Como mostramos em reportagem anterior, o Unique Hotel vive os dois lados da moeda desse início de retomada. No hotel focado em lazer, no interior paulista, excelentes resultados – inclusive acima das expectativas. No empreendimento urbano, dependente do corporativo, maiores dificuldades. É em busca do equilíbrio e procurando alternativas para gerar maior receita na propriedade em São Paulo que Melissa Oliveira vem trabalhando diariamente.

Nossa convidada no Três perguntas para de hoje (5) é há 10 anos diretora geral do Unique Hotel. Com mais de 20 anos de hotelaria, a executiva paulista tem graduação em Administração Hoteleira no Brasil e na Suíça. No país europeu, residiu por três anos e guarda boas lembranças.

Com veia interiorana, herdada da família que é de Monte Aprazível (SP), gosta ir até a cidade para recarregar energias. Viajar, aliás, é um dos seus hobbies preferidos, com especial carinho pelas viagens para a Índia e Lençóis Maranhenses. Na quarentena, descobriu e aprendeu yoga, ficou ainda mais próximo da família e definiu um objetivo para o futuro: realizar um curso de fotografia. Leia a entrevista completa abaixo.

Três perguntas para: Melissa Oliveira

Hotelier News: Como anda o mercado de hotelaria de luxo meio à pandemia?

Melissa Oliveira: Percebemos uma diferença no mercado corporativo e de lazer. O segundo vem se beneficiando incrivelmente, o movimento tem sido espetacular de segunda a segunda. As metas todas batidas, praticamente dobradas em relação ao ano passado, isso com o hotel com uma capacidade menor. A grande maioria dos hotéis que converso de lazer tem se beneficiado. Todos lotados, ninguém encontra hotel vazio. Agora, os hotéis corporativos de luxo têm sofrido muito mais, porque não existe mercado internacional. A grande maioria das empresas está em home office. O que há é um ou outro corporativo de empresas menores, ou que vem do interior ou Nordeste. Vivemos hoje exclusivamente de lazer. Dependendo do tipo de hotel, ele sofre mais ou menos.

HN: Diante da retomada, o turismo de lazer lidera o movimento frente ao corporativo. Como se adaptar ao cenário?

MO: Uma parte da resposta está ligada à pergunta anterior. Então, hoje os hotéis “lutam” pelo pouco mercado que tem, com enfoque em empresas menores, com viagens curtas e individuais. Não existem mais viagens em grupos internacionais. Pode-se trabalhar também eventos híbridos ou menores, todos feitos com rígidos protocolos. De forma muito sutil esses eventos têm voltado a acontecer. Outra opção é day offices. O fato é que cada hotel tem procurado sua forma de atrair essa pequena parcela do corporativo. Nós temos feito deliveries para escritórios também, por exemplo. São três ou quatro maneiras que buscamos para trabalhar esse público, mas ainda muito fraco perto do que estávamos acostumados.

HN: O que mudou no mercado corporativo e quando esperar sua volta efetiva?

MO: Mudou praticamente tudo. Ele sumiu quase que de um dia para o outro, mas ainda existe uma demanda muito pequena no day office, viagens do interior ou de outros estados. Sobre a volta, é realmente um mistério. Imaginamos que, a partir de março, haja uma retomada um pouco maior, mas não tenho uma resposta. A demanda do segmento vem crescendo devagar. Já ouvimos muitas empresas que colocaram todos em home office. Há outras organizações que querem voltar aos poucos. Então, em resumo, acredito que um retorno aos patamares pré-pandemia deve levar pelo menos seis meses ou até um ano.

(*) Crédito da foto: Divulgação/Hotel Unique