A hotelaria ainda ensaia sua reação, mas na Faria Lima já se vive outro momento. Sim, as principais instituições financeiras do Brasil e do exterior mudaram a expectativa inicial para o PIB (Produto Interno Brasileiro) – e sempre com revisão para cima. Agora, qual o impacto disso na hotelaria? É para ficarmos realmente animados ou só o avanço na vacinação é que efetivamente vai acelerar a retomada da indústria de viagens. Na sessão Opinião de hoje (17), o Hotelier News convidou Jorge Duarte, sócio da Cohotel, para opinar sobre o tema título. Confira!


Diz o ditado: “Depois da tempestade, vem a Bonança” e isso, sem dúvida, vai se dar nos próximos anos, com aumento do PIB (Produto Interno Bruto) no Brasil e no mundo.

O mercado financeiro acena com um expressivo aumento do PIB em 2021 de 5,18%, além de 2,5%, em média, até 2024, informam dados do Boletim Focus, do Banco Central, de 02 de julho de 2021. Com isso, haverá reversão, em dois anos, da queda de 4% em 2020.

O fato é que o crescimento real do PIB no país entre 2010 e 2020, descontada a inflação medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), ficou em menos de 0,4%. Se não considerarmos a queda de 2020, o crescimento médio real no período seria de 2,32%.

Infelizmente, o Brasil não tem uma infraestrutura preparada para manter, por longo prazo, crescimentos acima de 3% e, quando isso se dá, há escassez de produtos, serviços, mão de obra, energia, transporte, logística e etc. Esse cenário acelera a inflação e diminui o crescimento real da economia.

Jorge Duarte - Opinião_revisão do PIB 1

 

“Não tenho o mesmo otimismo quanto às diárias médias, que são sempre as primeiras “vítimas” das crises, não importam se de oferta ou de demanda. Por isso, deverão levar mais tempo, três a quatro anos para voltar ao patamar de 2019.”

Jorge Duarte, sócio da Cohotel

 

Na hotelaria, o crescimento da demanda também vai se dar em ritmo forte nos próximos anos, especialmente nas capitais, já que as cidades do interior e destinos turísticos não foram tão afetados quanto as cidades de turismo de negócios e eventos. Acredito que, em 2023, com retorno consistente dos grandes eventos, as capitais voltarão aos patamares de 2019.

Não tenho o mesmo otimismo quanto às diárias médias, que são sempre as primeiras “vítimas” das crises, não importam se de oferta ou de demanda. Por isso, deverão levar mais tempo, três a quatro anos para voltar ao patamar de 2019.

Apenas para elucidar, em 2019, os hotéis do FOHB (Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil) na capital paulista alcançaram 65% de ocupação e diária média de R$ 325,83. De janeiro maio de 2021, esses indicadores foram, 20% de ocupação e R$ 210,00, com 35% de redução da tarifa. Entre 2010 e 2019 o crescimento médio anual das tarifas dos hotéis do FOHB nas 14 capitais pesquisadas foi 4%.

Sem dúvida, bons ventos se avizinham, mas sem mudanças estruturais, eles não nos levarão muito longe.

Jorge Duarte - Cohotel_infográfico

(*) Crédito da capa: Wherter Santana/Estadão

(**) Crédito da foto: Divulgação/Cohotel