Filho de dono de restaurante, Luis Fernando Miyamura cresceu observando como funciona a operação no setor gastronômico. E foi a proximidade com o segmento de alimentação que o impulsionou a seguir carreira na hotelaria. “Desde adolescente trabalhava na área. Meu pai teve dois restaurantes em São Paulo e, depois que me formei, fui atuar com ele”, relembra.

Formado em Hotelaria no Senac, o profissional de 43 anos iniciou sua carreira no setor como recepcionista no ibis Expo Barra Funda. Dentro do empreendimento, galgou posições até chegar a gerente geral. “Em 2009, fui promovido a gerente de A&B (Alimentos & Bebidas). Após o cargo ser extinto, voltei para a operação no ibis Florianópolis”, conta.

Sempre com um pé na gastronomia, Miyamura saiu da hotelaria temporariamente para se tornar sócio-proprietário de uma unidade do Outback em São José dos Campos, no interior de São Paulo, onde permaneceu por cinco anos. Com o vencimento do contrato, o executivo saiu do grupo para operar uma rede de pizzarias no Vale do Paraíba.

“Voltei para São Paulo para gerenciar a rede de restaurantes Jigs & Braugarten, até retornar para a Accor, em 2018, a convite do Carlos Jacobina. Voltei com foco no Novotel Itu no setor de operações de A&B e também como apoio das operações como um todo”, explica.

Pai de três filhos e amante do beisebol, Luis Fernando Miyamura praticou o esporte durante a infância e adolescência, tendo competido pela seleção brasileira e participado de campeonatos mundiais, sul-americanos e pan-americanos. “Atualmente pratico corrida por uma questão de saúde. É importante manter o corpo e a cabeça funcionando bem, ainda mais em tempos de pandemia”, complementa.

Três perguntas para: Luis Fernando Miyamura

Hotelier News: O Novotel Itu fechou temporariamente mais uma vez. O que pesou mais na decisão? E quais as expectativas para a reabertura?

Luis Fernando Miyamura: O pronunciamento da fase emergencial impossibilitava que o resort operasse com as áreas de lazer, bufês e bares, o que nos deixou em uma situação difícil. Nosso público é atualmente 100% lazer, com famílias que vêm para usufruir desta estrutura. Com isso, optamos por paralisar as operações e assim que a fase mais restritiva passar e pudermos voltar a abrir estas áreas, retomaremos as atividades. A expectativa de reabertura é sempre positiva e o público de lazer sempre busca opções que transmitam segurança. A Accor, com o selo AllSafe, acaba passando essa confiança ao hóspede. Dependemos do cenário da pandemia, mas quando reabrimos aos finais de semana conseguimos manter uma ocupação boa.

HN: Com a chegada da segunda onda e novas paralisações, metas precisam ser revistas. De que forma o resort vem recalculando a rota?

LM: Temos trabalhado com projeções semanais ou até mesmo diárias, buscando sempre oferecer novas opções ao público de lazer. Focamos em apresentar mais opções aos hóspedes e, em cima disso, levantar projeções de vendas. Trabalhamos os custos com contratos fixos, acordos com colaboradores e sindicatos com o objetivo de rentabilizar os resultados. Não está sendo fácil, dependemos muito da receita, que está restrita no momento. É um desafio a cada dia para podermos chegar nessa equação de rentabilidade ao investidor.

HN: A hotelaria aprendeu muito em 2020 com a primeira onda da pandemia. Quais são os erros que não podem ser cometidos novamente?

LM: Acredito que com a primeira onda, cada região e segmento absorveu uma lição. Em São Paulo, um mercado majoritariamente corporativo, talvez as expectativas fossem melhores, mas com a reabertura vimos que o cenário não foi favorável. No caso dos resorts foi diferente, pois a retomada demonstrou que a população realmente estava querendo sair de casa buscando locais seguros e a cada semana vínhamos crescendo em ocupação. Em um primeiro momento, acabamos desligando muitos colaboradores quando a pandemia começou e talvez hoje faríamos diferente, tentando reter o máximo de profissionais possível e ir adequando com sindicatos e MPs, equilibrando com a operação do hotel. Toda forma de preservação de empregos é importante e precisamos buscar isso. Ir ao máximo com sindicatos, negociações para que possamos atingir vantagens para empresas e empregados. O desemprego subiu muito com a pandemia e toda e qualquer possibilidade de manutenção é válida.

(*) Crédito da foto: Peter Kutuchian/Hotelier News