Ao que tudo indica, é o fim de uma era. Sem receber hóspedes desde domingo (5), o Maksoud Plaza deve encerrar suas atividades de maneira definitiva, mas deixa um legado na hotelaria paulista e nacional. Isso porque, depois de anos brigando na Justiça, a família fundadora desse ícone de São Paulo chegou a um acordo com o empresário Fernando Simões, que arrematou o empreendimento em leilão ocorrido em 2011. Simões é fundador da Simpar, holding que controla a JSL (Júlio Simões Logística) e a Movida, entre outros negócios.

Uma reunião agora pela manhã comunica os funcionários da troca de comando, apurou o Hotelier News. Desde ontem, a reportagem tenta – sem sucesso – contato com a Simpar, empresa sediada em Mogi das Cruzes (SP), para saber qual destino será dado ao imóvel, uma joia da arquitetura paulista de Paulo Lucio de Brito. Pelo que vem se falando no mercado, a propriedade poderá ser transformada em um hospital. Especula-se, inclusive, que uma grande rede privada de saúde já teria acordo com os novos proprietários.

Desde a semana passada, o Maksoud Plaza já havia fechado os canais de distribuição, impossibilitando novas reservas, e negociava para transferir eventos já agendados para outros empreendimentos na capital paulista. Em paralelo, fornecedores também estavam sendo comunicados um a um sobre a interrupção das atividades.

A cronologia

Em dificuldades financeiras, o Maksoud Plaza foi a leilão em novembro de 2011 em função de dívidas trabalhistas. Mesmo avaliado em R$ 140 milhões na ocasião, o empreendimento foi arrematado por  Simões pelo mínimo de R$ 70 milhões – em lance único e sem concorrentes.

Começou ali, naquele mesmo dia, uma guerra de versões e liminares. Na ocasião, a direção do Maksoud Plaza alegava que o leilão havia sido realizado em função de uma dívida trabalhista liquidada no valor de R$ 326 mil. O TRT-SP (Tribunal Regional do Trabalho), por sua vez, informava que o processo que levara ao leilão envolvia, além dessa ação judicial, outras 19 execuções da Hidroservice, somando mais R$ 16 milhões, informa matéria do G1 à época.

Pouco antes, em setembro de 2011, a direção do Maksoud Plaza informara que o leilão de um imóvel de seus proprietários arrecadou R$ 37 milhões, suficientes para pagar as dívidas. Em resposta, o TRT-SP dizia que a propriedade em questão não havia sido arrematada à vista e apenas R$ 13,7 milhões haviam sido quitados até aquele momento.

Outras idas e vindas na Justiça colocaram em lado opostos as duas partes (Maksoud Plaza e Fernando Simões) ao longo dos últimos 10 anos, até que a pandemia os reaproximou. Em dificuldades financeiras, com elevadas dívidas e com um pedido de recuperação judicial solicitado na Justiça em 2020, o hotel tinha dificuldades para acelerar a retomada, o que favoreceu um entendimento.

Agora, o acerto de contas chegou. Se o Maksoud Plaza virar realmente um hospital – e seguimos apurando a informação e, em breve, traremos novidades –, trata-se de uma decisão altamente compreensível por parte dos novos proprietários. Obviamente, é uma perda gigantesca para toda indústria de hospitalidade, mas assim é o mundo dos negócios.

Tristeza maior ainda por não ter tido tempo de tomar um último drinque no Frank Bar. Bem, pelo menos a alma da hospitalidade, que sempre passeou por aquele atrium majestoso, continuará por lá com um hospital. É o que provavelmente vai nos consolar.

(*) Crédito das fotos: Vinicius Medeiros/Hotelier News