Revisão do PIB: é para soltar fogos? Por Jorge Duarte
17 de julho de 2021A hotelaria ainda ensaia sua reação, mas na Faria Lima já se vive outro momento. Sim, as principais instituições financeiras do Brasil e do exterior mudaram a expectativa inicial para o PIB (Produto Interno Brasileiro) – e sempre com revisão para cima. Agora, qual o impacto disso na hotelaria? É para ficarmos realmente animados ou só o avanço na vacinação é que efetivamente vai acelerar a retomada da indústria de viagens. Na sessão Opinião de hoje (17), o Hotelier News convidou Jorge Duarte, sócio da Cohotel, para opinar sobre o tema título. Confira!
Diz o ditado: “Depois da tempestade, vem a Bonança” e isso, sem dúvida, vai se dar nos próximos anos, com aumento do PIB (Produto Interno Bruto) no Brasil e no mundo.
O mercado financeiro acena com um expressivo aumento do PIB em 2021 de 5,18%, além de 2,5%, em média, até 2024, informam dados do Boletim Focus, do Banco Central, de 02 de julho de 2021. Com isso, haverá reversão, em dois anos, da queda de 4% em 2020.
O fato é que o crescimento real do PIB no país entre 2010 e 2020, descontada a inflação medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), ficou em menos de 0,4%. Se não considerarmos a queda de 2020, o crescimento médio real no período seria de 2,32%.
Infelizmente, o Brasil não tem uma infraestrutura preparada para manter, por longo prazo, crescimentos acima de 3% e, quando isso se dá, há escassez de produtos, serviços, mão de obra, energia, transporte, logística e etc. Esse cenário acelera a inflação e diminui o crescimento real da economia.
“Não tenho o mesmo otimismo quanto às diárias médias, que são sempre as primeiras “vítimas” das crises, não importam se de oferta ou de demanda. Por isso, deverão levar mais tempo, três a quatro anos para voltar ao patamar de 2019.”
Jorge Duarte, sócio da Cohotel
Na hotelaria, o crescimento da demanda também vai se dar em ritmo forte nos próximos anos, especialmente nas capitais, já que as cidades do interior e destinos turísticos não foram tão afetados quanto as cidades de turismo de negócios e eventos. Acredito que, em 2023, com retorno consistente dos grandes eventos, as capitais voltarão aos patamares de 2019.
Não tenho o mesmo otimismo quanto às diárias médias, que são sempre as primeiras “vítimas” das crises, não importam se de oferta ou de demanda. Por isso, deverão levar mais tempo, três a quatro anos para voltar ao patamar de 2019.
Apenas para elucidar, em 2019, os hotéis do FOHB (Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil) na capital paulista alcançaram 65% de ocupação e diária média de R$ 325,83. De janeiro maio de 2021, esses indicadores foram, 20% de ocupação e R$ 210,00, com 35% de redução da tarifa. Entre 2010 e 2019 o crescimento médio anual das tarifas dos hotéis do FOHB nas 14 capitais pesquisadas foi 4%.
Sem dúvida, bons ventos se avizinham, mas sem mudanças estruturais, eles não nos levarão muito longe.
(*) Crédito da capa: Wherter Santana/Estadão
(**) Crédito da foto: Divulgação/Cohotel