Após o ir e vir da semana passada, quando pairou na cidade do Rio de Janeiro a possibilidade de barrar turistas, o prefeito Eduardo Paes (MDB) anunciou hoje (19) a proibição de quaisquer atividades nas praias e orlas cariocas. O decreto, publicado na versão de hoje do Diário Oficial do Município, acompanha as restrições aplicadas no início de março e intensifica a fiscalização para coibir a formação de aglomerações nas faixas de areia. Vale lembrar que bares, restaurantes, quiosques e estabelecimentos do tipo podem funcionar até as 21h, com delivery liberado após esse horário.

Em termos específicos, a ação de Paes inclui o veto a:

  • Permanência de pessoas na areia da praia, seja para esporte, banho de mar ou qualquer atividade econômica;
  • Entrada de ônibus e veículos de fretamento no município, com exceção aos que presta, serviços para funcionários de empresas ou hotéis (comprovando reserva de hospedagem);
  • Estacionar veículos na orla a não ser em casos de ser morador, idoso, portador de necessidade especial, hóspede de hotel ou taxista;
  • Utilizar pistas de rolamento nas avenidas Delfim Moreira, Vieira Souto e Atlântica e de ambos os sentidos das pistas de rolamento do Aterro do Flamengo como áreas de lazer. O tráfego continua aberto nestas vias.

Além disso, o prefeito afirma que o lockdown, como na maioria das cidades, está descartado no momento. A razão para isso, segundo ele, é a fragilidade econômica da capital carioca. Por fim, Paes prometeu mais restrições na segunda-feira (22), incluindo a antecipação de feriados, como foi feito por Bruno Covas (PSDB) na cidade de São Paulo. Em coletiva, ele afirmou que ainda não anunciou outras medidas, pois quer conversar com outros prefeitos na Grande Rio e, assim, não prejudicar municípios próximos.

Rio de Janeiro: visão da hotelaria

Para entender o impacto para a hotelaria carioca, a reportagem do Hotelier News ouviu Alexandre Sampaio, presidente da FBHA (Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação) e voz ativa no turismo do estado. Na visão do executivo, as proporções das medidas estabelecidas são ruins para o segmento. “Espero que seja somente no final de semana, já que queríamos trazer turistas paulistas para o feriadão que teriam. Se isso se mantiver por mais tempo, será um estrago”, diz.

O executivo afirma também que existe muito conflito de informações a respeito do temido fechamento completo da cidade – lockdown. “Existem muitos boatos, mas não vejo o governador Cláudio Castro apoiando colocar policiais militares para tirar banhistas da praia. Acho um desgaste desnecessário e com certeza deve afetar reservas de hotéis. É uma pena e somos contra essa proibição”, afirmou.

Sampaio relembra que o projeto se refere exclusivamente à praia e não envolve áreas comuns de piscinas de condomínios.

Pandemia

De acordo com a Universidade Johns Hopkins, responsável pelos dados da pandemia encontrados no Google, foram mais de 26 mil novos casos entre 5 e 18 de março no estado do Rio de Janeiro. No total, em um ano de pandemia, a região teve 615.930 mil casos, com 2.950 mil contabilizados ontem e pouco mais de 35,5 mil mortes.

No município, segundo informações do Data Rio, do Instituto Pereira Passos, o total de casos confirmados chega a 216.908 mil. O número de óbitos é de 19.583 mil, o que representa 45% do total de mortes no estado. Ambos levantamentos, municipal e estadual, foram atualizados até 18 de março.