Não faz muito tempo e ele assumiu um novo (e grande) desafio profissional em meio à pandemia. E, por um acaso, isso representa algum tipo de problema para Wellington Melo? É claro que não, pelo contrário! Com uma carreira vencedora e inspiradora, o novo diretor geral do Unique tem a seu favor o fato de conhecer cada pedacinho do hotel de luxo paulistano, onde trabalha desde a abertura. O executivo reconhece, no entanto, que só isso não basta diante da situação atual.

“Posso dizer que este é um ponto que facilita, mas ele sozinho não resolve, pois o cenário atual é diferente de tudo que já vivemos desde a abertura do hotel”, afirma Wellington Melo, amante de corridas de rua, de música (bandas e artistas como Black Pumas, Liniker e os Caramelows e The Weeknd) e que, no momento, aventura-se em uma nova paixão: o skate. “O nosso público predominante sempre foi o de negócios e internacional e, hoje, quase todo o percentual de hospedagem está ligado ao lazer – moradores de São Paulo e de outras partes do país”, completa.

Convidado do Hotelier News na sessão de hoje (11), Melo também falou também sobre as perspectivas para o Unique neste ano. “Em relação ao cenário financeiro, desde a reabertura, o grande desafio está sendo chegar o mais próximo do breakeven, ponto este que ainda não foi alcançado principalmente devido à desordem das flexibilizações das fases impostas pelo governo”, afirma. Leia o resto da entrevista abaixo.

Três perguntas para: Wellington Melo

Hotelier News: São muitos e muitos anos no Unique. De que forma conhecer cada cantinho do hotel te ajuda neste momento de grandes desafios para a hotelaria corporativa em São Paulo?

Wellington Melo: O fato de estar desde a abertura e de ter passado por diversos departamentos durante todo este período facilita o entendimento de toda a logística de trabalho das áreas, bem como uma tratativa mais direta com toda a brigada por possuir um bom conhecimento do time. Posso dizer que este é um ponto que facilita, mas ele sozinho não resolve, pois o cenário atual é diferente de tudo que já vivemos desde a abertura do hotel. Todos os conhecimentos adquiridos nestes quase 19 anos precisaram ser revisados, repaginados e totalmente reestruturados para enfrentarmos a situação atual. No Brasil, além do agravante do vírus, estamos vivendo um período extremante complicado pela falta de assertividade na condução da situação, onde existe um descaso considerável com as dificuldades financeiras que as empresas estão enfrentando. Não existe qualquer tipo de incentivo ou isenção de impostos, por exemplo, além das regras estabelecidas mudarem a todo momento, complicando em demasiado qualquer estratégia criada. Por estes motivos, a experiência adquirida serve como base, mas o poder de renovação e resiliência estão sendo pontos cruciais para o enfrentamento deste momento. O pensar fora da caixa nunca foi tão necessário. Um ponto que tenho argumentado bastante com o meu time é que vivemos um cenário desafiador, mas, diante de todo o caos, precisamos também olhar pela ótica positiva dos negócios e que estamos tendo uma grande oportunidade de pensarmos diferente, fazermos análises mais assertivas e de aprimorarmos a nossa maneira de gestão. Este desafio nos ajudará a sair muito mais fortes e ainda mais preparados (com muito mais conhecimento) para as situações futuras.

HN: Quais as perspectivas para 2021? Hoje, a conta já fecha? Patamares mais saudáveis de receita só com a volta da demanda internacional?

WM: Apesar de ser uma pessoa muito otimista com o futuro, o cenário atual não está nada favorável para o turismo e hotelaria na cidade de São Paulo. A demanda ainda é extremamente baixa, principalmente quando comparada com os patamares de antes da pandemia. Essa autonomia de receita é diretamente afetada pela ausência de fluxo do mercado internacional, bem como o cenário praticamente nulo de eventos na cidade. O nosso público predominante sempre foi o de negócios e internacional e, hoje, quase todo o percentual de hospedagem está ligado ao lazer – moradores de São Paulo e de outras partes do país. Em relação ao cenário financeiro, desde a reabertura, o grande desafio está sendo chegar o mais próximo do breakeven, ponto este que ainda não foi alcançado principalmente devido à desordem das flexibilizações das fases impostas pelo governo.

HN: Em hotéis de luxo com restaurantes consolidados, o A&B (Alimentos e Bebidas) tem sempre uma fatia relevante da receita total. Como estão as coisas no Unique neste sentido?

WM: O A&B dentro do Unique sempre representou uma fatia considerável da receita total do hotel. Desde a abertura, o Skye sempre teve uma “vida própria”, tendo enorme representatividade no montante, bem como o A&B dos eventos, que sempre foi um ponto importantíssimo na nossa base de faturamento. Em um período de fase vermelha como a que estamos no momento, por exemplo, perdemos uma autonomia de praticamente 65% da nossa receita (locação de salas, A&B de eventos e Skye), sendo que da totalidade dos 35% restantes (hospedagem), devido à baixa demanda, os números ficam totalmente prejudicados. Por tudo que estamos acompanhando no Brasil e mundialmente, a situação em relação ao vírus ainda irá perdurar por um tempo, até que todo o plano de vacinação seja efetivado. Por este motivo, precisaremos aprender a conviver com o vírus, onde faz-se imprescindível e de extrema importância todos os protocolos de prevenção ao Covid-19 que foram criados.

(*) Crédito da foto :Léo Faria/Unique