Em maio, o setor de serviços do Brasil registrou recorde de criação de empregos, embora tenha apresentado  aumentos mais acentuados de preços em mais de 15 anos, segundo a Folha de São Paulo. A pesquisa da S&P Global revelou que o PMI (Índice de Gerentes de Compras) ficou em 58,6 no mês passado, recuo de 2 pontos frente a abril (60,6). Mesmo que o segmento tenha perdido força, a taxa permanece acima da marca de 50, que divide crescimento de contração e é a segunda mais rápida expansão desde maio de 2007.

O levantamento aponta que a retomada da demanda e de eventos após a pandemia, bem como políticas de estímulo, contribuíram para a manutenção do avanço. Pelos mesmos motivos, os novos negócios seguem aumentando pelo 13º mês, levando prestadores de serviço a buscarem expansão da capacidade e a contratarem novos funcionários. Com isso, a taxa de criação de vagas no setor foi a mais forte desde a primeira pesquisa, de março de 2007.

Alta de preços

Ainda que as notícias sejam boas, nem tudo são flores. Afinal, maio também foi marcado por aumentos recordes de preços, com a inflação de insumos apresentando ritmo sem precedentes. Os entrevistados citaram custos mais altos de energia, alimentos, combustíveis, mão de obra e materiais, com a força do dólar e guerra na Ucrânia como os principais fatores. Esse cenário levou os fornecedores de serviços a elevarem os preços, com a taxa de inflação geral batendo máxima pelo terceiro mês consecutivo.

“Com os preços também subindo no setor industrial, os resultados do PMI mostram aumentos sem precedentes tanto nos custos de insumo quanto nos preços cobrados no setor privado”, afirma Pollyanna De Lima, diretora associada de economia da S&P Markit. “Isso será preocupante para as autoridades dado que o aperto agressivo da política monetária falhou até agora em conter as pressões de preços causadas por limitações da cadeia de abastecimento, volatilidade dos preços de energia e a guerra na Ucrânia”, completa.

Perspectivas

Quanto ao futuro, os empresários vêm demonstrando otimismo para os próximos 12 meses, com a taxa de sentimento positivo se fortalecendo para um pico em quase três anos, o que também vale para a hotelaria. Segundo a pesquisa, as empresas vêm se esforçando para atrair novos clientes e investimentos em campanhas, assim como algumas esperam a estabilidade dos preços.

Por conta da desaceleração do crescimento em serviços, o PMI Composto do Brasil caiu da máxima de 14 e meio de 58,5 em abril para 58,0 em maio. Mesmo assim, o índice é o segundo maior desde outubro de 2007, apoiada pelo desenvolvimento do setor industrial brasileiro, que atingiu o nível mais alto em oito meses.

(*) Crédito da foto: PhotoMIX-Company/Pixabay