Desde 1986, Heder Rossini vem dedicando sua carreira à hotelaria. O atual gerente geral do Transamerica Chácara Santo Antônio iniciou sua trajetória no Grande Hotel São Pedro, do Senac, onde atuou no setor comercial.

O executivo recebeu um convite para trabalhar no departamento de eventos do Transamerica, em 1991. Mais tarde, trocou a Bahia pela capital paulista, assumindo a área de congressos e feiras do Transamerica São Paulo, permanecendo até o ano 2000.

Há 20 anos Rossini está à frente da unidade Chácara Santo Antônio, na qual vem liderando a equipe e promovendo mudanças, como um retrofit na ordem dos R$ 2,4 milhões.

O paulistano de 54 anos, formado em Hotelaria na FMU e tecnólogo pelo Senac, tem como corridas de kart e o aikido (arte marcial japonesa) seus principais hobbies, além de ser adepto do Espiritismo como religião.

Três perguntas para: Heder Rossini

Hotelier News: O Transamerica Chácara Santo Antonio iniciou um processo de retrofit no ano passado. Quais são os próximos passos para a modernização do empreendimento?

Heder Rossini: Logo no início do ano de 2020, conseguimos finalizar uma obra longa que foi a revitalização total das fachadas com um novo revestimento cerâmico. Observando o hotel pela área externa, temos um empreendimento totalmente reformado e que brilha já com os primeiros raios de sol, dando um efeito muito bonito na fachada. Com o olhar voltado para as áreas internas, ainda conseguimos antes da pandemia pintar as áreas comuns e repaginar totalmente a nossa academia, comprando aparelhos e equipamentos de ginástica top de linha. Transformamos o WC localizado no lobby, atendendo todas as normas para PNE, deixando acessível e modernizado ao mesmo tempo. No total, foi um investimento da ordem de R$ 2,4 milhões. Conseguimos também iniciar as substituições dos aparelhos de ar condicionado dos apartamentos, entretanto, com o início da pandemia, priorizamos preservar nosso fundo de reserva e nosso capital de giro. Esses investimentos nesse momento, sofreram uma interrupção, bem como a modernização do lobby e toda a área do restaurante, mas estão em nosso radar.

HN: O hotel está localizado em uma região com grande potencial para o corporativo, mas esse público não está viajando. De que forma a unidade vem buscando atrair hóspedes de lazer e outros clientes?

HR: Antes desse furacão arrasador, nosso share era 55% do público corporativo, 40% de shows, feiras e congressos (a maioria oriunda do nosso Transamerica Expo Center) o qual chamamos carinhosamente de TEC e finalizando, 5% de lazer/pessoa física. A taxa de ocupação era próxima dos 70%. Tínhamos também uma significativa receita interna, gerada por eventos que ocorriam em nosso centro de eventos. Hoje, quero dizer, desde março de 2020 até os dias atuais, perdemos 95% de nossos principais públicos e tivemos que nos reinventar para mudar os 5% de um segmento que praticamente não existia e transformá-lo em nosso principal mantenedor. Quando analisamos e comparamos esses números, do antes e de hoje, chega a dar um frio na barriga. Tivemos que nos readequar em todos os aspectos: custos, contratos, quadro de pessoal, preços de vendas, promoções e até mesmo o público. O que na prática representava 5%, hoje significa 80% de uma ocupação que está estagnada em 35%. É comum hoje vermos no lobby, casais circulando com carrinhos de bebês.

HN: Quais as expectativas para 2021 com a chegada da vacina? As metas foram traçadas com um cenário otimista ou conservador

HR: É uma excelente questão. Um cenário somente otimista é razoável para que não entremos em parafuso e para não ficarmos deprimidos, porém ele não pagará as contas. Se basearmos em um cenário somente conservador, não desenvolveremos o potencial de criação novamente, pois olharemos para trás para traçarmos o que virá pela frente. É sem dúvida, o momento mais delicado que a hotelaria brasileira já viveu. Impossível projetarmos uma ação até mesmo para um período curto que vem uma nova restrição do governo e como resultado demos mais dez passos atrás. Estamos adotando orçamentos e metas curtas, desafiadoras sem dúvida, mas factíveis. E tão importante quanto atingirmos nossas metas neste momento tão sensível, é valorizarmos nossos colaboradores. Não são como os profissionais da saúde salvando vidas, os verdadeiros heróis, mas também são da linha de frente, dando acolhimento, conforto e empatia, transformando o hotel, na casa dos que nos procuram. Acredito que a palavra desse biênio seja resiliência. Precisamos a cada dia de nossas vidas, dedicarmos um momento, um instante, um pequeno espaço de tempo em nosso dia a dia para aprimorarmos essa habilidade, que nos é hoje, fundamental para a nossa sobrevivência.

(*) Crédito da foto: Arquivo pessoal