Localizado em Tatuí (SP), o Hotel Del Fiol observa a reação do mercado na cidade, mas faz planos de retomada cautelosos. Isso porque, hoje, a recuperação da demanda se dá de forma lenta. Ainda assim, durante a pandemia, o empreendimento manteve as portas abertas em todo momento, assim como os outros hotéis da cidade.

“Desde os primeiros decretos que saíram do governo de São Paulo, e ajustados pela prefeitura, houve o entendimento de que a hotelaria era um serviço essencial”, explica Fábio Vieira, gerente geral do Hotel Del Fiol. “Não foi um processo natural, mas com uma conversa ajustamos rapidamente e nenhum hotel da cidade foi fechado”, adiciona.

Segundo o executivo, que está há 25 anos no hotel, alguns ajustes foram feitos para operar o empreendimento, que teve que se adaptar à demanda. “A ocupação despencou após o dia 16 de março. Reduzimos a quantidade de aptos disponíveis para venda e ficamos operando com apenas 40 apartamentos dos 105 que possuímos. Hoje, 90% dos quartos estão liberados para a venda”, explica.

Ainda sem alcançar a taxa de ocupação pré-Covid, Vieira vê melhora gradativa desde o fim do período mais crítico da pandemia. “Tenho comigo quem não temos condições de comparar agosto de 2020 com o de 2019 ou de 2018. Os parâmetros mudaram de forma absurda”, aponta. “Agora, acho mais justo comparar com julho de 2020 para ter uma análise mais precisa. Dentro dessa ótica, estamos percebendo uma melhora mensal desde então”, revela.

Quanto ao caixa, o hotel já alcançou o ponto de equilíbrio – e graças ao auxílio do governo. “As MPs (Medidas Provisórias) nos permitiram afastar parte do time com suspensão de contratos e redução de jornada”, comenta. “Cabe lembrar também que as linhas de crédito, sobretudo o Pronampe, foram muito bem-vindas. Muito embora, houve certa dificuldade para acessar o programa nos bancos públicos e privados, que não tinham uma regra tão clara”, adiciona.

Hotel Del Fiol: o público da retomada

Atualmente, o hotel opera de forma enxuta. “Estamos mantendo a qualidade dos serviços e atraindo nosso público com um hotel completamente novo e estruturado em torno da temática musical”, diz o gerente. “Acreditamos que, a partir da saída oficial de vacinas contra a Covid-19, o mercado terá um viés de alta bem grande para os próximos anos”, estima.

Hotel Delfiol - retomada cautelosa_Fábio Vieira

Há 25 anos no hotel, Vieira faz projeções otimistas para 2021, principalmente com vacina

Em relação ao perfil da clientela, assim como na capital, Tatuí tem um público mais voltado para negócios. No entanto, há fatias menos expressivas de demanda ligadas ao turismo religioso e de aventura. “Não tivemos realidades diferentes de outros lugares no país. Com exceção do turismo religioso, que está completamente parado e sem perspectiva de retorno, o corporativo está retornando bem devagar. Já o de aventura tem alguns poucos eventos”, contextualiza Vieira.

Segundo o executivo, o público corporativo que frequenta o hotel mudou um pouco o comportamento. “Vimos crescer de forma clara os clientes pessoa jurídica nos últimos tempos. É um segmento que se sente obrigado a sair a campo para produzir. Pararam por algum tempo, mas têm de manter relacionamentos com clientes e fornecedores. Com isso, acabam chegando sem reservas no início da noite”, comenta Vieira.

Ele acrescenta que essa fatia de público está muito sensível a preço no momento. “No entanto, estamos mantendo nossos preços bem estruturados. Felizmente, não existe guerra tarifária na nossa região para os hotéis da mesma cesta competitiva”, finaliza.

(*) Crédito da foto: Divulgação/Hotel Del Fiol