Fabio Kazuo - tres perguntasKazuo tem passagens pela Accor e Atlantica Hotels

Com 20 anos de experiência no mercado hoteleiro, Fabio Kazuo, gerente geral do Best Western Premier Maceió, tem um grande desafio pela frente: gerir o empreendimento na retomada em um destino muito dependente do transporte aéreo, que ainda se mostra lento no retorno de suas conexões.

Para Kazuo, esse não é um problema exclusivo em tempos de pandemia. A questão é uma velha conhecida dos hoteleiros da capital alagoana, que não faz parte do hub nordestino. “Mesmo nas épocas de altas demandas é algo que nos impacta, por não estarmos dentro das principais rotas comerciais das empresas aéreas”, explica.

Apesar das dificuldades, o gerente acredita na recuperação do turismo e na hospitalidade do trade no estado. “Em algum momento vamos ter a maioria dos hotéis voltando suas operações”, prevê. “O aumento da demanda que virá com a confiança deste viajante que será muito bem atendido pela calorosa atenção que o povo alagoano sempre oferece para nossos turistas”.

Formado em Administração com ênfase em Hotelaria, Kazuo também é pós-graduado em Controladoria e possui MBA em Gestão Estratégica e Inteligência Competitiva. Em sua carreira, possui passagens pela Accor, Atlantica Hotels e Best Western.

Três perguntas para: Fabio Kazuo

Hotelier News: O Nordeste tem um grande desafio com a redução da malha aérea. Como estão as demandas para os próximos meses?

Fabio Kazuo: De fato, um gargalo muito grande que o Nordeste sempre enfrentou é a questão da malha aérea. Digo isto, pois mesmo nas épocas de grandes demandas já é algo que nos impacta, por não estar dentro das principais rotas comerciais das empresas aéreas. Fatos como este são ainda mais percebidos em cidades que não são hub de conexão como é o caso de Maceió, Aracaju, João Pessoa, etc. Já desde março, quando todo o segmento de turismo parou com o advento da Covid-19, de forma natural todos os elos desta corrente foram se fechando ou operando de forma mínima como foi o caso das aéreas e hotelaria, porém alguns setores se viram obrigados e fecharam integralmente como o caso de restaurantes, barracas de praias dentre outros.

Neste tipo de cenário é comum que os turistas percam qualquer tipo de interesse em viagens a lazer, principalmente pelos medos e receios do cenário que estávamos passando.Foi notório a queda de procura e consulta para viagens a nossos destinos, momento em que a demanda sumiu. Com as liberações das fases e protocolos de segurança que estão sendo adotados pelos governos e também pelas empresas, percebemos o aumento gradual dos voos, assim como as consultas e procura pelos hóspedes para reservas futuras. As pessoas estão entrando em contato por todos os meios de comunicação que são disponibilizados. Inicialmente querendo saber se as praias e demais serviços na cidade já estão liberados e na sequência procuram saber quais os cuidados sanitários que os hotéis estão tomando. É nítido que ainda existe muito medo e receio por parte dos viajantes, porém esta percepção pode ser rapidamente revertida quando começarem a ver as postagens dos clientes reforçando que é seguro viajar. Com base neste tipo de movimentação, acredito que gradativamente vamos retomando a ocupação dos hotéis no Nordeste e acredito muito que a próxima temporada de verão será muito boa.

HN: De que forma o Best Western Premier Maceió vem trabalhando sua precificação e distribuição?

FK: Quanto a questão de preços, aqui no Brasil de uma forma geral, todos já aprendemos que a solução de baixar valores pode até gerar pequenos momentos de demanda muito pontuais, mas que ao final deixam sequelas muito mais complexas que requerem muito tempo, energia e investimentos para serem revertidos. Acredito que a maioria dos hoteleiros tenham aprendido esta amarga lição e não querem retornar a este mesmo erro. Neste sentido continuamos com nossa estratégia de preços que estão bastante alinhados com a realidade de nosso produto dentro do mercado de Alagoas e do Nordeste.

HN: Qual a sua impressão sobre as reaberturas que vêm acontecendo em massa? Para Maceió é o momento?

FK: Em Maceió, nunca houve a proibição de operação dos hotéis por parte do governo. Eles foram sensíveis na percepção de que muitos empreendimentos ainda tinham de manter sua operação pelos hóspedes que estavam na cidade, além de  outros segmentos corporativos que não pararam de operar em seus viajantes. O fechamento dos hotéis aqui ocorreu de forma voluntária, devido à baixa demanda. E hoje estamos com cerca de 37% da oferta já aberta operando com menos de 50% de sua capacidade. Acredito que em algum momento vamos ter a maioria dos hotéis voltando suas operações, mas este retorno deve ocorrer de forma proporcional a liberação dos voos e ao aumento da demanda que virá com a confiança deste viajante que será muito bem atendido, seja pela na calorosa atenção que o povo alagoano sempre oferece para nossos turistas e alinhado com a segurança dos protocolos de higiene que estão implementados.

(*) Crédito da foto: Arquivo pessoal