A retomada do turismo no Brasil para níveis pré-pandemia depende de 29,5% de crescimento. De acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no relatório mensal sobre o setor de serviços, a atividade ainda tem um caminho para conquistar números estáveis. O relatório é referente a junho de 2021.

No entanto, o setor turístico ainda registrou avanço de 11,9% frente maio, sendo a segunda taxa positiva seguida neste ano. Ao somar maio e junho, o acumulo de crescimento constatado foi de 43%, apesar de ainda precisar de resultados mais expressivos.

As doze unidades da federação contabilizadas no estudo tiveram taxas positivas no turismo. O destaque, conforme afirma o IBGE, ficou por conta de Minas Gerais (19,7%), Rio de Janeiro (12,4%) e São Paulo (5,3%).

Setor de serviços

De forma mais ampla, a PMS (Pesquisa Mensal de Serviços) registrou crescimento de 1,7% de maio para junho, com ganho de 4,4% acumulado nos últimos três meses. Na prática, o resultado representa o maior nível da área em cinco anos, superando até índices pré-pandemia — 2,4% acima de fevereiro de 2020.

Em relação a junho de 2020, o volume de serviços avançou 21,1%, quarta taxa positiva consecutiva. No acumulado do ano, o setor cresceu 9,5% frente a igual período do ano anterior. Em 12 meses, ao passar de -2,1% em maio para 0,4% em junho, manteve a trajetória ascendente iniciada em fevereiro deste ano (-8,6%). Mesmo com o avanço, o setor ainda está 9,1% abaixo do recorde histórico, alcançado em novembro de 2014.

 

Turismo e serviços

 

O desempenho do setor em junho foi puxado por todas as cinco atividades investigadas, com destaques para:

  • Serviços de informação e comunicação (2,5%)
  • Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (1,7%)
  • Serviços prestados às famílias (8,1%)

Além disso, serviços profissionais, administrativos e complementares (1,4%) e os outros serviços (2,3%) também tiveram aumento acumulado, respectivo, entre maio e junho de 3,6% e 3,5%.

“Embora todas as atividades tenham avançado, esse resultado se deve, principalmente, a um conjunto de serviços que se beneficiou da própria pandemia ou não foi tão afetado por ela. São setores mais dinâmicos, mais focados em inovação, em capital do que em mão de obra, que conseguiram se reposicionar aproveitando as oportunidades geradas pela pandemia, dado o efeito que ela teve na atividade econômica”, explica Rodrigo Lobo, analista da pesquisa.

Turismo: CNC

Em comentário ao relatório do IBGE sobre o setor, a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) também ponderou sobre o turismo. Segundo Fabio Bentes, economista da CNC responsável pela análise, o mercado pode avançar 18,2% no volume de receitas neste ano.

“As perdas do turismo recuaram pelo terceiro mês consecutivo e tendem a se reduzir à medida que o processo de vacinação se amplie, mas a recuperação do setor deve ocorrer de forma mais lenta. O volume de receitas dessas atividades ainda se encontra 22,8% abaixo do registrado em fevereiro de 2020. Em junho deste ano, o setor perdeu R$ 19 bilhões, acumulando, desde o início da crise sanitária, um total de R$ 395,6 bilhões”, diz.

Para Bentes, a expectativa é favorável para os meses adiante, já que a tendência é que destinos flexibilizem restrições e a população viaje mais no segundo semestre. “Seja no segmento de serviços ou específico do turismo, essa pode se apresentar como a maior taxa de crescimento da série histórica”, conclui.

(*) Crédito da capa: Andrea Piacquadio/Pexels

(**) Crédito do gráfico: Divulgação/IBGE