A Resorts Brasil, que discutiu tendências do setor em evento no fim do ano passado, apresentou recentemente a segunda edição do Radar Resorts Brasil. O relatório traz dados de performance, além de outras informações dos empreendimentos associados durante o último trimestre de 2021, auxiliando os resorts brasileiros na tomada de decisão. O documento foi produzido pela entidade, em parceria com a JLL, Review Pro, Senac e STR. As informações apontam que, no período, a taxa de ocupação registrada nos resorts brasileiros (50%) teve alta em relação a 2020, mas se manteve abaixo do percentual observado no ano pré-pandêmico, de 55%.

O documento aponta recuperação expressiva da ocupação frente a 2020, principalmente nos resorts de praia, que encerraram o ano com 59%, frente aos 62% observados em 2019. Nos empreendimentos de interior, a recuperação foi menos expressiva, subindo apenas cinco pontos percentuais (35%) em comparação a 2020 e caindo 29% quando comparado ao período pré-pandemia.

O TrevPar (receita por quarto disponível), por sua vez, permaneceu acima dos níveis de 2019 nos resorts de praia, com alta de 52%. Já nos de interior, houve queda de 3% no mesmo período.

“O Radar é um projeto estratégico da Resorts Brasil. Este importante projeto foi iniciado na gestão de Sergio Souza e é uma satisfação começar o ano dando sequência na publicação da segunda edição. Agradecemos aos associados que participaram dos projetos e contribuem para o crescimento mútuo”, afirma Marcelo Picka Van Roey, presidente da Resorts Brasil.

O relatório da entidade apresenta, também, indicadores macroeconômicos, com o desempenho do ano anterior e projeções para os próximos dois anos. Além disso, o levantamento também mostra o painel de retomada do setor de aviação no Brasil, que é vital para gerar demanda para muitos dos resorts associados. Esses fatores são importantes para avaliar, de forma geral, a situação do turismo.

O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), por exemplo, deve fechar o ano em de 5,15%, patamar inferior ao índice de 2021, que foi de 10,06%. Para 2023, a previsão é de que o indicador fique em 3,40%. “A previsão de crescimento econômico doméstico para 2022 é pouco significativa, tendendo à estagnação. A injeção de quase R$ 85 bilhões na economia brasileira pelo Auxílio Brasil não deve exercer influência direta na ocupação dos empreendimentos, devido a atingir um público-alvo não consumidor de resorts”, afirma Antônio Carlos Bonfato, professor do Senac-SP.

Em relação à aviação, tanto 2020, quanto 2021, ficaram atrás do ano pré-pandemia na soma dos passageiros domésticos embarcados. Em 2019, o número superou os 95 milhões e, em 2021, esse montante chegou a 62 milhões. A discrepância se mostra ainda mais evidente em relação à demanda internacional, que teve impactos significativos devido às restrições impostas à entrada de viajantes brasileiros em outros países. No ano passado, foi observado fluxo de mais de 4 milhões de passageiros, frente aos mais de 24 milhões em 2019. Ao todo, 32 países mantêm restrições fortes para brasileiros.

Outros indicadores

Além disso, o relatório da Resorts Brasil apresenta informações sobre a oferta existente e futura de empreendimentos. Neste recorte, a região Nordeste figura como o principal destaque, com 62 empreendimentos e 15.757 quartos. A região é seguida de perto pelo Sudeste, com 32 resorts e 7.072 UHs. Atualmente, o Brasil possui 124 resorts ativos, totalizando mais de 29 mil acomodações.

Quanto à oferta futura, foram identificados seis projetos em desenvolvimento, sendo quatro em praias do Nordeste. Destes, três (1.014 quartos) têm previsão de abertura para este ano e um (405 quartos) deve inaugurar em 2023. Além deles, também foram mapeadas propriedades no interior do Centro-Oeste e do Sudeste, que devem entrar em funcionamento ainda em 2022.

O último indicador diz respeito à reputação dos resorts. Neste, o percentual de avaliações por parte dos hóspedes se manteve acima dos 90% nos três anos. “Podemos observar que, mesmo com a pandemia, com hóspedes mais rigorosos em relação às hospedagens, conseguimos manter um alto nível em avaliação em termos como limpeza e satisfação geral. Outro ponto a ser observado é o aumento do número de avaliações em 2021 em relação a 2020, o que indica que o movimento tem voltado a subir, mas ainda não atingiu o número de avaliações de 2019”, finaliza Ana Biselli Aidar, presidente executiva da Resorts Brasil.

(*) Crédito da foto: Lucas Barbosa/Hotelier News