OITO PERGUNTAS PARA… é uma seção fixa da coluna Magazine do site Hôtelier News. As entrevistas são sempre com personalidades das mais diversas áreas ? música, esporte, cultura, política, religião, negócios etc ? onde o assunto é hotelaria. Caso você queira dar uma sugestão de nome, por favor, envie um e-mail para [email protected]

OITO PERGUNTAS PARA… WANDI DORATIOTTO

por Claudio Schapochnik

Ele é compositor, cantor, ator, apresentador, faz convenções, propagandas e tem quase 30 anos de carreira. Desse jeito, fica difícil saber quer é. Então, seguem aí mais algumas dicas. Ele faz parte do grupo Premê, fez propagandas hilárias para a Brastemp, apresenta o programa Bem Brasil, da TV Cultura, todos os domingos, e tem um grande currículo sempre ligado à cultura.
Agora, sim! Estamos falando do paulistano Wandi Doratiotto, que encerrou temporada com a peça Não mexe com quem tá quietinho no último dia 29, no teatro Crowne Plaza, junto com Arthur Kohl e Renato Caldas. Amanhã (12 de junho), ele lança novo CD ?Pronto!? na FNAC, em São Paulo. É primeiro disco solo, com 14 músicas inéditas que mescla diversos ritmos, como toada, blues, funk, samba etc. A distribuição é da gravadora Trama.

 


Extremamente bem humorado, brincalhão e dono de uma simpatia rara, Doratiotto recebeu a reportagem do Hôtelier News no teatro Crowne Plaza, localizado no hotel Crowne Plaza São Paulo, pouco antes do encerramento da temporada de Não mexe com quem tá quietinho.
Ele demonstrou estar a par do assunto hotelaria e elogiou os serviços brasileiros. ?Acredito que nossa hotelaria, grosso modo, está à altura do primeiro mundo, se não, em alguns lugares, melhor, pela beleza do local, pela afabilidade do povo brasileiro?, afirma. Acompanhe a entrevista abaixo.

Hôtelier News: Qual o melhor hotel que você já se hospedou?
Wandi Doratiotto:
Trabalho como mestre de cerimônias e ator em muitas convenções de empresas há mais de 15 anos. Por extensão, você imagina o que eu já freqüentei. Freqüentei todos os cinco-estrelas com louvor, como se diz, do Brasil.
Estive agora mesmo em Angra dos Reis, no Blue Tree Park, por exemplo. Meu Deus que coisa bonita!, uma praia particular; o Hotel do Frade já fiz várias vezes. Todos os grandes hotéis brasileiros eu já freqüentei.
Gosto de determinadas coisas, não é querer aqui ser o bom político, eventualmente, estou falando a pura verdade. Eu nunca encontrei tudo que eu gosto num hotel só, por ter essa sorte de conhecer praticamente todos esses grandes hotéis.

HN: Qual foi o melhor café da manhã que você já tomou?
Wandi:
Não me lembro o nome. Era um hotel de Belém do Pará, desses grandes hotéis, cujo café da manhã pra mim foi inesquecível. Tinha algumas coisas locais.

HN: E qual foi o pior hotel que já se hospedou?
Wandi:
Foi no Rio de Janeiro. Agora é epidérmica a sensação, porque fiquei em dezenas de espeluncas e muitas muito simplezinhas, que adoro. Hotel que tem aquele bule de café, com aquele senhor que fala ?O senhor quer quantos pãezinhos? Um ou dois?? e traz aí com marmelada e manteiga, é uma maravilha. Eu adoro esses baratos.
Eu tenho um brevezinho de aviador monomotor. Desde mocinho, 18, 17 anos eu voava pelo Brasil com monomotor. Então, imagine nos anos 1970 onde eu me hospedei: Mato Grosso (num tinha nem a divisão do Estado, era Mata Grosso), se me lembrar aonde já fiquei…
Mas a repulsa maior é de um fato que foi no Rio de Janeiro, que eu amo tanto o Rio de Janeiro, no Catete. Trabalhava na Manchete e ficava em hotéis maravilhosos para o meu gosto, no Glória e no Novo Mundo ? um hotel simples mais maravilhoso, ali no Aterro, o Lula ficava lá antes de ser presidente. E no Glória, magnífico, bonito, sólido.
Aí cheguei, num dia que tinha uma festa no Rio, e estava tudo lotado, cheguei de madrugada e precisava ficar em algum lugar, pouca grana…
Putz! Eu me hospedei num lugar que eu me deitei e, resumo da história, passou um rato na minha cara, no meu rosto. Bicho, fiquei com um bode!
Daí eu saí, fiz a barba, esfreguei o rosto e pedi minha grana de volta. E foi uma briga pra conseguir. O rato andava pela cama, cara!, no centro do Rio de Janeiro. Puta que o pariu, quando me lembro daquilo ainda ma dá um certo… Não sou de ter onda muito com bicho, mas você se deita e vem um rato, passa na cara, passa com a patinha em cima, você acha que eu não ia me esquecer…

HN: E sobre restaurante e/ou bar de hotel, qual é o seu favorito?
Wandi: Eu vou ficar com o Crowne Plaza São Paulo.

HN: O que você valoriza na hora de escolher um hotel?
Wandi:
Se tiver menos concreto ou um equilíbrio entre o verdinho e a arquitetura. Não sou arquiteto, mas assim como todo mundo, admiro muito esses espaços amplos onde tem aqueles vãos livres grandes.
E quando vejo que o pessoal é bacana. Isso do pessoal é um grande trunfo. Que não fique incomodando para tudo, ligando toda hora. Esse Blue Tree Park, por exemplo, eu fiquei tão a vontade, não tem essa frescura, mas é tão equilibrado também o hotel, é uma beleza, naquele meio de mato, né?
O Rio é de uma exuberância, né? Angra etc e tal. Em suma, aquela coisa de não ter muito concreto fechado, não ser muito fascista. Tem prédio que é meio fascista, cheio de vidro escuro, só ar-condicionado, você não tem um lugar que você respira o ar. Acho que esse é um padrão que eu uso.

 

 

HN: Já passou por algum mico em hotel?
Wandi:
Foi em Miami, onde fui fazer convenção lá. Era no Contemporary, o trenzinho da Disney passa lá dentro. Estava como ator vendendo churrasquinho de gato fantasioso, e os caras me filmando. O churrasquinho de gato era esses doces, balinha, improvisamos, do tipo marshmellow. Falava em português: ?Olhaí, é de graça! Vai aí madame??.
O segurança levou a máquina, levou tudo e ainda faço assim ?sujou?, tá gravado lá. Sei que era dentro do hotel essa situação e tive ?n? situações engraçadas…

HN: E qual é a melhor pousada?
Wandi:
Numa época, porque hoje ela mudou, era a Pousada das Praias, em Camburizinho [litoral paulista]. O dono se tornou meu amigo. Caí lá por puro sem querer, aleatório, e estava com minha mulher. Espalhei prum montão de gente. Faz muito tempo que não vou. Quando me hospedei, achei o melhor custo benefício, uma frase meio besta, mas é isso. Também tem uma na Bahia, no sul da Bahia.

HN: Falta alguma coisa na hotelaria brasileira em comparação à do Exterior?
Wandi:
Eu falar que não acho, já estou dando a resposta e é o que eu sinto, já é um pouco pretensioso porque conheço bem os hotéis brasileiros. Já viajei pra Europa, mas em hotéis relativamente modestos. Quando faço esses tours, pego hotéis bons.
Não perdemos nada pros grandes hotéis que conheço e fora a beleza da natureza. Você pega a orla de Angra, como falei, o Hotel do frade, na Costa Verde, é muito bonito. Lamentavelmente, você tem essas usinas que dá um clima um pouco surreal, Angra 1 e Angra 2, aquela bobagem, a meu ver. Só no governo militar mesmo pra sair aquilo.
Acredito que nossa hotelaria, grosso modo, está à altura do primeiro mundo, se não, em alguns lugares, melhor, pela beleza do local, pela afabilidade do povo brasileiro.