Natural de Santiago, Christian Mansfeld é apaixonado por hotelaria e gastronomia desde criança. De família descendente de alemães, seu avô foi um dos primeiros imigrantes a desembarcar no Chile, ao final do século XIX. Aos 58 anos, o gerente de A&B (Alimentos & Bebidas) do Buona Vitta é também um esportista. Suas atividades preferidas são esquiar, jogar tênis e pedalar.

“Já pedalei por várias metrópoles como Nova York, Montreal, Vancouver, Amsterdam, Santiago e Havana. No dia a dia, meu hobby é escutar minha coleção de vinil, com sons da década de 70”, revela Mansfeld.

O profissional estudou Hotelaria no Chile e ainda muito jovem chegou ao Brasil. Foi morar em Ubatuba (SP), onde aprendeu a surfar e falar português. Seu primeiro contato com a hotelaria brasileira foi como assistente de maître, no Novotel Morumbi. “Em seguida, fui para Manaus como primeiro maître do Tropical Hotel. Tive a oportunidade de recepcionar importantes celebridades, como a princesa Carolina de Mónaco e Stefano Casiraghi, entre tantos outros”, conta.

Na Europa, assumiu o posto de chef no Hotel Karolinger Hof, na Alemanha. Em meados dos anos 90, Mansfeld retornou ao Chile para ocupar o cargo de gerente de Banquetes do Hyatt Santiago e, posteriormente, de gerente de A&B do Ouro Minas, em Belo Horizonte. “Também fiz a abertura do Ritz-Carlton Santiago e fui diretor de Operações do Valle Nevado”, acrescenta.

Em seu currículo, ainda possui passagens pelo Meliá Havana, Bourbon Atibaia, Atlantica Hospitality International e Golden Tulip. “Ser diretor corporativo de A&B da Atlantica foi um dos meus maiores desafios. Tive a oportunidade de participar de 21 aberturas e muitos outros projetos, onde criei marcas e conceitos gastronômicos para cada hotel”, relembra.

Após uma temporada no Havaí, Mansfeld retornou ao Brasil em 2020 para fazer a assessoria gastronômica do Pratagy Beach Resort e assumir a gerência do Dom Milo, restaurante do Buona Vitta.

Três perguntas para: Christian Mansfeld

Hotelier News: O Dom Milo é a vitrine da gastronomia do Buona Vitta e tem vida independente. Qual a expressividade do público externo para o restaurante? É uma fatia que pesa no faturamento final?

Christian Mansfeld: Sem dúvida, ao ter vida independente, a responsabilidade financeira é grande, mas o Dom Milo também agrega muito valor à experiência de hospedagem. Um valor intrínseco, difícil de mensurar, onde o restaurante joga um papel fundamental. O café da manhã é a carta de apresentação do Buona Vitta e, apesar de se tratar de um restaurante novo, proporciona experiências gastronômicas cada vez maiores aos gramadenses. Esta temporada será a primeira do Dom Milo e as expectativas são altas.

HN: O Varanda Toscana é uma aposta da Gramado Parks para promover experiências gastronômicas dentro do resort. Quais outros produtos vêm sendo pensados para atrair o público? O que o gramadense e os visitantes podem esperar?

CM: O Varanda Toscana representa a alma do Don Milo, mostrando a gastronomia da Toscana em um ambiente único. Nesta temporada de inverno, implantaremos o Pastamania — uma festa italiana que acontecerá às quintas-feiras — na qual teremos a presença de renomados chefs na cozinha show como convidados especiais.

A Távola dello Chef também é uma experiência gastronômica planejada para um número limitado de convidados. A cozinha autoral será o destaque que a Bottegga do Dom Milo apresentará. A Festa do Gelato e a feira de produtos locais são outras novidades que anunciaremos para a segunda metade do ano.

HN: Em outra entrevista, você afirmou que o principal desafio do setor é fazer com que os hotéis respirem gastronomia. Por que? Quais os empecilhos que barram essa sinergia?

CM: Sem dúvidas, a gastronomia é a alma do hotel. Sem A&B, o empreendimento é como um corpo sem alma. Muitas vezes encontramos desenhos arquitetônicos em que o restaurante fica localizado com difícil acesso, no subsolo, num mezanino ou fora do fluxo de hóspedes. Esse é um grande empecilho. Eu coloco como exemplo o dutty free do aeroporto, que tem um fluxo inteligente, em que obrigatoriamente o passageiro deve passar por ele antes de embarcar. É isso que deve acontecer nos hotéis, o restaurante ou bar deve ser um lugar de caminho ao seu apartamento ou simplesmente a recepção ser o bar do hotel.

(*) Crédito da foto: Peter Kutuchian/Hotelier News