Três perguntas para: Helenio Waddington
30 de abril de 2020Waddington: o melhor a se fazer é ajustar e manter empregos
Há quem diga que o segmento upscale sairá na frente na corrida para a retomada das atividades. Com clientes de alta renda, a demanda por hóspedes da categoria tem maior facilidade para se adaptar diante de tempos de crise. São estes pontos que o Hotelier News abordou na entrevista com Helenio Waddington, fundador e presidente da Associação Roteiros de Charme.
Advogado de profissão, Waddington fundou a associação em 1992 sob a inspiração da Conferência Mundial das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio 92. O executivo abraçou a hotelaria e foi um dos pioneiros a adotar práticas sustentáveis no setor.
Em 1999, a Roteiros de Charme desenvolveu e adotou um código de ética e conduta ambiental, em cooperação com a UNEP (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente). Desde então, solicita e implementa esses padrões em todos os membros. A associação integra ainda a OMT (Organização Mundial do Turismo), sediada em Madrid, tendo sido eleita em 2009 para a Vice Presidência da Junta Diretiva do Conselho Empresarial daquele organismo das Nações Unidas.
Em seu hotel, o Rosa dos Ventos, em Teresópolis (RJ), Waddington tem promovido práticas ambientais e usa a energia solar há mais de 30 anos. A associação conta com membros, entre 73 hotéis, pousadas e refúgios situados, do Norte ao Sul do Brasil, em 16 estados e 64 destinos turísticos.
Três perguntas para: Helenio Waddington
Hotelier News: Muito se especula sobre a retomada do setor. Na sua opinião, por atuar com clientes de alta renda, o segmento upscale tem alguma vantagem diante da crise? Como será a recuperação do mercado de luxo?
Helenio Waddington: A crise atingiu a todos os setores do turismo, não importa o tamanho ou perfil, se é upscale ou econômico. Alguns hotéis conseguiram se manter em operação, mesmo que reduzida, pois havia demanda local, enquanto outros precisaram fechar as portas. Muito difícil dizer como será a recuperação do mercado de luxo. Não deve ser diferente das outras categorias dentro da hotelaria.
HN: Como a Roteiros de Charme vem atuando ao lado de seus associados durante a crise? Quais as estratégias para a volta das atividades?
HW: Apresentamos aos associados um protocolo de higiene para que consigam da melhor forma oferecer segurança aos hóspedes e funcionários. Além disso, percebo que as pessoas estão cansadas de notícias ruins. Preferimos então focar em notícias boas, já pensando em um planejamento para quando esta crise passar.
Criamos a campanha de marketing “Celebre a vida quando isso passar!”, de venda antecipada de diárias com descontos e ofertas especiais, e o retorno tem sido muito bom. Agora vamos lançar outros pacotes diferentes com os associados para continuar criando esta expectativa de bons momentos em nossos associados.
HN: Para você, quais os principais aprendizados que a pandemia trouxe ao mercado hoteleiro? Na sua visão, 2020 ainda tem salvação?
HW: Trabalhei com o setor financeiro por mais de 50 anos e lá aprendi que da crise se sai mais forte. A pandemia nos ensina a cortar, mas cada um sabe do seu negócio, quais são as necessidades. É preciso fazer um exame de consciência. Por exemplo, não acho que adianta demitir agora. Depois será necessário refazer as contratações, treinar as pessoas. O melhor é ajustar e manter os empregos.
(*) Crédito da foto: Divulgação/Associação Roteiros de Charme