Com o aumento das demandas impulsionadas pela alta temporada de fim de ano, a malha aérea de viagens domésticas chegou a 84,7% dos níveis pré-pandemia em dezembro, segundo dados da Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas). Se o ritmo de retomada se manter, a expectativa é que os voos retornem integralmente até março de 2022.

De acordo com a entidade, o mês passado teve média de 2.036 decolagens diárias contra 2,4 mil partidas em março de 2020, período em que a crise ainda não havia afetado o setor. Este é o melhor resultado em 21 meses, quando a oferta de voos caiu para 6,8%.

A retomada rumo ao patamar de voos pré-pandemia começou a dar sinais mais firmes no meio deste ano, quando a malha saltou de 51% em junho para 68% em julho, segundo a Abear. Eduardo Sanovicz, presidente da associação, reforça a retomada integral em março, mas pondera que o querosene para a aviação tem impactado diretamente os preços dos bilhetes.

“O querosene para a aviação subiu 91,7% nos últimos 12 meses, enquanto o câmbio teve alta de 30%. Tanto o combustível quanto o leasing das aeronaves são cobrados em dólar, o que impacta os preços das passagens para o consumidor final. Ainda não podemos afirmar se o cenário vai se estender ou não”, explica Sanovicz.

O presidente salienta que a demanda de fim de ano respondeu bem devido às restrições de viagens internacionais e bleisure. “Boa parte dos passageiros que tradicionalmente viajam para fora optaram por permanecer no Brasil. É um segmento de consumo pouco afetado pela crise e de faixa de renda elevada”, acrescenta.

Para completar a malha aérea, o executivo destaca que o setor de eventos e público corporativo ainda estão em retomada gradativa, além da capacidade de consumo da população. “A retomada do turismo de negócios está vinculada à tomada de decisão das empresas, mas o retorno após a alta temporada não é um fato consolidado, mas sim uma tendência”, pontua.

Malha internacional e Ômicron

Segundo divulgado hoje (3) pela Agência Brasil, a variante Ômicron causou o cancelamento de mais de 4 mil voos no último domingo, sendo mais da metade deles nos EUA. Os dados de rastreamento da FlightAware.com, no mundo todo, mais de 11.200 decolagens foram adiadas.

A Abear prevê a recuperação total da malha internacional no Brasil apenas em 2023. Em dezembro, as companhias aéreas chegaram a 41,1% dos níveis pré-pandemia. “A Ômicron afeta a malha doméstica, pois muitas pessoas que não foram para o exterior viajam por aqui, mas não é um impacto tão relevante. O desafio é restabelecer a oferta por conta do cenário pandêmico que temos ao redor do mundo. Felizmente, tivemos uma boa adesão da vacinação e a Abear já transportou mais de 280 milhões de doses gratuitamente”.

(*) Crédito da foto: Pixabay