Três perguntas para - Flavia Lorenzetti_internaFlávia participou recentemente de live organizada pelo Hotelier News

É difícil encontrar com Flávia Lorenzetti por aí. Afora a vida corrida da hotelaria, que consome boa parte de sua rotina, a country manager do Selina no Brasil aproveita o tempo livre para pedalar. Viciada em esportes e atleta amadora de ciclismo, com conquistas nacionais e internacionais, ela não desgruda de sua bicicleta quando não está no trabalho. E, embora aparentemente não pareça, há muitas similaridades nessas duas paixões, o que a ajuda a levar com mais leveza do dia a dia profissional.

“Meu tipo de viagem predileto sempre tem montanha, boa comida e bebida. Sempre tento encaixar o ciclismo nelas, seja alugando uma bicicleta ou levando a minha comigo”, comenta Flávia. “A bicicleta me trouxe equilíbrio para a loucura constante de operações e da gestão de hotelaria. Mudou a minha forma de pensar, de viajar, de trabalhar e de liderar”, completa.

Se você para para pensar, foco, dedicação, disciplina, planejamento e muito suor são pontos em comum entre uma prova de ciclismo e a abertura e operação de um hotel. Então, quando assumiu o desafio de tocar a chegada e expansão do Selina no Brasil, Flávia já sabia mais ou menos o que fazer, mesmo tendo um background profissional ligado a outro mercado, o de alimentação fora do lar. Convidada de hoje (18) do Hotelier News no Três perguntas para, a executiva revela o que vem planejando para a rede no país e mostra como a marca pode se beneficiar com o novo normal. Boa leitura!

Três perguntas para: Flávia Lorenzetti

Hotelier News: Em nossa live, você passou para o público uma visão otimista da retomada do mercado, dizendo que devem até surgir boas oportunidades para a marca. O que explica essa avaliação?

Flávia Lorenzetti: A Selina busca no mercado hotéis que estejam com baixa performance. Ou seja, pelo desgaste do tempo e da tentativa, sem grandes investidores por trás, proprietários buscando alternativas para repassarem os empreendimentos sem perder a história ou o trabalho arduamente executado até tal ponto. Uma forma de dar férias ou a tão sonhada aposentadoria para muitos.

HN: A pandemia freou prospecções e investimentos? Como anda o planejamento do Selina no Brasil? Quais as praças-alvo e por que?

FL: Acreditamos que muitos proprietários e hotéis vão precisar de suporte e fôlego extra. Nossa indústria foi fortemente impactada, pequenas propriedades ou pequenos empresários, infelizmente, precisarão de outras soluções – e a Selina pode contribuir. Nossa meta sempre foi agressiva com abertura de hotéis em curto espaço de tempo. A pandemia pode acelerar a disponibilidade de locações. Não freamos os investimentos, apenas estamos analisando as oportunidades com mais cautela. Pós-pandemia, vamos olhar um pouco mais para locações remotas de fácil acesso por estradas oriundas de grandes centros ou capitais. Para os próximos 12 meses, estamos mirando locações no Nordeste (Bahia, Fortaleza, Recife e entorno), Mato Grosso, Minas Gerais e litoral paulista.

HN: Especialistas dizem que, no "novo normal", consumidores tendem a escolher marcas mais conhecidas. Ainda novata no mercado, como a Selina vai "resolver este problema"? 

FL: O novo normal inclui mudanças no comportamento diário dos consumidores. Do consumidor de viagem então… Google e Facebook já anunciaram que os funcionários não precisam mais ir aos escritórios até 2021. O consumidor apreendeu também que não necessita de um escritório, que pode trabalhar remotamente dispondo apenas de uma boa internet. Muitas pessoas voltaram para suas cidades ou para suas famílias e, ainda assim, continuaram produtivas no trabalho. A Selina sempre fincou no mercado a bandeira do trabalho remoto. Nascemos para os nômades digitais. E o lado positivo da pandemia – para olharmos o copo sempre meio cheio – foi propagar esse modo "Selina" de viajar. As pessoas se tornaram mais produtivas, ou mantiveram os níveis de entrega similares, trabalhando remotamente, tendo mais qualidade de vida e ao lado da família. Tudo que sempre pensamos e oferecemos no nosso guarda-chuva de produtos.

Para o curto prazo, os long stays foram boa parte da nossa estratégia, uma vez que muitas pessoas deixaram o aluguel fixo por mês com seguro-fiança, sem internet de boa qualidade e limpeza adequada em muitos prédios para se juntar à família Selina. Conosco, encontraram, além de segurança e higiene dentro dos mais altos padrões requeridos para prevenção da contaminação, uma internet de boa qualidade e espaços de coworking com espaçamento necessário para zelar pela segurança. Além disso, têm à disposição room service no quarto, tirando a necessidade de saída para compras ou até mesmo de pedir delivery. Em suma, nosso modelo de negócio veio de muito tempo, já adaptado à realidade do trabalho remoto, integrado a momentos de lazer. A parte poética da pandemia – que fez cada um repensar seu modo de vida, buscar o autoconhecimento, a aceitação de uma rotina com mais qualidade – nos mostrou a estabilidade desse conceito. Mais ainda, e de uma forma surpreendente, ilustra-nos um caminho de sucesso e estabilidade em um futuro próximo.

(*) Crédito da capa: Arquivo HN

(**) Crédito da foto: Divulgação/Selina