Em meio a um mundo cada vez mais digitalizado, principalmente diante dos efeitos da pandemia, é necessário maior atenção à segurança digital. O volume de fraudes acompanha a expansão do e-commerce e o crescente uso de meios digitais de pagamento, ainda mais com a introdução do PIX como método instantâneo. Com as mudanças, as tentativas de golpes aumentaram 74% em 2021, de acordo com a ClearSale.

Segundo o estudo “Mapa da Fraude”, realizado pela empresa de soluções antifraude, foram mais de 375,5 milhões transações analisadas entre diferentes segmentos, que incluem e-commerce, telecomunicações e mercado financeiro. Os valores das tentativas somam R$ 5,8 bilhões, acréscimo de 61% em relação à 2020, que registrou R$ 3,6 bilhões.

De acordo com a matéria do InfoMoney, o e-commerce brasileiro bateu recorde em 2021 ao apresentar um faturamento de mais de R$ 161 bilhões, crescimento de 26,9% em relação ao ano anterior. Segundo levantamento do Neotrust, empresa de segurança e monitoramento de vendas online, o número de pedidos registrou alta de 16,9%, com mais de 350 milhões de entregas, enquanto o ticket médio atingiu o valor de R$ 450, aumento de 8,6% em relação a 2020.

“O que estamos observando é que as fraudes estão mais dinâmicas e sofisticadas e são feitas por quadrilhas especializadas que buscam brechas em sistemas de segurança ou na inexperiência de ingressantes. O nível dos criminosos vem aumentando. Aquela história de uma pessoa inexperiente aplicando os golpes não existe mais, o processo está ficando cada vez mais profissional”, diz Marcelo Queiroz, head de Estratégia de Mercado da ClearSale.

Os golpes também ocorrem no mercado financeiro, que entre as 35 milhões de transações relativas a bancos, corretoras e fintechs, analisadas, mais de 1 milhão foram fraudulentas. O que significa que, pelo menos 3,3% das transações do setor são de golpes envolvendo PIX, emissão de cartões e empréstimos pessoais, parcelamento e abertura de contas.

Quando fraudes mais ocorrem?

O “Mapa da Fraude” também trouxe informações sobre quando as ações mais ocorrem, em relação aos dias da semana, horários e meses. Confira o top 7:

Com base nesses dados é possível constatar que a maior parte das fraudes é realizada durante a madrugada, enquanto os dias da semana não demonstram diferença significativa. Entretanto, fica claro que o segundo semestre e principalmente novembro, mês da Black Friday, se destacam em relação às tentativas de golpe.

Principais golpes

Dentre os inúmeros e variados métodos de fraude existentes, os três mais comuns são:

Fraude Efetiva: o tipo mais comum e simples, que envolve clonagem de cartões, roubo ou vazamento de dados, etc. Também é conhecida como “fraude limpa”, pois os dados são verdadeiros, o que dificulta a identificação da ação fraudulenta.

Fraude Amigável: tem esse nome por se tratar de uma compra realizada por alguém próximo ao titular do cartão, como um familiar. Por não ter conhecimento, o dono do cartão não reconhece a compra e pede o estorno.

Autofraude: realizada pelo titular, que, com seus próprios dados bancários e pessoais, faz uma compra e, após receber o produto, finge que não reconheceu a compra e pede o estorno.

Para a execução de uma fraude efetiva, é comum que os criminosos utilizem o phishing, prática que envolve criar mecanismos de engenharia social para enganar uma vítima a conceder seus dados pessoais, podendo ser senhas, dados financeiros e bancários, números de cartões, ou informações pessoais. Esse tipo de golpe é muito recorrente no Brasil, que é líder mundial na prática, de acordo com um estudo realizado pela Kaspersky.

Como se proteger

Para evitar cair nessas armadilhas, é importante que o usuário sempre desconfie de links de origem desconhecida e propagandas de produtos e serviços a preços muito baixos. Evite senhas óbvias, sem dados pessoais, como datas de aniversário, e sempre com caracteres especiais e números, além de variar as senhas para diferentes sites. Para isso, é recomendável também a utilização de gerenciadores de senha, capazes de gerar senhas fortes e armazená-las de forma segura e prática.

Com a acelerada retomada do segmento de turismo e hotelaria, os fraudadores voltaram seus olhos para o setor. O investimento em segurança de dados, sistema antifraude e pequenas práticas de segurança podem reduzir bastante a margem de risco, além de ser uma oportunidade para incentivar uso maior de canais diretos.

(*) Crédito da foto: madartzgraphics/Pixabay

(**) Crédito da imagem: InfoMoney