Depois do Piauí, a série do Hotelier News sobre a retomada dos estados na hotelaria desembarca no Sergipe. Com a ABIH-SE (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis – Sergipe) atuante em meio aos pleitos do segmento, o presidente Antônio Carlos Franco não pensa duas vezes sobre a principal estratégia para superar a crise atual: vacinação em massa.

“Nós entendemos que a vacina é a única solução para o turismo em geral, seja regional, nacional ou mundialmente. Por isso, as perspectivas para 2021 são diretamente proporcionais ao números de pessoas vacinadas”, explica o executivo. Ele também citou a reedição do programa de redução de jornada e suspensão de contratos (BEm), confirmada para abril por Bolsonaro, como forma de preservar empregos no setor até o fim da pandemia.

Em resultados, os meios de hospedagem sergipanos tiveram uma redução considerada significativa desde março de 2020. A ocupação média em janeiro e fevereiro daquele ano era de 40%, mas o agravamento da pandemia tornou os índices ainda menores. Na visão de Franco, a retomada no Sergipe será lenta.

Entretanto, o único motivo pelo qual hotéis fecharam no estado foi um decreto governamental no início da pandemia, segundo o executivo. Hoje, o setor é considerado serviço essencial e opera com as restrições impostas pelo governo estadual. “A grande dificuldade da hotelaria por aqui é preservar os empregos. Em pesquisa interna, registramos mais de 500 demissões durante a pandemia “, afirma.

A estratégia para manter as operações e minimizar impactos, segundo o presidente da ABIH-SE, é adotar normas de segurança sanitária e trazer tranquilidade para colaboradores e turistas. Para isso, a entidade criou o selo “Hotel Seguro”, que elenca protocolos do gênero em um manual.

Em ações mais combativas, Franco afirmou que pleitos foram feitos, como pedido de postergação de IPTU e ISS na capital, Aracaju, além de pedir por uma linha de crédito no Banese e a redução de ICMS sobre energia elétrica no estado. “Até o momento, nenhum pleito voltado diretamente ao setor de hotelaria foi atendido”, confirma.

Sergipe: Del Canto Hotel

Como também é de costume, a visão – ainda mais – interna do setor é muito importante para entender ações e impactos. Por isso, a reportagem conversou com Daniela Mesquita, diretora geral do Del Canto Hotel, localizado em Aracaju.

De forma geral, a executiva pintou o cenário mais catastrófico para a economia do hotel em 17 anos de operação. Cancelamentos, demissão de 50% do quadro de funcionários e até o fechamento temporário do empreendimento. “É o pior período pelo qual passamos em todos estes anos de atuação na hotelaria da capital sergipana. O impacto na hotelaria foi direto e terrível, e sentimos nos primeiros dias”, diz.

Em janeiro de 2021, Daniela afirma ter percebido um movimento de retorno nas viagens, principalmente no lazer, mas que não se concretizou. “Tínhamos 50% de ocupação e uma queda de receita de 25% no primeiro mês de 2021, o que não consideramos tão ruim, dadas as proporções. Porém, o que aconteceu foi a piora da pandemia e os números caindo novamente”, conta.

Com predomínio do público corporativo no momento, a diretora do Del Canto cita que o Sudeste é o principal emissor na categoria. Os poucos hóspedes de lazer são de outros estados do Nordeste, num raio – determinado por ela – de até 700 km.

Depoimento sincero

Ao final da entrevista, Daniela não escondeu a insatisfação e incerteza com o que vem pela frente. Manter a operação e o trabalho a pandemia, nas palavras dela, tem sido como “matar um leão por dia” para o trade hoteleiro.

“Nosso principal desafio é sobreviver. Sinceramente, não estava preparada como diretora do hotel para vivenciar dias piores e tinha esperança de 2021 ser um ano de melhores resultados. Os turistas tinham voltado a viajar e Aracaju era um dos destinos escolhidos. É lamentável e angustiante demais, mas o que resta é seguir com fé por dias melhores e agradecendo”, encerra.

(*) Crédito da foto: Divulgação/Prefeitura de Aracaju