Ronaldo Albertino

 

Tudo o que tínhamos detectado antes da pandemia continua. Nada mudou, exceto que agora é possível recomeçar certo. Há um lado negativo nesta crise? Sim. Mas também tem um lado muito maior positivo: o recomeço da maneira certa!

Essa oportunidade não pode ser descartada e, principalmente, não temos o privilégio de achar que as coisas voltarão a ser como antes, não! O que era ruim ontem, continuará quando voltarmos à atividade plena. O que era bom antes, deverá ser melhorado e ampliado.

Queremos resultados diferentes? Então aproveitemos a oportunidade, porque nunca tudo foi tão diferente. Os nossos custos reais são aqueles que temos em nossos resultados operacionais? Há alguma gordura para queimar? A nossa equipe está agindo com produtividade minimamente adequada? Os profissionais que tenho ao meu lado são aqueles que, hoje, gostaria de ter? posso reafirmar o meu compromisso de qualidade com o nosso cliente, mesmo sabendo que o que estou oferecendo pode ser um caminho para fortalecer o meu concorrente?

Tenho certeza da qualidade do patrimônio que tenho? Precisa de atualizações? Posso mudar algo para melhorar e manter os clientes? E o serviço? Conheço o que o nosso cliente está pensando? Já perguntei alguma vez a ele diretamente o que acha das instalações e serviços? Tenho uma pessoa cuidando exclusivamente da base de dados dos nossos clientes?

Você deve se perguntar: por que é que ele só faz perguntas e não dá uma resposta? Porque a resposta virá com o trabalho e dedicação, com planejamento profissional e transparente. Sem dados, sem análises criteriosas, sem descortinar o que está por trás dos números, dificilmente teremos respostas coerentes e verdadeiras. 

Novo patamar de energia deve ser empregado nestes momentos e, certamente, a inércia não é favorável a nada e nem a ninguém, é só perda de energia. Minha avó dizia que “cabeça vazia é morada do diabo”, não discordo dela e acrescentaria que sem meta, não vou atingir nada, vou ficar na mesma. A não ser que você ache que estava bom antes, que você está confortável com sua carga de trabalho, ou retrabalho, em várias áreas de atuação, ou ainda está satisfeito com os resultados financeiros, sociais, familiares e pessoais, frutos do seu trabalho. 

Agora é hora de acelerar! Colocar a equipe em treinamento e “ensaiar” para a entrada da nossa audiência. Não é à toa que a Disney chama a equipe de Cast members e os clientes de Guests. O show não pode parar! Ensaiamos bem? Estamos preparados, realmente? Confiamos integralmente na suposta certeza de que os nossos colaboradores farão a melhor performance quando o cliente voltar? Estão uniformizados adequadamente? Têm o brilho nos olhos para conquistar, de vez, o hóspede e ele se tornar um cliente? 

A simples parada é inércia e ilusão de que quando voltarmos, tudo será ajeitado. Sem planejamento de curto, médio e longo prazos, nada se fará de produtivo. Sem um redesenho do modus operandi voltaremos ao mesmo e, sejamos francos? não estava bom quando paramos. 

Quer seja a rentabilidade, quer seja a volume da carga de trabalho, quer seja a equipe que temos, quer seja o edifício, quer seja nossa vida pessoal, social e política. Muitos se perguntam como podemos ajudar e não canso de lembrar, de novo, o Bill Gates. As lições abaixo são válidas para todos nós indistintamente, apesar de serem dirigidas a estudantes.

Aconteceu em uma visita de Bill Gates à University of Southern California. O fundador da Microsoft chegou de helicóptero ao local, tirou um papel do bolso e leu tudo em apenas 5 minutos diante dos estudantes, mas foi aplaudido em pé por mais de 10 minutos. O que ele disse pode servir de conselho para muita gente grande. Confira:

1. A vida não é fácil. Acostume-se com isso.
2. O mundo não está preocupado com a sua autoestima. O mundo espera que você faça alguma coisa de útil por ele antes de aceitá-lo.
3. Você não vai ganhar 20 mil dólares por mês assim que sair da faculdade. Você não será vice-presidente de uma grande empresa, com um carrão e um telefone à sua disposição, antes que você tenha conseguido comprar seu próprio carro e ter seu próprio telefone.
4. Se você acha que seu pai ou seu professor são rudes, espere até ter um chefe. Ele não terá pena de você. 
5. Vender jornal velho ou trabalhar durante as férias não está abaixo da sua posição social. Seus avós tinham uma palavra diferente para isso. Eles chamavam isso de oportunidade.
6. Se você fracassar, não ache que a culpa é de seus pais. Não lamente seus erros, aprenda com eles.
7. Antes de você nascer seus pais não eram tão críticos como agora. Eles só ficaram assim por terem de pagar suas contas, lavar suas roupas e ouvir você dizer que eles são “ridículos”. Então, antes de tentar salvar o planeta para a próxima geração, querendo consertar os erros da geração dos seus pais, tente arrumar o seu próprio quarto.
8. Sua escola pode ter criado trabalhos em grupo para melhorar suas notas e eliminar a distinção entre vencedores e perdedores, mas a vida não é assim. Em algumas escolas você não repete mais de um ano e tem quantas chances precisar até acertar. Isto não se parece absolutamente nada com a vida real. Se pisar na bola está despedido… RUA! Faça certo da primeira vez.
9. A vida não é dividida em semestres. Você não terá sempre férias de verão e é pouco provável que outros empregados o ajudem a cumprir suas tarefas no fim de cada período.
10. Televisão não é vida real. Na vida real, as pessoas têm que deixar o barzinho ou a boate e ir trabalhar. 
11. Seja legal com os CDF´s – aqueles estudantes que os demais julgam que são uns babacas. Existe uma grande probabilidade de você vir a trabalhar para um deles.

Pois é. Para bom entendedor, o texto acima basta. Agora é hora de acelerar!

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Ronaldo Albertino está há 38 anos na indústria hoteleira, atualmente é diretor da HotelCare, com atuação em desenvolvimento hoteleiros e relacionamento com investidores. Participou no desenvolvimento, implantação e pré-operação de mais de 30 projetos hoteleiros no Brasil e exterior. Ex-professor de graduação e pós no SENAC CEATEL, com cursos de especialização na ISAE/FGV. Especialista em criação, desenvolvimento, implantação e operação de marcas hoteleiras.

(*) Crédito da foto: divulgação/Ronaldo Albertino