Paulistano da gema, marido, pai e avô, Paulo Brazil é um grande apreciador do cinema e leitor voraz de notícias. Praticante de caminhadas, o diretor Comercial do B Hotel afirma que sua maior riqueza está no convívio com as pessoas. Nada mais hoteleiro do que isso, certo?

Formado em Administração de Empresas, o executivo garante que, independente de qualquer diploma, sua maior escola foi a troca de experiências. Começou sua trajetória profissional na construção civil, trabalhando em uma construtora do Grupo Sílvio Santos, sendo responsável pela área de Incorporações.

“Em 1999 fui convidado a trabalhar na Concivil Construtora e Incorporadora, como diretor Comercial, o que mudou toda minha carreira, pois tive a oportunidade de começar e trabalhar junto com o investidor na idealização e implementação da Estanplaza Administradora Hoteleira. Foi nesse momento que me apaixonei pela hotelaria e optei em seguir na área”, relembra.

Em 2012, Paulo Brazil foi convidado para integrar a equipe da Rede Slaviero de Hotéis, onde permaneceu por seis anos. “Nesse período, chegamos a administrar mais de 25 hotéis distribuídos pelo Sul, Sudeste, Centro Oeste e Norte do Brasil. Essa experiência de grande capilaridade dos produtos me proporcionou um conhecimento único da hotelaria do Brasil e do mercado da América do Sul onde tivemos um trabalho comercial intenso e com bons resultados”, conta.

A seguir, confira a entrevista na íntegra.

Três perguntas para: Paulo Brazil

Hotelier News: Em outubro de 2020, o B Hotel registrou sua maior taxa de ocupação desde a reabertura após 60 dias fechado por conta da pandemia. Considerando que Brasília é um destino com forte apelo para eventos e público corporativo, ambos paralisados, qual o segredo dos números positivos?

Paulo Brazil: Não existe segredo e sim muito trabalho. Começamos nessa época a colher os frutos do que semeamos antes do início da crise. Realmente, o grande volume de negócios sempre foram os eventos e público corporativo, mas após nossa reabertura em junho de 2020, começamos a ter de volta o público corporativo em volume muito menor e a receber os hóspedes particulares. Nos finais de semana tivemos um incremento importante de clientes que se deslocam de carro e estão num raio de 200 a 300 km de distância de Brasília. Mas o que nos trouxe esses resultados positivos foi que o público começou a ter ciência da existência de nosso hotel, afinal temos apenas dois anos e meio de inauguração e não tínhamos ainda divulgado de forma contundente. Este empreendimento veio complementar a arquitetura única de Brasília e apresentar a hospitalidade da capital federal. Nossa proposta é nossa grande diferença no mercado, nossa gastronomia com a preocupação de oferecer experiências especiais, tudo produzido internamente pelo hotel e para o hotel – nossos pães, doces, iogurtes, geleias, a fazenda onde são produzidas as verduras e legumes orgânicos que utilizamos em nosso restaurante. A nossa preocupação é ter essa abrangência de serviços, evitando a terceirização para manter a qualidade que tanto desejamos. As pessoas estavam a muito tempo em casa sem poder sair e vir a um hotel que segue todos os procedimentos de segurança e higiene, ao mesmo tempo oferecendo experiências únicas, foi mais um dos fatores que contribuíram para esses resultados importantes.

HN: Como resumiria o desafio de gerenciar um empreendimento novo no mercado diante de um cenário tão desafiador? Quais foram as principais dificuldades até aqui?

PB: Acho que exigiu de mim toda a vivência de todos meus mais de 40 anos de trabalho, me ajudou muito o conhecimento obtido na superação de todas as crises que vivenciei em nosso país e a forma como trabalhei para enxergar oportunidades em cada uma delas. Desde minha chegada no B Hotel, meu foco foi apresentar ao mercado brasileiro e internacional o nosso hotel, considerando todos os canais de vendas e utilizando toda a cadeia de distribuição para realizar esse trabalho. Não deixamos de atuar em nenhum nicho de negócios, pois o desconhecimento do nosso produto no mercado era nosso maior desafio a ser vencido. A maior dificuldade é a impossibilidade de apresentar aos interlocutores corporativos, de forma presencial, nosso empreendimento e também o impedimento de apresentar nosso hotel ao mercado internacional, trabalho esse que foi iniciado em 2020, mas interrompido em razão das restrições de viagens internacionais. Mas estamos com muito trabalho, novas parcerias e criatividade tentando vencer as dificuldades atuais.

HN: O que a hotelaria de luxo brasileira aprendeu com a pandemia? Qual será o legado que a crise deixará?

PB: Apreendemos que a hotelaria de luxo traz a seus hóspedes experiências e vivências únicas que são oferecidos em pouquíssimos hotéis dessa categoria, pois os custos são maiores e as diferenças de serviços entre unidades de quatro e cinco estrelas também. Nos trouxe a certeza de que devemos manter nossas equipes e serviços no padrão que temos desde de nossa abertura, pois o público espera e busca uma experiência de conforto e de extrema qualidade. Enxergo que este público busca uma compensação pelos sacrifícios e dificuldades que a vida tem nos oferecido. É importante ressaltar também que o público que frequenta nosso hotel foi o menos impactado na pandemia em comparação ao restante da população e continua consumindo produtos de luxo.

O principal legado que a crise deixará é que os hotéis que possuem privilégio de localização, que oferecem beleza plástica, bom gosto, serviços únicos e pensados para pessoas e feito por pessoas sairão fortalecidos. Estamos todos sentindo falta da convivência, essa é a grande lição que estamos recebendo, este será o legado que a crise nos entrega. Nossa missão é sempre pensar no serviço e nas pessoas para as quais iremos oferecê-los. Este pensamento é o que move a nossa equipe e que fará a diferença no momento da escolha do B Hotel para se hospedar.

(*) Crédito da foto: Divulgação/B Hotel