Serviços tem primeira queda desde fevereiro, informa IBGE
11 de outubro de 2024O setor de serviços do Brasil, que impactou fortemente no PIB (Produto Interno Bruto) do segundo trimestre de 2024, registrou uma queda de 0,4% em agosto, marcando a primeira retração desde fevereiro, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Na reportagem do InfoMoney, mostra-se que o recuo ocorreu após uma alta de 0,2% em julho. No acumulado do ano, o volume de serviços cresceu 2,7% em comparação com o mesmo período de 2023, enquanto o acumulado dos últimos 12 meses apresentou crescimento de 1,9%, repetindo as taxas observadas nos meses anteriores.
Apesar da retração mensal, o setor de serviços ainda está 15% acima do nível pré-pandemia, em fevereiro de 2020, e apenas 0,4% abaixo do ponto mais alto da série histórica, atingido em julho de 2024. O desempenho do setor em agosto ficou abaixo das expectativas de analistas consultados pelo consenso LSEG, que previam uma alta de 0,2% na comparação mensal e 3,6% em relação ao mesmo mês do ano anterior.
Desempenho dos setores
Entre os cinco setores analisados, o IBGE aponta que apenas dois apresentaram queda. O segmento de informação e comunicação registrou retração de 1,0%, devolvendo parte do crescimento acumulado de 3,7% nos dois meses anteriores. O setor de transportes também apresentou uma redução de 0,4%, sua segunda queda consecutiva, acumulando uma perda de 2,0%.
Por outro lado, os serviços prestados às famílias e outros serviços mostraram crescimento. O primeiro avançou 0,8% em agosto, acumulando uma alta de 4,7% desde maio. O segundo, por sua vez, registrou um aumento de 1,4% no mês, com uma expansão acumulada de 1,7% entre julho e agosto. Já o setor de serviços profissionais, administrativos e complementares manteve-se estável, sem variação no período.
Ainda na série com ajuste sazonal, o índice de média móvel trimestral do volume de serviços apresentou crescimento de 0,4% no trimestre encerrado em agosto. Quatro dos cinco setores analisados tiveram crescimento, incluindo o de informação e comunicação (0,9%), serviços prestados às famílias (0,5%), outros serviços (0,5%) e serviços profissionais, administrativos e complementares (0,4%). Somente o segmento de transportes apresentou retração, com uma queda de 0,1%.
Atividades turísticas
O IBGE também expõe que o índice de atividades turísticas manteve-se estável em agosto (0,0%), após registrar uma queda de 0,8% em julho. Com isso, o segmento permanece 6,9% acima do nível de fevereiro de 2020, mas 0,8% abaixo do ponto mais alto da série histórica, alcançado em fevereiro de 2014.
Regionalmente, 11 dos 17 estados analisados apresentaram queda nas atividades turísticas. São Paulo e Rio de Janeiro lideraram essas retrações, com quedas de 0,8% e 2,1%, respectivamente, seguidos por Minas Gerais (-1,7%) e Pará (-7,9%). No lado oposto, o Rio Grande do Sul teve o maior aumento nas atividades turísticas, com alta de 8,0%, seguido por Santa Catarina (2,3%), Distrito Federal (2,1%) e Paraná (1,3%).
Na comparação com agosto de 2023, o índice de volume de atividades turísticas cresceu 2,6%, marcando o terceiro resultado positivo consecutivo.
Impacto no transporte de passageiros e cargas
No segmento de transporte, o volume de passageiros teve queda de 0,8% em agosto, após recuar 2,4% em julho. Com isso, o transporte de passageiros encontra-se 1,6% abaixo do nível registrado antes da pandemia e 23,9% abaixo do ponto mais alto da série, atingido em fevereiro de 2014.
Por outro lado, o transporte de cargas manteve-se estável (0,0%) em agosto, após registrar uma queda de 0,7% no mês anterior. Esse segmento permanece 32,6% acima do nível pré-pandemia, mas ainda está 7,7% abaixo do ponto mais alto de sua série histórica, registrado em agosto de 2023.
Perspectivas regionais e nacionais
O desempenho regional analisado pelo IBGE mostrou uma maior prevalência de retrações em agosto, com destaque negativo para os estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Mesmo com a retração mensal, o setor de serviços ainda apresenta crescimento no acumulado do ano e nos últimos 12 meses. No entanto, a expectativa de recuperação total ainda depende de uma retomada mais consistente nos setores mais afetados, como o de transportes e comunicação.
(*) Crédito da capa: Pixabay
(**) Crédito da foto: Lucas Seixas/Folhapress