Catarinense de Rio do Sul, Vinicius Lummertz tem três livros lançados – Brasil: potência mundial do turismo, Complexo Brasil, o difícil é fazer e Sem o Turismo a conta não fecha – e uma trajetória significativa no setor, tendo estado à frente da Secretaria de Turismo de Florianópolis, da presidência da Embratur (Empresa Brasileira de Turismo) e do Ministério do Turismo, onde atuou antes de assumir a Setur-SP (Secretaria de Turismo e Viagens do Estado de São Paulo), no qual permanece até hoje.

Lummertz é graduado em Ciências Políticas pela Universidade Americana de Paris, pós-graduado pela Kennedy School, da Harvard University, e possui mestrado em Engenharia e Gestão do Conhecimento pela Universidade Federal de Santa Catarina, da qual foi reitor de janeiro de 2003 a novembro de 2003.

Na sessão de hoje (29), o Hotelier News recebe o secretário, que fala sobre os desafios da gestão e aprovação de projetos para o setor.

Três perguntas para: Vinicius Lummertz

Hotelier News: O senhor falou do projeto para cassino de preferência. Ao mesmo tempo, com o longo tempo de vida pública que tem, dá para prever em quanto tempo isso sai de fato? Porque nessa legislatura não tem mais clima, certo? Quando?

Vinicius Lummertz: Não podemos dizer que não há tempo nesta legislatura. Temos visto um grande esforço do executivo federal e, em particular, do Legislativo, para a aprovação de outros temas. A proposta atual do senador Irajá, de cassinos integrados a resorts, está bem construída e com chances reais de aprovação.

HN: O senhor falou em continuidade, entregando inclusive um plano para SP, mas a continuidade com o governo atual não está garantida. Isso o frustra no caso da vida pública?

VL: Em absoluto. Se minha gestão tivesse tido 30 dias, seria o melhor mês que conseguíssemos entregar; se tivesse seis meses, o melhor semestre possível. Estamos quase completando três anos, sendo mais de 50% desse tempo sob a pandemia, e envidamos todos os esforços e criatividade para uma gestão que honre a história e o empenho do Governador João Doria, além de estabelecer uma parceria com todos os atores, públicos ou privados, do turismo ou fora dele. Continuidade, descontinuidade e alternância são parte da vida pública. O vice-governador, Rodrigo Garcia, ajudou muitíssimo a nossa gestão e reconhece o valor do turismo no estado. Sucederá a João Doria e não tenho dúvida que com os dois nos principais cargos executivos do país, no estado e no governo federal, o turismo seguirá como prioridade.

HN: Para finalizar, um balanço da gestão até aqui: vitórias, derrotas e ensinamentos ao longo desses quase 4 anos. 

VL: Tivemos a oportunidade e a missão de enfrentar a maior crise, causada pela covid-19. Em São Paulo recorremos a todos os instrumentos, alguns criados durante a pandemia, para ajudar na travessia, preservação e recuperação do setor. O principal, contudo, foi a vacina, cuja primeira dose, de coronavac, foi aplicada em janeiro, dando início efetivo ao plano nacional de imunização. Olhando apenas para o que foi possível entregar este ano, mesmo sob pandemia, tivemos a aprovação da lei dos Distritos Turísticos e o lançamento dos dois primeiros – Olímpia e Serra Azul – o início da oferta de disciplinas eletivas para os alunos da rede pública, chegando 900 escolas de tempo integral, lançamos o site Turinvest, como forma de incentivar os empreendedores na busca por imóveis, a Central do Investidor Paulista, para facilitar o acesso às linhas de crédito, executamos 100% da lei orçamentária anual (LOA), que disponibilizou R$ 505 milhões para as 210 cidades turísticas do estado, com o Sebrae treinamos e certificamos empresas de eco aventura em 200 municípios, organizamos a AdventureWeek, com jornalistas, influenciadores e operadores estrangeiros que irão vender e promover o Vale do Ribeira, esse tesouro não explorado, lançamos as rotas turística e as gastronômicas, e fizemos, com a Prefeitura da capital, o evento que marcou o retorno dos grandes encontros de apelo turístico, o GP São Paulo de F1. O cenário para 2022, com a volta os eventos, de todos os tipos e, em particular, com algumas comemorações de forte simbolismo, como os 100 anos da Semana de Arte Moderna e os 200 da Proclamação da Independência, mostrarão o vigor e a importância do turismo para o avanço nos campos social e econômico.

(*) Crédito da foto: Divulgação/Setur-SP