Para o governo federal, uma possível segunda onda de Covid-19 – como acontece na Europa – vai passar longe do Brasil. Pelo menos é o que pensa Adolfo Sachsida, secretário de Política Econômica, do Ministério da Economia. Segundo o secretário, estudos internos indicam que a probabilidade é baixa.

“Vários estados já atingiram ou estão muito próximos de atingir imunidade de rebanho”, disse Sachsida, em coletiva de imprensa realizada hoje (17) e acompanhada pela Reuters. Questionado pelos jornalistas a respeito da informação, ele afirmou que a linha de corte considerada para a imunidade de rebanho pela SPE (Secretaria de Política Econômica) foi de 20%. Ou seja, este seria o percentual mínimo de pessoas já infectadas pelo novo coronavírus que garantiria proteção contra a circulação do vírus.

Segundo Sachsida, o patamar de 20% “está na literatura” e vem de “estudos mais novos”. Ele reconheceu, contudo, que há parte da academia que considera a imunidade de rebanho com 60% a 70% da população infectada. Ele também afirmou que, para suas previsões sobre a chance de eventual segunda onda, a SPE analisa dados públicos da PNAD Covid, sob responsabilidade do IBGE.

Segunda onda: impacto econômico

O secretário reforçou que os indicadores analisados pela secretaria apontam para a força da retomada econômica. Hoje mesmo, por exemplo, a SPE reviu a projeção para o PIB (Produto Interno Bruto). A avaliação da secretaria é que, em meados de dezembro, o país retomará patamares de movimentação pré-Covid.

“Voltando isso, volta o setor de serviços”, afirmou Sachsida. “Estamos muito convictos que a partir de outubro o setor de serviços está cada vez mais forte”, acrescentou. Ele destacou a existência de cerca de R$ 110 bilhões que devem ser injetados na economia até janeiro por medidas tomadas durante a crise do coronavírus. Segundo o secretário, tais recursos serão fundamentais para sustentar a recuperação econômica.

O volume contempla a concessão do auxílio emergencial – R$ 45 bilhões que ainda não foram pagos a quem tem direito – e os saques do FGTS ainda não realizados. Também entram na conta os recursos poupados com o auxílio emergencial que já foram pagos.

“Isso nos dá muita convicção que a economia terá a necessária tração para, liderada pelo setor de serviços, fechar 2020 com tração, entrar bem em 2021″. Por fim, Sachsida afirmou que o desemprego no Brasil está vindo majoritariamente do setor informal, que é mais flexível, e estimou que a população ocupada irá crescer em 2021 com a redução do distanciamento social.

(*) Crédito da foto: 4311868/Pixabay