Com atuação de 30 anos no mercado hoteleiro, começando como office boy na rede Transamérica, Rômulo Silva tem história para contar. Bom de papo e atencioso nas demandas jornalísticas do Hotelier News, o diretor de Desenvolvimento de Franquias da Accor Brasil passou por muitas áreas para chegar à posição atual. Controladoria, custos, receitas, contabilidade, análise de resultados, operacional, gerência administrativa e, agora, desenvolvimento são todos os desafios aceitos pelo executivo desde 1992 – e ainda contando…

O profissional, que se diz “apaixonado” por vinhos e “boa comida”, é formado Turismo e Hotelaria pela Unisa, com pós-graduação em Controladoria no Saint Paul Institute e MBA em Marketing pela FIA/USP. Pai do Bernardo (4) e da Manu (7 meses), é casado com a Natália desde 2015 e, quando não está prospectando novos mercados para a gigante francesa, gosta de cozinhar.

“Dedico-me, principalmente, ao preparo de um bom churrasco – o melhor, modéstia á parte”, brinca Silva, que trabalha na Accor há cinco anos e atua no setor de Desenvolvimento desde agosto de 2020. “Costumo dizer que fazer churrasco não é só comer carne, mas uma oportunidade de reunir a família e amigos”, completa.

Sem tempo para ler por conta da dedicação à filha mais nova, ele aproveita corridas matinais para se informar com podcasts sobre temas variados, incluindo resumos de livros. Ainda assim, ele faz uma recomendação aos leitores do Hotelier News: “Escravidão”, trilogia de Laurentino Gomes.

Três perguntas para: Rômulo Silva

Hotelier News: Quais os planos para esse ano e como está o mercado neste momento para desenvolvimento hoteleiro?

Rômulo Silva: Não é segredo para ninguém que o mercado hoteleiro está sendo muito impactado em decorrência da pandemia. Os resultados de 2020 foram muito ruins para todo o setor e para toda a cadeia produtiva da hotelaria, tanto que a receita consolidada do grupo foi de € 1,621 milhões em 2020, redução de 54,8% em termos comparáveis, e de 60,0% conforme reportado, ambos em comparação com o ano de 2019.

Sim, foi um ano bastante afetado negativamente para o setor, mas, mesmo com as dificuldades, a Accor continuou crescendo e trazendo boas notícias, como aberturas de hotéis e assinatura de novos contratos: 14 novos hotéis inaugurados em 2020 na América do Sul (1,8 mil quartos), além da assinatura de 13 novos contratos (1.565 quartos), o que nos mantém em um ritmo semelhante ao dos anos anteriores. Para o ano de 2021, vemos um panorama positivo para o setor. Com o avanço da vacinação, acreditamos no início da recuperação ao redor do mundo. Na América do Sul, vemos um grande potencial de crescimento no segmento de lazer. No desenvolvimento de novos negócios, prevemos bons resultados também, visto que em 2020 nenhum projeto com a Accor foi cancelado ou inviabilizado, apenas postergado e devemos retomá-los neste ano. Além disso, trabalharemos este ano em uma estratégia voltada para o modelo de franquias. Nosso objetivo é alcançar 42 mil quartos de hotéis até 2024 na América do Sul. Hoje, a Accor mantém na região 393 hotéis , sendo 62 mil apartamentos; desses, 170 são franquias. Acreditamos que 2021 será o ano das franquias e conversões. Um outro foco de atuação é a conversão de hotéis independentes para nossas marcas, pois, muitos deles enfrentaram ou ainda estão enfrentando dificuldades e nós podemos oferecer várias ferramentas que podem ajudar a melhorar os resultados.

HN: Quais são as expectativas para o futuro da soft brand by Mercure, lançada recentemente em Olímpia (SP)?

RS: A By Mercure é uma marca inovadora, projetada para receber hotéis de qualidade e médio porte na família Mercure. Isso significa, na prática, que estamos oferecendo algumas flexibilizações nos padrões para que os investidores tenham tempo suficiente para se adaptar à marca Mercure e, durante este período de adaptação, o hotel poderá contar com todo o suporte, ferramentas e serviços oferecidos pela Accor para um Mercure full. Como já disse acima, todo o setor está enfrentando problemas e com o caixa bastante limitado, portanto, qualquer investimento exigido para adaptação do hotel às nossas marcas pode ser um fator complicador para a concretização do negócio. Entendendo então esta necessidade, criamos a marca By Mercure e, assim, damos um fôlego para o proprietário do hotel fazer as adaptações, caso necessário. A estratégia está dando certo, pois, conseguimos fechar o primeiro contrato do mundo by Mercure em Olímpia, no Thermas de Olímpia Resorts, e temos outros que pretendemos anunciar nas próximas semanas.

HN: Outra aposta da Accor tem sido o modelo de franquias. Como você vê essa estratégia para o momento atual do setor e se essa modalidade pode ir bem aqui no Brasil.

RS: O ano de 2021 deve ser o ano das franquias hoteleiras no Brasil! Colocamos em prática nosso plano 42K24, que significa termos 42 mil quartos de hotéis até o ano de 2024. O 42K é uma alusão a uma maratona, pois todo o time de desenvolvimento tem como objetivo se esforçar ao máximo para obter esta marca e, apesar do grande desafio, estamos todos confiantes de que alcançaremos este objetivo. Nosso foco tem sido desenvolver franquias em cidades secundárias e terciárias, com mais de 80 mil habitantes, que de certa forma ainda estão desabastecidas de oferta hoteleira de qualidade. Temos, obviamente, também olhado para algumas capitais e, nestes casos, as oportunidades no campo de franquia tem surgido, geralmente, por meio de conversões. Além disso, temos trabalhado com os franqueados e também faz parte do nosso plano o fortalecimento deles e o desenvolvimento de novos parceiros, que passam a ser um braço importante do nosso desenvolvimento.

(*) Crédito da foto: Divulgação/Accor