Ainda que conservadoras, as expectativas do Selina para 2022 são as melhores possíveis. Nas palavras de Flávia Lorenzetti, a rede encerrou 2021 “bem, pensando no cenário atual, mas longe dos níveis pré-pandêmicos”. Em entrevista ao Hotelier News, a head do grupo hoteleiro para o Brasil afirma que a alta temporada foi de resultados positivos, mas ressalta que determinadas praças seguem com dificuldade de recuperação.

“O ano passado foi bom dentro de um contexto que não era favorável. Em destinos de lazer, tivemos uma performance acima do esperado, com uma ocupação mais positiva em relação aos grandes centros”, pontua a executiva.

Pedra do sapato de muitas redes e empreendimentos independentes, a diária média do Selina chegou a subir até 20%, dependendo da sazonalidade e do mercado em questão. “E, São Paulo, por exemplo, é mais sofrido. Já em propriedades de lazer conseguimos elevar as diárias”.

No primeiro trimestre, a empresa chegou a 70% de ocupação e comemora os números em constante crescimento. “Apesar da chegada da Ômicron, as pessoas não tiveram o mesmo comportamento de ondas anteriores. Mesmo sem as festas, o Carnaval veio forte. Florianópolis e Paraty foram os hotéis que mais se destacaram no período e Búzios também tem registrado bons indicadores”, observa Flávia.

Com um forte controle de custos, o Selina tem projeções conservadoras para 2022. Mantendo o pé no chão, a rede pretende realizar trabalhos internos para elevar as diárias nos próximos meses.

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Rede prevê até 4 aberturas este ano, revela Flávia

Cenário paulistano

As duas unidades da rede na capital paulista (Vila Madalena e Aurora) foram prejudicadas pelas restrições de experiências — marca registrada da companhia. “Tanto Vila Madalena quanto Aurora sentiram a falta de eventos e medidas de circulação. Desta forma, o ano inteiro de 2021 foi puxado para baixo. Também observamos uma forte debandada de pessoas para fora de São Paulo, o que gerou queda nas vendas”, avalia a executiva.

O fim da obrigatoriedade do uso de máscaras e o retorno de grandes shows e eventos voltaram a movimentar os empreendimentos. No fim de semana do Lollapalooza, por exemplo, a unidade da Vila Madalena chegou a 70% de ocupação, enquanto o hotel da Rua Aurora ficou na casa dos 50%.

Com o nomadismo digital em seu DNA, o Selina sentiu um aumento de pessoas em busca de espaços de coworking — o que reflete na recuperação das demandas corporativas.

Novas aberturas

Após a chegada do Selina a mercados como Foz do Iguaçu e Bonito em 2021, a rede fincou sua bandeira em Búzios, em janeiro deste ano. Sem citar novas praças, Flávia adianta que a previsão para 2022 é de inaugurar até quatro empreendimentos.

“A aceitação da propriedade de Búzios foi ótima. O hotel foi aberto em fases por conta da finalização da obra, mas conseguimos aproveitar a temporada e foi um sucesso. A unidade já está operando no estilo Selina de ser com atividades, práticas de yoga e coworking”, comemora a executiva.

Com um plano de expansão pautado em conversões e arrendamentos, o Selina tem parceria exclusiva com a Mogno Capital — empresa responsável por gerir fundos de investimentos. “Nossas conversões são feitas com o aporte que vem da Mogno. A empresa também indica hotéis que fazem sentido para nós e o Selina paga os aluguéis para o fundo”, explica Flávia.

Abertura de capital

Ainda este ano, o Selina deve entrar para o universo do capital aberto, por meio de SPAC (Special Purpose Acquisition Company), em parceria com a BOA Acquisition Corp. Em dezembro de 2021, a rede anunciou que espera alcançar um EBTIDA positivo no primeiro trimestre de 2023 e faturamento de US$ 1,2 bilhão até 2025.

A expectativa é que os fundos impulsionem a expansão global da rede, incluindo o Brasil, além de financiar investimentos em tecnologia. “Passamos pelo SPAC e, em junho, deve sair a concretização do IPO na bolsa de Nova York. O Brasil é um dos grandes motores do Selina na América Latina e os recursos certamente nos impactarão positivamente”, finaliza.

(*) Crédito das fotos: Divulgação/Selina