O Nordeste tem como tradição ser o berço de chefs de mão cheia e Benedito Oliveira não foge a regra. Natural do Maranhão, o comandante da cozinha do Grande Hotel Campos do Jordão chegou em São Paulo ainda criança e foi em terras paulistanas que descobriu o seu amor pela gastronomia.

“Como um típico nordestino, viemos em busca de condições melhores para nossas vidas. Comecei na área da gastronomia trabalhando em uma cozinha industrial e foi lá que me encantei com a profissão de cozinheiro”, conta.

Já atuando no setor, Oliveira foi buscar mais conhecimento nos estudos para aprimorar suas técnicas na cozinha. Em 2007, ingressou no curso básico oferecido pelo Senac em Águas de São Pedro. “Foram seis meses de curso prático dentro do Grande Hotel São Pedro”, relembra.

O chef logo mudou-se para a cidade com o intuito de cursar a faculdade de Gastronomia no Centro Universitário Senac, onde se formou anos depois. Para complementar, Benedito Oliveira ainda realizou cursos complementares, além de uma pós-graduação em Segurança Alimentar pela mesma instituição.

Três perguntas para: Benedito Oliveira

Hotelier News: Como vem sendo o processo de desenvolver menus e criar novos produtos gastronômicos no hotel

Benedito Oliveira: Procuro sempre levar em consideração algumas questões como: qual a proposta do menu, a expectativa sobre ele, quem é o público que vai degustar, onde esse menu será servido, se o espaço é aberto ou fechado – e também o número de pessoas que farão parte da experiência. Também analiso se a proposta exige um tema específico ou é um menu aberto, onde eu posso diversificar com todos os tipos de pratos possíveis dentro das opções regionais e culturais.

No Grande Hotel Campos do Jordão, por exemplo, estamos focando em experiências gastronômicas que resgatam as memórias afetivas. Um dos nossos propósitos é valorizar os produtos da Serra da Mantiqueira e o resultado são criações surpreendentes, com intuito dos hóspedes compartilharem momentos inesquecíveis ao redor da mesa.

HN: Com a chegada da pandemia, o setor de A&B foi afetado em sua entrega. Como manter a excelência da gastronomia diante de tantos protocolos?

BO: A excelência começa no respeito aos protocolos essenciais com os nossos clientes, além disso, é primordial garantir insumos de qualidade e ter uma equipe de profissionais focados em oferecer o seu melhor. Por ser um hotel-escola, já seguíamos os mais rígidos protocolos de segurança dentro das nossas cozinhas, o que fizemos foi deixar ainda mais explícito esses processos no contato com os hóspedes, para que eles se sintam seguros e tenham uma experiência gastronômica inesquecível com a gente.

HN: Este tem sido um dos momentos mais desafiadores para a hotelaria como um todo. O que você acredita que a pandemia deixará de legado para o setor de A&B?

BO: Essa pandemia deixará vários legados para a hotelaria. Se antes o cuidado com higiene e limpeza já era fundamental em qualquer hotel, agora ele será primordial. Tanto para os clientes, que se cuidam mais, como para os hotéis, que deverão ser cada vez mais transparentes com seus protocolos de segurança. Outro ganho será a personalização para os clientes. Quanto mais customizado, maiores as chances de um serviço bem feito, que contemple todas as necessidades e vontades da pessoa. Um atendimento exclusivo, com atividades sob medida, tendem a gerar mais confiança para atrair os hóspedes. Por exemplo, criar experiências individuais ou familiares/pequenos grupos usando espaços externos para atividades e propostas de menus que antes não eram tão valorizados, como o uso dos produtos regionais, são ações que com certeza continuaremos investindo cada vez mais. No hotel temos uma área verde que totaliza 440 mil metros quadrados, esses espaços nos permitem criar momentos únicos em meio à natureza, com muita segurança.

(*) Crédito da foto: Divulgação/Grande Hotel Campos do Jordão