O setor hoteleiro pernambucano vem sofrendo duros golpes, como o cancelamento do Carnaval e as restrições de eventos corporativos. Com o aumento de casos de coronavírus no estado, o governo aumentou as medidas de prevenção, fechando bares e restaurantes. É diante deste cenário que Nelson Moreira, gerente geral do ibis Recife Boa Viagem, fala ao Hotelier News na série Três perguntas para.

Formado em Turismo pela Anhembi Morumbi e pós-graduado em Gestão de Negócios pela FECAP (Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado), o paulistano teve sua carreira forjada no segmento turístico e hotelaria, tendo atuado em cargos administrativos e operacionais.

Sobre o atual momento da capital pernambucana, Moreira afirma que a hotelaria está em estado de alerta. “Parece um filme que se repete. Estamos muito apreensivos com esta sensação de desorganização geral que os estados vêm apresentando. O turismo local vem sustentando nossa ocupação de maneira muito tímida”, comenta.

Quando não está se dedicando ao trabalho, o executivo passa seu tempo livre com a família, praticando esportes e jogando vídeo game, que ele confessa sempre perder para os filhos.

Três perguntas para: Nelson Moreira

Hotelier News: O governo de Pernambuco vem apertando as medidas restritivas em todo o estado. Como a hotelaria local vem sentindo o impacto das ações no dia a dia?

Nelson Moreira: Parece um filme que se repete. Estamos muito apreensivos com esta sensação de desorganização geral que os estados vêm apresentando. O turismo local vem sustentando nossa ocupação de maneira muito tímida. Neste último ano fizemos uma imensa avaliação de custo e reestruturação, coisa muito parecida com a reengenharia de negócios que vivemos nos anos 80. Efetivamente o cancelamento de reservas não está tão brutal como foi em março do ano passado, mas novas reservas não estão chegando.

HN: Apesar do potencial para o lazer, Recife também é um destino corporativo. De que forma os hotéis vêm buscando atrair famílias enquanto o público business não retorna?

NM: O potencial de lazer de Recife realmente é muito grande, mas não é explorado ou apreciado como mereceria. Hoje, recebemos o turista de lazer, porém de fato a maioria simplesmente passa por aqui em busca das praias do litoral Sul principalmente. A vinda do público de lazer foi de certo modo orgânica e principalmente regional, isso demonstra que o brasileiro conhece os atrativos locais, mas não estava no radar no passado. O que eles procuravam em Recife estava muito claro e os hotéis que conseguiram conquistar maior fatia de público de lazer foram as unidades beira mar, com uma estrutura de lazer consolidada, o que não é a maioria da cidade. Outra coisa que foi observada é que já em fevereiro o público de lazer diminuiu drasticamente e percebemos o turista corporativo, mesmo que ainda timidamente. Com este segundo público as redes tiveram mais capacidade de captação.

HN: Como a hotelaria enxerga 2021? Metas e estratégias já foram traçadas?

NM: Tenho conversado com muitos hoteleiros e a ABIH de Recife é bem atuante. O que percebemos em pontos em comum é que não devemos cair na armadilha da guerra tarifária desenfreada. Os hoteleiros, hoje mais do que nunca, têm os custos na ponta do lápis e sabem que diária média é muito importante. A exploração das redes sociais é outro ponto forte que está sendo explorado, pois as equipes de vendas estão com restrições de visitas aos clientes. A partir daí, cada propriedade tem criado e explorado seus diferenciais estratégicos. Para 2021 até dezembro tínhamos uma visão positiva para o primeiro semestre com a chegada da vacina e um pouco mais de expectativa para o segundo semestre. No entanto com a força desta segunda onda de contágio estamos revendo as expectativas de budget e acompanhando dia a dia o desenrolar da crise.

(*) Crédito da foto: Arquivo pessoal