O ano é novo, o setor é antigo e o mercado de trabalho, diferente. Não é de hoje que o Hotelier News faz previsões ao lado de especialistas para saber como será a hotelaria diante do novo normal e qual o perfil de colaborador o segmento dará prioridade. Consultora de RH (Recursos Humanos), Vania Ejzenberg, inclusive, já participou de uma de nossas lives sobre o assunto e retorna para mais uma entrevista, desta vez no Três perguntas para.

Bacharel em psicologia pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), a profissional é especialista em técnicas projetivas, especialmente em teste de Rorschach. Com pós-graduação em Recursos Humanos pela FEA-USP (Universidade de São Paulo), hoje é diretora da Ejzenberg Recursos Humanos, baseada em São Paulo e com atuação nacional e internacional em Portugal, Angola, Uruguai e Argentina.

Carioca vivendo em São Paulo há muitos anos, Vania Ejzenberg adotou o Corinthians como time do coração. Amante da boa mesa, ela garante compensar os exageros com longas caminhadas na praia, no Parque Ibirapuera ou nas ruas. Mãe e avó, suas trilhas sonoras preferidas são nomes da MPB como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Chico Buarque e Elis Regina.

Três perguntas para: Vania Ejzenberg

Hotelier News: Muitas pessoas passaram por desligamentos durante a pandemia. O mercado está preparado para absorver essa demanda conforme o turismo volta a crescer no país?

Vania Ejzenberg: O turismo, após a paralisia inicial em março de 2020, retomou parcialmente a partir de setembro de 2020 especialmente os resorts, porém até o momento não alcançou o patamar pré-pandemia. Em especial, foram mais afetados o mercado de hotéis corporativos e os eventos praticamente abolidos. Com o advento das vacinas, a perspectiva melhora limitadamente, devido ao longo período necessário para a completa imunização de toda a população. Acreditamos que as medidas restritivas de proteção e distanciamento vão continuar impactando negativamente os mercados de hotelaria, gastronomia, turismo e eventos. Neste cenário, os bons profissionais que foram desligados pela severidade da crise econômica nas empresas de turismo deverão ser recontratados, mas não na velocidade que estávamos aguardando. Participamos ativamente deste mercado e verificamos que, num primeiro momento, as empresas lutaram para não quebrar e fechar as portas. Agora, as mesmas estão revendo seus objetivos e reduzindo suas expectativas, isto inclui qualidade produtos e serviço e dimensionamento das equipes. Houve também a necessidade de readequação de espaços físicos, como mais espaços ao ar livre e com maior distanciamento.

HN: O que é importante destacar no currículo neste momento?

VE: Importante na elaboração de um currículo é que ele seja verdadeiro e reflita o profissional que o está enviando. Deve-se destacar a atuação em situações desafiadoras e as soluções encontradas. Há espaço nas organizações para o estrategista mais introspectivo, o profissional de ação e de relacionamento, porém em tempos difíceis todos buscam aqueles que superem as metas e objetivos traçados, focados em resultados. Dar ênfase no currículo aos objetivos que foram alcançados, as metas que foram superadas, deixar um espaço para possível downgrade na carreira (neste momento especialmente quanto à remuneração), mas confiando na sua capacidade de superação e entrega. Este fato tem acontecido com frequência.

HN: Quais as tendências de mercado hoje e como um profissional pode se preparar para este momento ?

VE: Percebemos nas solicitações para recrutamento e seleção, nossa expertise, um enfoque maior na busca de profissionais versáteis e multitarefas, acumulando mais de uma função. Alguns exemplos são: um gerente geral que faça a área comercial, um gerente de hospedagem que passa a acumular auditoria, um chefe de cozinha que também esteja na posição de gerente de A&B (Alimentos & Bebidas). A tendência, portanto, é na busca de profissionais que consigam entregar mais com menos investimento. Deverão manter o foco em processos sob a égide de redução de custos sem perder a qualidade e principalmente flexibilidade. Quanto aos aspectos de personalidade, profissionais que sejam resilientes, tenham empatia, criatividade e constantemente busquem a inovação e alternativas que possam surpreender “o novo cliente”. Especialmente aquele que não viajou ao exterior em função do dólar elevado, ou das fronteiras fechadas ou com medo de adoecer no exterior. Sem deixar de aproveitar e agregar novos conhecimentos e habilidades o tempo todo.

(*) Crédito da foto: Arquivo pessoal