O mineiro Eduardo Zucareli tem um background profissional diferente da esmagadora maioria dos hoteleiros. Aliás, completamente distinto. Aos 39 anos, pai de Ricardo (oito anos) e Leonardo (quatro anos), o executivo há nove meses aventura-se no mercado de hospitalidade, após passagens pelos setores de bebidas, shoppings centers, cigarros e de aeroportos. Diferente mesmo, não? Nenhum pouco para a OYO Brasil, que aposta na multidisciplinaridade (de habilidades e de experiências) em seus cargos de liderança.

Amante de leitura, música (toca contrabaixo) e artes marciais, o vice-presidente de Operações da rede indiana já morou em 10 cidades brasileiras, em oito estados. No final do ano, vai aumentar ainda mais essa lista, mudando-se para São Paulo. Certamente um prato cheio para um dos seus mais recentes hobbies: pilotar drones. Filho de um engenheiro e de uma administradora, carrega no sangue características herdadas dos pais que o ajudam bastante no cotidiano profissional. “Sou bastante analítico e comunicativo”, assegura.

À frente das operações da OYO Brasil, tem suado bastante para planejar a retomada das mais de 450 unidades da empresa no país. Um desafio e tanto, mas que ele garante que as medidas tomadas até aqui serão benéficas para toda rede de hotéis parceiros. “Nosso objetivo é chegar cada vez mais a um modelo no friction (sem muito contato), algo já bastante pedido pelos nossos hoteleiros”, afirma Zucareli. Convidado de hoje (24) do Hotelier News, ele ainda falou sobre outros planos da rede indiana. Confira abaixo.

Três perguntas para: Eduardo Zucareli

Hotelier News: Protocolos, segurança e higiene… Em termos operacionais, talvez não haja outro assunto nessa retomada. Além do selo, o que a OYO Brasil está fazendo para certificar que os hotéis parceiros estão em linha com as diretrizes estabelecidas?
 
Eduardo Zucareli:
O selo de Limpeza Certificada é apenas parte de todo o esforço que temos feito. O combate à Covid-19 inclui várias outras frentes, as quais têm o comprometimento de todos os times internos focados em fazer a hotelaria independente do país retomar de forma sustentável. Para garantir que os hotéis sigam as diretrizes estabelecidas, criamos um Manual de Procedimentos, desenvolvemos treinamentos, estimulamos acesso a webinars de diversos temas, fazemos auditorias, além de aplicação de provas para os funcionários dos hotéis, que somadas aos feedbacks dos hóspedes nos permite uma visão mais holística do cuidado tomado por cada unidade. Identificamos que a ocupação dobrou em propriedades que já adotaram o selo, em comparação com as que ainda não o têm, assim como as notas dos hóspedes que aumentaram 0.30. Esses resultados nos mostram que estamos no caminho certo e que a OYO está preparada para receber consumidores que procuram por estadias seguras e responsáveis.

Três perguntas para - Eduardo ZucareliZucareli já morou em 10 cidades e aumenta essa conta até o final do ano  
 
HN: Uma das vantagens de redes internacionais é que podem ter referências do que foi implementado no exterior. Ainda assim, existem questões culturais que atrapalham ou até inviabilizam a adoção em outras praças. O que a OYO Brasil já percebeu que operacionalmente funciona no exterior e não aqui?

EZ: Um dos desafios, sem dúvida, é a realidade tributária, que é mais complexa do que em outros países que a OYO opera, refletindo diretamente na estrutura dos sistemas. Em outros países é mais comum que os hoteleiros vejam um relatório na visão competência. Já no Brasil, o hoteleiro independente prefere seus relatórios na visão caixa. Todas essas pequenas diferenças, no final do dia, levavam-nos a gerar relatórios mais complexos. Então, para mitigar possíveis dúvidas, estamos desenvolvendo alterações sistêmicas e adotando um layout e linguagem mais simples nos relatórios, adaptando-o à preferência do hoteleiro brasileiro.
 
Quanto aos benefícios, apesar das diferenças culturais, vejo o comportamento do consumidor como uma grande oportunidade, e temos aprendido muito nesse sentido. Acredito que os hábitos têm algumas similaridades, especialmente com os hóspedes da geração Millenial e da geração Z. De forma geral, eles querem praticidade e, geralmente, conectada à tecnologia e atentos ao custo-benefício, algo que o nosso sistema de precificação inteligente oferece – e que considero que estamos bastante evoluídos.  
 
HN: Após as mudanças recentes na empresa, que está mais enxuta, como está sendo coordenar toda operação da rede? Quais os principais desafios?
 
EZ:
Em função da crise, veio a necessidade de nos reinventarmos. Substituímos a atuação dos agentes de campo, transformando-os em agentes de operação remota, distribuídos por células especialistas, que possuem foco, autonomia e conhecimento necessário para resolver assuntos de média complexidade em tempo reduzido. Além disso, estudamos quais procedimentos poderiam ser automatizados, para dar mais autonomia aos hoteleiros, por meio dos nossos sistemas, tornando o processo mais eficiente e ágil, sem que haja a necessidade dos hoteleiros entrarem em contato com a OYO para resolução de problemas simples. Nosso objetivo é chegar cada vez mais a um modelo no friction (sem muito contato), algo já bastante pedido pelos nossos hoteleiros.

(*) Crédito das fotos: Divulgação/OYO Brasil