Existem dons que são perpetuados por gerações. No caso de Rodrigo Santana, gerente geral do INNSiDE by Meliá São Paulo Itaim, a afirmação é verdadeira. O paulista tem o bem-receber como tradição familiar. E, como não poderia ser diferente, trouxe a qualidade para sua carreira.

Seus avós, que trabalharam na construção da Rodovia Presidente Dutra, casaram-se em Resende, na divisa entre Rio e São Paulo. Ao longo dos anos, acompanharam as obras dando pensão aos operários. “Para ser um bom hoteleiro é preciso gostar de receber visitas, e eu adoro! Minha avó cuidava da parte de alimentação dos trabalhadores e meu avô da hospedagem”, conta. “Aprendi a receber as pessoas com café da tarde e todo mundo junto em casa”, completa.

O profissional de 42 anos veio de origem simples, filho de funileiro e dona de casa. Começou a trabalhar ainda cedo, em uma corretora de valores como office boy, cargo que ele afirma ter agregado muito à sua profissão atual. “Acabei conhecendo muito bem a cidade e me apaixonei.”

Sempre em busca de novos objetivos, ainda no colegial, Santana procurou cursos técnicos. Formado em Contabilidade, saiu da antiga função e foi para o setor financeiro da empresa onde trabalhava. “Tinha muita gana de crescer profissionalmente, mesmo ainda jovem. Fiquei seis anos na corretora até chegar ao cargo de assistente de controller. Foi ótimo para conhecer mais sobre o mercado de ações e valorização de empresas.”

Apaixonado por esportes, em especial pela Olimpíada, aos 18 foi sozinho para Paris. Devido a problemas de imigração, acabou não realizando o sonho de assistir à competição ao vivo. “Comecei a juntar dinheiro aos 15 anos. Tive o visto negado por estar viajando sozinho. Consegui realizar muita coisa ainda novo, mas me deixou inquieto não ver a Olimpíada. Decidi pesquisar mais sobre turismo”.

Rodrigo Santana e a hotelaria

A paixão pela Olimpíada ainda levaria Santana longe. Formado em Turismo, cursou a faculdade pensando na organização de grandes eventos. Nos anos 1990, década de ascensão da hotelaria, o profissional viu uma oportunidade. Em 2000, foi contratado como recepcionista do antigo Pathernon São Paulo, atual Mercure São Paulo Pinheiros.

“Fizemos a implantação e planejamos todo o funcionamento do hotel a partir da recepção. Foi um desafio interessante. Fiquei três anos no cargo e me apaixonei pela hotelaria e pelo trabalho em equipe. É bonito ver as pessoas atuando juntas e a satisfação do cliente”.

Posteriormente, foi promovido a sub-chef de recepção no Pathernon Moema, hoje Mercure São Paulo Times Square. Ali, conheceria um casal que mudaria sua carreira. “Era um empreendimento com uma ocupação muito boa. Nessa transição, atendi a uma família de italianos. Pelo fato de já ter ido à Itália, cumprimentei-os na língua e eles me chamaram para trabalhar no país”.

Em 2003, o gerente arrumou as malas rumo à Europa. Saindo de um hotel de rede com viés corporativo, teve a oportunidade de atuar em uma propriedade familiar de lazer pela primeira vez. “Foi muito bacana, pois era uma hotelaria muito diferente de São Paulo. Como 80% dos hóspedes eram alemães, acabei aprendendo um pouco do idioma também.”

Rodrigo Santana - olimpíada

Indiretamente, o sonho de ver uma Olimpíada levou Santana à hotelaria; sonho ocorreu em 2016

Por problemas de saúde, Santana retornou ao Brasil no ano seguinte. Já em São Paulo, retomou suas atividades na hotelaria, desta vez na rede Sonesta. Após três anos, contudo, a marca deixou o país e o profissional optou por empreender. Ele criou uma empresa de planejamento de informações turísticas para concessionárias de rodovias. “A ideia era auxiliar no aumento do fluxo de veículos nas praças de pedágios também nos dias de semana. Fiquei alguns meses e voltei à hotelaria.”

A relação com a Meliá

A história de Rodrigo Santana dentro da Meliá Hotels já perdura mais de 10 anos. De volta ao mercado, o gerente passou a integrar a equipe do TRYP São Paulo Iguatemi em 2007, como auditor noturno e recepcionista júnior. Após galgar posições no hotel, virou supervisor noturno, quando começou a se interessar mais pela experiência do cliente.

“Aos poucos fui entendendo que não conhecia nada de hotelaria. A Meliá tinha um diferencial no atendimento e percebi que estava no lugar certo. Passei a cuidar de procedimentos que achava interessante melhorar e dei treinamentos com foco nos hóspedes. Então, a gerente geral me convidou para ser o chefe de serviços e cuidar da qualidade do hotel. Foi maravilhoso”, diz.

Com muito trabalho, o gerente conseguiu levar o TRYP Iguatemi à vitória no Troféu de Qualidade Meliá, um dos marcos de sua vida profissional. “Acompanhava os índices de qualidade dos hotéis e sempre quis ganhar. Em 2015, conseguimos essa vitória tão importante”.

Foi ali que Santana assumiu pela primeira a gerência geral de um hotel, tudo em função da licença maternidade da então líder do empreendimento. Na estreia, um grande desafio: operar uma unidade em ano de Copa do Mundo. “Foi turbulento. A expectativa era grande pela demanda de público. Foi uma loucura, recebemos a seleção da Croácia e o hotel lotou, mas foi muito gratificante”, relembra.

Em 2015, surgiu uma proposta para ser um substituto temporário no TRYP Belo Horizonte, onde permaneceu por apenas cinco meses. De volta a São Paulo como chefe de serviços, no ano seguinte Santana finalmente realizou seu sonho de assistir aos Jogos Olímpicos. “Comecei a me planejar com dois anos de antecedência. Assisti à cerimônia de abertura e deu tudo certo.”

Rodrigo Santana - quarto do_Meliá InnSide

Santana atualmente comanda o hotel que marca a chegada da bandeira InnSide no Brasil

Com a inauguração do TRYP Pernambuco, o gerente da unidade Jesuíno foi transferido, abrindo portas para ele. “Já tinha experiência de gestão no Iguatemi e em Belo Horizonte. O TRYP Jesuíno era um hotel de 17 anos e dependíamos muito de aporte dos investidores para reformas. Como precisávamos de renovação, bati muito nessa tecla com a diretora. A estrutura precisava condizer com os serviços”.

Atual INNSiDE by Meliá São Paulo, o empreendimento foi reaberto em setembro e passou pela mudança de bandeira. Com uma gestão mais descolada, Santana tem boas expectativas para o futuro. “Para 2021 estamos otimistas para o cenário do mercado. Ficamos muito tempo de portas fechadas e retornamos com experiências diversificadas, buscando itens de identificação do hóspede com o destino”, finaliza.

(*) Crédito das fotos: Divulgação/Meliá Hotels International

(**) Crédito da foto Olimpíada: Matthias_Lemm/Pixabay