CEO da Travel Inn, a história de Manuel Gama se mistura com a de sua terra natal, Moçambique. O executivo veio para o Brasil em 1976 devido à guerra civil do país e aqui consolidou sua carreira no turismo e na hotelaria, atuando no Novotel e participando das aberturas da marca.

Antes de falar sobre sua trajetória em solo brasileiro, vamos voltar um pouco no tempo. Gama iniciou sua carreira na hotelaria aos 18 anos, como estagiário em um empreendimento de luxo em Joanesburgo, na África do Sul. Anos mais tarde, formou-se no Glion Institute of Higher Education, na Suíça. “Posteriormente, viajei a trabalho e segui fazendo especializações pela Europa”, relembra o CEO.

“Voltei para minha terra natal e, por conta da guerra, me instalei com minha família na Rodésia, atual Zimbábue, onde trabalhei e inaugurei um hotel de luxo, o Elephant Hill Country Club”, conta. Em seguida, o profissional desembarcou no Brasil, onde fundou a Results Assessoria anos mais tarde, em 1985, empresa com foco na comercialização e administração hoteleira.

Em 1997, a Travel Inn foi fundada. Hoje, a rede administra 10 unidades em São Paulo, Rio Grande do Sul e Bahia. Na área associativa, Gama foi presidente do FOHB (Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil), entidade que ainda atua como vice-presidente, além de ter passagens como vice-presidente da ABIH-SP (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de São Paulo).

Adepto de uma qualidade de vida saudável, Manuel Gama é praticante de golfe e natação. A paixão pelo esporte é tamanha, que também foi diretor e presidente da Federação de Golfe e diretor de um clube.

Três perguntas para: Manuel Gama

Hotelier News: A Travel Inn vem aumentando seu portfólio de unidades apesar do momento ser delicado para a hotelaria. Quais foram os principais desafios das implantações?

Manuel Gama: Durante a pandemia, aumentamos o nosso portfólio de hotéis, fruto de um trabalho de três anos de desenvolvimento da rede. Contudo, o momento nos trouxe uma grande incerteza do futuro, o fechamento de hotéis, descapitalização, falta de linhas de crédito e novas oportunidades. Lidar com estes dois extremos ao mesmo tempo a meu ver tem sido desafiador. De um lado, você nota as reservas financeiras da sua empresa se esvaírem e do outro você é procurado por investidores para tocar os empreendimentos. As aberturas foram tranquilas, facilitadas pela ampla mão de obra atualmente disponível no mercado. O mesmo não ocorre em relação aos clientes, até que a situação sanitária se resolva. O difícil foi prever o futuro, através dos orçamentos de 2021, tomar decisões num cenário incerto, mas elas têm que ser tomadas da forma mais assertiva possível.

HN: Quais os planos da rede para 2021? Novos produtos estão em desenvolvimento?

MG: O desafio da nossa empresa é se manter num tamanho que nos permita ser enxutos, nos comunicar diretamente com investidores, conselheiros e colaboradores sem intermediários, permitindo decisões rápidas. Para que isto seja possível, é necessário focarmos no tamanho certo para que a operação seja rentável para os investidores e para a administradora. Outro desafio é a capacidade de adaptação às necessidades do mercado atual, ou seja, pensar fora da caixinha hoje é essencial para a sobrevivência das empresas. Os nossos líderes devem fazer o dever de casa, como aprovar uma boa reforma tributária e administrativa, além dos marcos regulatórios, para que tenhamos uma taxa de crescimento a longo prazo. A locomotiva do Brasil a meu ver é a iniciativa privada, resiliente, criativa e incansável em encontrar soluções para fazer face ao atual cenário. A distribuição das vacinas pelo país é um grande desafio, e que impacta diretamente no ambiente de negócios. Nos dias de hoje, o outro desafio é proteger os colaboradores e clientes, da contaminação do coronavírus, por isso estamos como a maior parte da nossa indústria respeitando todos os protocolos sanitários.

HN: As novas unidades vêm contribuindo para a abertura de vagas de emprego. Além disso, que outras formas a rede busca auxiliar as comunidades em que atua?

MG: Em 2021, iniciamos uma operação em São Paulo perto da Avenida Paulista, e teremos dois hotéis na Serra Gaúcha, para iniciar as operações, mantendo o inventário atual. O que representa mais 170 empregos nas unidades a serem implantadas este ano. Em algumas das regiões em que atuamos temos sim um trabalho em prol da comunidade local, em conjunto com o município.

(*) Crédito da foto: Divulgação/Travel Inn