De volta à sessão Três perguntas, Eduardo Giestas, CEO da Atlantica Hospitality International, falou um pouco sobre o momento atual da empresa, o impacto da segunda onda nos negócios e a situação atual do caixa (da rede e dos hotéis) e próximos passos da empresa. Além dos olhos voltados ao Brasil, a expansão da companhia também visa outras frentes, como o residencial com serviços e o trabalho no lazer.

Agora com a Atlantica Residence, Giestas tem a missão de coordenar o desenvolvimento deste produto e continuar com saldo positivo na hotelaria tradicional. Veja o que conta o CEO sobre as mudanças do consumidor e as ações daqui para frente.

Três perguntas para: Eduardo Giestas

Hotelier News: Como está a saúde do caixa atualmente? O que se espera de receita para 2021? Existe prognóstico de recuperação?

Eduardo Giestas: A Atlantica Hospitality deve ter, neste ano, receita equivalente a 70% do que foi registrado em 2019. É um número positivo e que deve ser composto por resultados esperados para o segundo semestre de 2021. A flexibilização das restrições na maioria dos estados, unida à vacinação em massa da população, são os motivos principais para acreditar em índices melhores. Por outro lado, a demanda retida no primeiro semestre deste ano não deve ser compensada. Até por isso, fecharemos o ano abaixo do orçamento planejado.

Para que a recuperação aconteça em 2022, nossas ações serão voltadas totalmente ao semestre que entramos há um mês. O trabalho será lidar com os desníveis da diária média, além de focar em segmentos como lazer, no qual os resultados são melhores – a exemplo do RevPar dos empreendimentos da Atlantica no Nordeste.

As outras estratégias incluídas por nossas equipes são equacionar o caixa, ficar atentos às linhas de financiamento, pensar em situações de recuperação tributária e manter a confiança do acionista em nosso trabalho. No geral, a recuperação do caixa dos hotéis, o que demanda equações caso a caso, também é um dos grandes objetivos ainda neste ano.

HN: Quais são as perspectivas para o segundo semestre de 2021? No que essa opinião se baliza?

EG: Em razão do caráter corporativo da hotelaria, São Paulo é um dos destinos que tem mais sofrido com ocupação, em contraponto ao lazer, praticamente recuperado na maioria dos destinos. Isso só nos leva a crer que o corporativo e Mice ainda precisam de tempo, principalmente pelo impacto de uma segunda onda longa e intensa. Será preciso minimizar custos e gerenciar estas unidades especificamente.

Como disse, esperamos que a imunização populacional dê mais confiança aos consumidores para viajarem e se hospedarem. O fato do comportamento do consumidor com a pandemia em 2021 não ter sido tão reativo, ou seja, ninguém se trancou em casa imediatamente, faz com que o horizonte seja mais positivo. Isso aconteceu porque todos já conhecem a doença e entendem, mesmo que basicamente, como ela opera. Para o futuro, a esperança é que o meio corporativo e de eventos também consiga retomar essa certeza da retomada.

HN: O que motivou a entrada da Atlantica Hospitality no segmento de residenciais com serviços? O que esperar para o futuro dessa vertente adaptada pela rede?

EG: Os residenciais com serviços são unidades dinâmicas e que servem de alternativa para mercados como o Brasil, que são carentes de oferta de hospedagem. É uma forma ágil e orgânica de trabalho, com operação facilitada e flexível, oferecendo desde a curta estada (short-term rental) até média e longa (medium e long-term rental).

A ideia de entrar neste meio, então, surgiu há dois anos, quando já tínhamos detectado um movimento nessa direção no exterior, principalmente nos Estados Unidos e Europa. Sendo assim, nos espelhamos em duas noções básicas para encarar esse desafio: a primeira é de que o residencial com serviços é uma tendência internacional que amplia a oferta (mercados mais evoluídos) e, em seguida, a ideia de competir com empresas que oferecem um produto parecido.

No final das contas, é claro que não será como a hotelaria tradicional. Mesmo assim, não vemos como um segmento que chega para “roubar” clientes, mas para fazer com que ele experimente um novo produto, diferente dos hotéis da Atlantica Hospitality, e veja as diferenças. Será uma troca de experiências e aprendizados com o setor hoteleiro convencional, na qual ambos os lados aprendem com o que tem de melhor: o residencial apresenta a facilidade e agilidade, enquanto o hotel mostra o diferencial da hospitalidade profissional.

Em cinco anos, o plano é que a Atlantica Residences ocupe entre 20% e 25% da receita total da companhia. É uma parcela importante, o que mostra o quanto acreditamos nesta forma de trabalho e no consumidor millenial, nosso principal foco nesta modalidade.

(*) Crédito da foto: Divulgação/Atlantica Hospitality