Paulistano do bairro da Casa Verde, na Zona Norte da cidade, e desde que se casou com sua atual esposa, Claudio Schapochnik, conhecido no trade por Schapo, mora com ela e um casal de enteados na Vila Romana, na Zona Oeste. Jornalista formado pela PUC-SP em 1993, tem 51 anos e diz ser orgulhoso da sua herança israelita e sua condição de judeu.

“Sou o caçula de quatro irmãos e, infelizmente, meus pais, Edison (foi um maravilhoso pai e médico pediatra) e Eva (foi uma maravilhosa mãe; dona de casa e uma excelente cozinheira), já morreram. Amo escrever, fazer amizades, ler, sobretudo livros (história, reportagens e biografias), ver filmes e programas de culinária e turismo gastronômico, viajar e fotografar grafites — faço isso desde 1986 no Brasil e no mundo e fiz algumas exposições.

Sobre gastronomia, Schapo adora comer. “Sou anticoentrista (já provei coentro e não “desce”), sou pimenteiro (quanto mais saborosa e ardida, melhor) e amo arenque, massas, falafel, cebola, salmão, carnes, embutidos, mostarda, pizza, alho, folhas, legumes, frutas, maionese, rámen, gengibre, picles, atum, pão e arroz com feijão, só pra citar alguns exemplos”, conta.

No tema de viagem, ele diz adorar sol e calor, mas prefere o temperado/frio. Adora praia, mas prefere a montanha e as cachoeiras.

“Na música sou eclético: de Elis Regina, Guns N´Roses, Milton Nascimento e Bach, passando por Adoniran Barbosa, Caetano Veloso e Arrigo Barnabé, até Gal Costa, Frank Sinatra, Gilberto Gil, Pet Shop Boys e Olivia Newton-John”, exemplifica.

Schapo se coloca a favor da democracia, sempre pelo bom senso e acredita na educação. “Faço muito uso do “por favor”, “obrigado” e “bom dia/tarde/noite” — infelizmente cada vez mais pouco usadas pelas pessoas. E adoro a expressão muito usada nos brindes: L´Chaim, “à vida”, na tradução do hebraico para o português. Ou seja, você se confraternizando ou celebrando com uma ou mais pessoas e, ao mesmo tempo, agradecendo a Deus pelo dom maior da vida”, diz.

Confira abaixo, a entrevista com o Schapo, onde ele fala sobre a parceria com o Hotelier News e também a respeito da gastronomia dentro dos hotéis e sobre a hotelaria! Boa leitura e L´Chaim!

Três Perguntas para: Claudio Schapochnik

1) Hotelier News: Como surgiu essa parceria editorial com o Hotelier News? Quais são os planos para ela?

Claudio Schapochnik: A parceria surgiu por uma iniciativa do CEO e fundador do Hotelier News, Peter Kutuchian, em comum acordo com o editor-chefe do site, Vinicius Medeiros. O Peter me ligou e explicou o objetivo desta parceria que, entre outros aspectos, visa mostrar sobretudo ao hoteleiro a importância do setor de A&B para o bem estar do hóspede e como uma importante fonte de receita e reconhecimento do meio de hospedagem por parte também do público.

Mas como fazer isso? Por meio da publicação de meus textos autorais no QUE GOSTOSO! com as visitas aos restaurantes de hotel ou não no “HN” e a publicação de textos do “HN” no meu site.

Isso já ocorre há alguns meses e estou muito satisfeito, mas o futuro reserva outras iniciativas, digamos, fora do âmbito das resenhas gastronômicas.

Vamos investir na criação de eventos onde a gastronomia, no mais amplo sentido que a área possa atingir, seja a cereja do bolo. Há comportamentos alimentares que estão aí há muito tempo e cada vez ganham mais seguidores. E a indústria hoteleira tem de estar mais atenta a isso. Alimentação vegana, serviços específicos como kosher e halal (normas alimentares que atendem às religiões judaica e islâmica, respectivamente), comida sem glúten e com menos sal e açúcar, por exemplo, estão cada vez mais presentes no cotidiano. Isso precisa ser entendido como respeito aos clientes e como novas fontes de receita.

Há outro fator importantíssimo: cada vez mais o produto feito de modo artesanal, com receitas antigas e/ou atuais, por pequenos produtores do campo ou da cidade, ou de determinados terroirs têm sido valorizado pelos consumidores. Eles querem saber ainda quem faz e as histórias por trás. Nesse campo, alguns hotéis já viram o potencial e colocam alguns desses produtos (para comer ou beber) na mesa. No Sunday Brunch, do Grand Hyatt São Paulo, me surpreendi ao ver os deliciosos queijos artesanais da marca Pardinho, da cidade homônima no interior paulista. Palmas! As pessoas querem ver mais produtos assim na mesa. E estão dispostas a pagar por isso também.

Então, a parceria do “HN” com QUE GOSTOSO! visa aproximar esses dois segmentos: os produtores e os meios de hospedagem. Nosso objetivo é fazer eventos para uni-los, para municiá-los de informação. Esperamos realizá-los a partir de 2022. Acho que serão iniciativas ímpares e de muito valor agregado.

2) HN: Para alguns hoteleiros, a área de A&B ainda é vista como um mal necessário na operação. O que você pensa sobre isso?

Schapo: Acho um tremendo equívoco. Vejo por experiência própria: quando me hospedo penso numa boa localização, quarto limpo com cama boa e banheiro com ducha gostosa, bom wifi e alimentação. Meu dia sempre começa com o café da manhã. E se chego tarde de um evento ou não quero me deslocar pra jantar, o meio de hospedagem tem de me oferecer um lugar pra comer ou o serviço de quarto. No entanto, algumas vezes — quem nunca? —, trago alguns itens do mercado pra fazer aquele lanchão no quarto.
Ok, a questão da comida entregue por aplicativo, modalidade absolutamente acelerada pela pandemia de Covid-19, mudou o cenário da alimentação não apenas nos meios de hospedagem, mas nas casas das pessoas.

Não tenho bola de cristal, mas acredito que, quando a pandemia acabar — que seja breve, ninguém quer mais ver gente morrendo e a quebradeira na economia —, esse “boom” das entregas por app vai diminuir.

Também na pandemia vimos ainda o crescimento das “dark kitchens”. O hoteleiro pode seguir nesse caminho: faz um acordo e passa a gestão da cozinha do hotel, incluindo aí os profissionais, para quem atua nesse segmento. A receita continua a entrar e, ainda por cima, dependendo do acordo, vai poder atender também os hóspedes e o público. É uma saída? Pode ser que sim.

Historicamente, o meio de hospedagem nasceu para oferecer cama e comida. Quer dizer, a alimentação “in loco” está no DNA da hotelaria. Os anos vão passar e acredito que isso não via mudar tão cedo.

3) HN: Você cobre há muitos anos o setor hoteleiro. Por isso, gostaríamos de ouvir de você quais as principais transformações que você viu no setor e como você aposta que será à hotelaria do futuro.

Schapo: Eu adoro trabalhar jornalisticamente o segmento da Hotelaria por várias razões: aprendo sobre uma variedade de temas (desde revenue management, passando por construção e paisagismo até gastronomia e marketing), entrevisto profissionais e empreendedores fantásticos com suas histórias fascinantes, visito e, quase sempre, me hospedo em estabelecimentos desde uma pousada até um resort. Escrever sobre tudo isso é um privilégio.

Entre as principais transformações ocorridas no decorrer das décadas no setor, acredito que sejam, entre outras, na formação profissional e tecnologia.

Nada contra as pessoas que atuam na hospitalidade sem formação (técnica ou universitária) pois, quase sempre, elas têm o dom e o “feeling” da arte de atender, mas o estudo formal, a vida acadêmica e os professores, muitas vezes com experiência de mercado, fazem bastante diferença.
Em relação à tecnologia, nossa! A transformação trazida pelos sistemas de gerenciamento/reserva e pela internet é gigantesca, só pra citar essas duas áreas. Por exemplo, alguém usa já há algum bom tempo o telefone do quarto? Só se for pra falar com a recepção ou pedir o room service, não é mesmo? Todos usam o Whats App ou outro sistema no celular. Antes, pelo menos no meu caso, usar o telefone no quarto era apenas numa emergência e falar super pouco — sobretudo se estando no Exterior, devido à tarifa.

E o fato de um pequeno hotel ou pousada, no meio do Pantanal (MS/MT) ou na Serra da Canastra (MG), poder ser acessada e reservada em todo o globo? Isso é fantástico!

O que vem pela frente, uau… Acredito que, cada vez mais, a tecnologia vai continuar transformando o segmento. Nesse sentido, acho que a inteligência artificial terá forte presença em diversas áreas e a setor de “facilities” vai aplicar conceitos cada vez mais avançados na gestão de energia e sustentabilidade.

Na área de A&B, acredito que cada vez haverá a utilização de insumos vindos de pequenos produtores e de “terroirs” específicos, como da Serra Gaúcha, Chapada Diamantina e Mantiqueira por exemplo.

Mas o que não deve mudar, eu espero, é a verdadeira dedicação do profissional no atendimento — desde o chef que me atendeu tirando o coentro do ceviche até o recepcionista que me trouxe o saca rolhas no apartamento, por exemplo.
O cerne da Hospitalidade é humano por excelência. Que assim continue, amém!

(*) Crédito da foto: arquivo pessoal/Claudio Schapochnik.