Após entrevistas com Felipe Riemma, Dijalma Boa Sorte e Gabriel Benigni, a série Três perguntas para encerra as participações dos profissionais do Grande Hotel São Pedro com Danilo Svazati. Descendente de italianos e natural da própria cidade de São Pedro, o gerente administrativo teve toda a sua formação profissional construída no hotel-escola do Senac.

Formado em Ciências Contábeis e pós-graduado em Controladoria e Finanças pelo Centro Universitário – Águas de São Pedro, Svazati é também técnico em informática – curso que realizou ainda na adolescência em paralelo ao Ensino Médio.

O profissional de 37 anos ingressou no Grande Hotel aos 18, como auxiliar administrativo, em 2002. Durante 10 anos atuou como assistente de gerência do departamento e, no início de 2021, assumiu o cargo que hoje ocupa.

Três perguntas para: Danilo Svazati

Hotelier News: De que forma o Grande Hotel São Pedro buscou manter seus funcionários motivados perante a crise? Programas de incentivo e apoio psicológico foram implementados?

Danilo Svazati: Com a chegada da pandemia, o isolamento social foi necessário para conter a transmissão. O hotel precisou ser fechado, conforme determinação dos órgãos competentes e naquele momento, não tínhamos ideia de quando poderíamos retornar. A situação, sem dúvida, impactou o emocional de todos, mas, nós, do Grande Hotel, agimos rapidamente com ações para apoiar toda nossa equipe.

Uma das primeiras medidas tomadas foi a garantia dos empregos. Reunimos todos os nossos funcionários e os deixamos tranquilos com relação a esse assunto. Além disso, antecipamos as férias do nosso pessoal para que ficassem em casa protegidos e perto de seus familiares. Assim que foi possível iniciar o retorno para o hotel, implementamos um rodízio de trabalho para manter o menor número de pessoas circulando no complexo. Também iniciamos um ciclo de treinamentos diversos de capacitação, inclusive os relacionados às novas práticas para a reabertura, de acordo com os protocolos de segurança. Durante esse período, e ainda hoje, disponibilizamos o programa “Psicologia Viva” que, em parceria com nosso convênio médico, garante apoio psicológico aos nossos colaboradores em caso de necessidade.

HN: Quais os principais ajustes financeiros que o empreendimento adotou? Muitos cortes de custos foram feitos?

DS: Elaboramos o planejamento financeiro e orçamentário sempre no ano anterior ao vigente, assim, com o forecast realizado e a constatação de um fluxo de caixa estabilizado para enfrentar esse período de dificuldades, concentramos os esforços em duas frentes: a redução dos custos fixos e minimização das perdas. Várias ações foram tomadas nesse sentido e destaco algumas: renegociação de todos os contratos que haviam possibilidade para tal ação. Com a operação praticamente a zero, foi possível contando com a parceria e compreensão de nossos prestadores de serviço, reduzir esses custos em até 80% durante o período de pandemia. Também conseguimos negociar com nossos fornecedores devolução de itens estocados e que não seriam utilizados no curto prazo, ficando assim com crédito para futuras aquisições. Outra ação que realizamos para minimizar perdas foi a concessão de cartas de crédito com validade estendida em relação ao prazo habitual aos nossos clientes que tinham reservas já pagas.

HN: Dentre os setores que estão sob sua gestão, qual foi o mais complexo para lidar durante a pandemia e porquê?

DS: Já passamos por muitos desafios dentro do setor e na sociedade como um todo, mas nunca tivemos nada parecido como o que todos estão passando hoje por conta da Covid-19. No âmbito empresarial, a área de Recursos Humanos é, sem dúvida, a primeira a sofrer as consequências, seguido pelos impactos financeiros. Lidar com as incertezas do período e a gestão de expectativas dos colaboradores foi bastante desafiador. No quesito finanças, quando falamos especificamente de custos, entender o que pode ser cortado e de que forma isso deve ser feito também foi complexo. Não poderíamos reduzir manutenções de equipamentos ou áreas que são essenciais ao bom funcionamento do complexo. Pelo contrário, tínhamos que aproveitar o período de inatividade para realizar ações que teríamos grande dificuldade de implementar com a operação em andamento. Mas, sem dúvida, acredito que todas as decisões tomadas foram corretas e todo o esforço acabou se convertendo em um período também de muito aprendizado, principalmente na revisão de processos e otimização de recursos.

(*) Crédito da foto: Divulgação/Grande Hotel São Pedro