do ano, desde o dia 26 de dezembro, quando foi decretado o fechamento do comércio e a suspensão de todas as atividades, o movimento é muito pequeno. Os acessos por estradas e rios e os voos estão limitados para Manaus, onde a ocupação hoteleira em janeiro foi 14%, público composto na sua maioria por pessoas da área de saúde.

(*) Crédito da capa: Sumaia Villela/Agência Brasil

(**) Crédito da foto: Divulgação/ABIH-Nacional