De um lado, uma executiva competente à frente do seu próprio negócio. Do outro, uma viajante apaixonada por adrenalina. Quem vê Thais Medina no dia a dia do trabalho, nem imagina que em seu tempo livre ela gosta mesmo é de dirigir um 4×4 fazendo rallies Brasil afora ou torcer pelo Corinthians, seu time do coração.

“Já participei de um rally como navegadora e não vejo a hora de voltar a fazer um, agora como piloto. Sou corintiana e adoro um estádio. Inclusive, visitei o campo e assisti a um jogo do Corinthian Casuals, time inglês que foi inspiração para o nosso Coringão, em Londres”, conta.

Workaholic assumida, a diretora e fundadora da Business Factory está em constante evolução, sempre buscando mais conhecimento sobre sua área de atuação. Jornalista de formação, Thais Medina estudou Management na University of Ohio (EUA), além de ter concluído MBAs em Marketing (FGV), Gestão Estratégica (USP) e Coaching aplicado a Estratégias Empresariais (Sociedade Brasileira de Coaching).

Formada também em Transformação Digital e Inovação (BBI of Chicago), a profissional acumula em seus quase 20 anos de carreira passagens pelo Hotelier News, São Paulo Turismo, Prefeitura de Santo André, Blue Tree Hotels e Grupo Trend.

“Amo estudar e compartilhar e adquirir conhecimentos, seja em aulas, palestras ou num bate-papo informal”, ressalta. Entre suas últimas leituras estão: A regra é não ter regras – A Netflix e a cultura da reinvenção (Reed Hastings e Erin Meyer); Transformação digital (David Rogers) e Pequeno manual antirracista (Djamila Ribeiro).

“Sou completamente apaixonada pela minha profissão e, acima de tudo, por gente, o que faz com que o DNA da Business Factory contemple o objetivo de sempre manter um ótimo clima organizacional e pessoas estimuladas e felizes em suas atividades do dia a dia e, para isso, trabalhamos muito forte a comunicação interna e ações de endomarketing”.

Thais medina - tres perguntas - interna

Três perguntas para: Thais Medina

Hotelier News: A pandemia impôs uma série de desafios à indústria de viagens. Talvez, um dos maiores de todos seja estabelecer uma comunicação empática e assertiva com os stakeholders. Concorda?

Thais Medina: Certamente este está sendo um dos desafios que precisamos superar desde o início da pandemia. Seja com nossos clientes, fornecedores, parceiros, equipe ou mídia. Não importa com quem precisamos nos comunicar, cada vez mais é necessário o CPF ser prioritário ao CNPJ, ou seja, aquele relacionamento B2B ou B2C com o qual estávamos acostumados precisou ser substituído pelo H2H (Human to Human). Nunca as pessoas estiveram tão carentes e tão cansadas com tantas atribuições em seu dia a dia, preocupações, momentos de tensão e, em muitos casos, falta de perspectivas sobre o que aconteceria (e acontecerá) no nosso mercado nas próximas semanas ou meses. Se há algumas décadas o foco era na divulgação de produtos, hoje falamos em uma comunicação olhando para valores, humanizada, envolvendo os stakeholders e gerando empoderamento e orgulho de pertencer. E, no meu ponto de vista, essa comunicação precisa ter início dentro de nossas empresas, independente de contarmos com um, 10 ou mil colaboradores.

Quanto você investe no seu time? E não estou dizendo apenas de investimentos financeiros. Estou falando aqui sobre o seu tempo, o seu carinho, o seu cuidado, o quanto você pode ajudar cada um dos integrantes da sua equipe em seu desenvolvimento e em sua trajetória profissional. A partir do momento que você tem as pessoas junto a você, com comprometimento e dedicação, pode ter certeza de que você conquista o resultado que desejar.

HN: Pensando na estratégia de comunicação e marketing das marcas com o mercado de viagens, você já consegue apontar tendências relevantes? Quais?

TM: Não é novidade o quanto o segmento de viagens é movido a experiências. Com a pandemia, muitos consumidores tradicionais e offline se renderam ao ambiente digital e aos, antes temidos por eles, e-commerces. O volume de consumidores 4.0 aumentou significativamente e o marketing precisa estar ainda mais atento a esta mudança no comportamento dos públicos de interesse. Fala-se já também sobre o consumidor 5.0, ou seja, pessoas que nasceram em um mundo conectado e têm a sua tomada de decisão de compra com base não apenas na qualidade, mas também na boa experiência durante toda a sua jornada de compra, no atendimento personalizado (sim! o atendimento continua em alta!) e no valor agregado que a sua aquisição vai gerar. Essas pessoas são heavy users da web e estão sempre em busca de inovação; são influenciadores e influenciados, buscando muitas informações e comparando opiniões antes de realizar uma compra (aí a importância de um cuidado especial e bom posicionamento em reviews disponíveis em plataformas como Reclame Aqui, Google Meu Negócio, TripAdvisor etc).

Entre as tendências de marketing, entendo que vêm pela frente:

  •  marcas ainda mais humanizadas
  •  compartilhamento de experiências, de preferência ao vivo
  •  investimento em influenciadores
  • embaixadores da marca
  • love branding se tornará ainda mais forte
  • empoderamento e sentimento de pertencimento
  • uso de dados
  • nichos, segmentação e diferenciais
  • UGC (User Generated Content)
  • interação
  • TikTok e Reels
  • adaptação às tecnologias

HN: Agora, uma pergunta mais pessoal: quais os principais aprendizados que você ganhou em 2020? Por que?

TM: O último ano nos trouxe aprendizados que nenhum MBA ou outro curso de gestão pode nos proporcionar. E não estou falando apenas de gestão empresarial. Estou falando de gestão de vida, de autogestão. Tenho certeza que ninguém aqui no Brasil havia colocado em sua SWOT para 2020 que uma ameaça seria um vírus que geraria uma pandemia e colocaria o mundo em alerta. Foi ano de a gente pegar as estratégias e planejamentos que levaram semanas e exigiram diversas reuniões para serem concluídos e guardar na gaveta. De cuidar da saúde emocional acima de tudo para poder superar tantos desafios, de controlar a ansiedade, viver um dia de cada vez, mas ainda assim planejando e pensando em novas estratégias. Precisei aprender a tomar decisões mais rápidas e assertivas, cuidar ainda mais das pessoas, conseguir equilibrar todos os pratinhos da vida profissional e pessoal, ser ainda mais multitarefas em casa e na Business Factory.

Foi momento de aprender que por mais que pensemos que estamos no controle de tudo, isso não é uma realidade, pois planilha alguma é capaz de conter o Covid-19. Decisões rápidas exigem também o aprendizado da inovação constante, com metodologias ágeis e menos burocracias. O ótimo se tornou inimigo do bom, e foi necessário nos reinventarmos, com novos serviços, nova unidade de negócios, nova forma de nos comunicarmos no trabalho e na vida pessoal. Palavrinhas que estão na moda, como empatia, resiliência e autoconhecimento, nunca fizeram tanto sentido. Bem como um olhar ainda mais humanizado para as pessoas, que retribuíram com engajamento, energias positivas e o sentimento de pertencimento e colaboração.

Mais do que nunca, precisamos nos demonstrar protagonistas da nossa própria vida e entender que se um dia não foi tão bom, nada como dormir e acordar com novas ideias e planos, sem jamais perder o foco e a vontade de vencer. Que possamos continuar valorizando as pequenas coisas e as pessoas ao nosso redor e garantindo aprendizados que nos tornem seres humanos melhores em qualquer âmbito da nossa vida. Para finalizar, 2020 mostrou que devemos comemorar sempre. O copo não pode estar meio vazio em momento algum.

(*) Crédito das fotos: Arquivo pessoal