Exemplo para a maioria do setor turístico, Porto de Galinhas segue firme em sintonia entre as iniciativas pública e privada. E o alinhamento é claro quando os representantes das entidades e do governo se reúnem para dar coletivas de imprensa como a que aconteceu ontem (30), no Vivá Porto de Galinhas Resort.

O encontro contou com a presença de Otaviano Maroja, vice-presidente do Porto de Galinhas Convention & Visitors Bureau e AHPG (Associação dos Hotéis de Porto de Galinhas; Antônio Baptista, presidente da Empetur; Carol Vasconcelos, secretária de Turismo de Ipojuca; Marcelo Bento, diretor de Relações Institucionais da Azul Linhas Aéreas; Eduardo Tiburtius, presidente do Porto de Galinhas CVB e Cacau de Paula, secretária de Turismo de Recife.

Apesar do clima ensolarado na maior parte do ano, é no verão que o destino brilha. Com a alta temporada batendo à porta, o trade espera uma estação de ocupação hoteleira elevada, chegando a cerca de 95%. Ainda que o mundo esteja em alerta pela descoberta da variante Ômicron, a nova ameaça, pelo menos por enquanto, não afetou as projeções para o período.

“Existe essa dúvida a respeito de como serão as coisas daqui pra frente com a nova variante. Por enquanto, não sentimos nenhuma mudança no volume de vendas nacional. Muitas pessoas acreditam que será como a variante Delta, mas com as altas taxas de vacinação o que observamos são casos mais brandos da doença”, explica o presidente da Empetur. “Tudo ainda é muito recente e o mercado não sentiu grandes impactos”, acrescenta.

A expectativa é que a hotelaria de Pernambuco encerre 2021 com uma média de ocupação de 75%, já trabalhando com números pré-pandemia. “Vamos ter uma ocupação similar a 2019 mesmo com um declínio considerável em março e abril. Para a baixa temporada, o internacional acaba fazendo falta. Antes da pandemia, os estrangeiros representavam 20% da nossa demanda que hoje é preenchida por brasileiros, mas até quando?”, questiona Tiburtius

Porto de Galinhas: ações

E se depender da Azul, a retomada vem com maior tração. A companhia superou em outubro o número de assentos ofertados no mesmo mês em 2019. “Já superamos nossa capacidade doméstica pré-pandemia. Em novembro e dezembro, teremos 20% a mais e em janeiro chegaremos a 40% acima dos níveis de 2019”, explica Bento. “A retomada da Azul é a mais acelerada do setor como um todo e conseguimos um movimento de recuperação mais rápido em Pernambuco e hoje temos um hub de 95 voos diários para 40 destinos”, complementa.

Hoje (1), Pernambuco, Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte também lançaram a campanha Nordeste Arretado, com a proposta de fomentar o turismo nos estados. “Oferecemos uma série de sugestões de roteiro de romance, luxo, culturas, para crianças e gastronômico. São estados muito próximos e incentivamos que as pessoas desembarquem em Recife e viajem para esses destinos”, afirma o presidente do CVB.

Para o setor hoteleiro, alguns desafios ainda vêm pela frente. Com diárias ainda aquém do esperado, Tiburtius explica que quando os turistas voltarem a viajar para fora, a demanda deve cair e, com isso, existe a necessidade de uma reacomodação tarifária. “Estamos sentindo um aumento de diária média de modo geral, mas quando o internacional reabrir, teremos uma nova oferta”.

Ele destaca que o aumento de custos foi muito sentido na hotelaria, principalmente no departamento de A&B (Alimentos & Bebidas), mas que as contas conseguiram se equilibrar com tarifas flutuantes. Outro diferencial do destino é sua capacidade de se renovar em termos de acomodação. Tiburtius explica que os empreendimentos estão constantemente trazendo novidades como forma de elevar as tarifas e despertar o interesse do público.

“A cultura de Porto de Galinhas é sempre se renovar ano a ano. Fazemos ações comerciais em conjunto desde que a AHPG foi criada, mas destacando o destino. Isso gera uma concorrência do bem, pois quando existe a procura, todos conseguem elevar as diárias. Mesmo com a pandemia, os hotéis trouxeram novidades para melhorar a entrega ao turista”, pontua.

Road shows alinhados com o trade de Recife em nove cidades foram uma forma conjunta de impulsionar a retomada no estado. Ações de marketing, publicidade e conteúdo completam as iniciativas entre o poder público e privado para crescer em em simbiose. “Estamos sempre atuando em conjunto em sintonia com o poder público. E isso tem provado que juntos conseguimos as melhores soluções. Temos que pensar no turismo focados na venda final e conseguimos com um trade competente e que sabe conversar”, salienta Baptista.

A secretária de Turismo de Ipojuca credita aos hoteleiros grande parte do sucesso do destino. “Eu sempre falo que Porto de Galinhas é um case de sucesso porque os hoteleiros vendem o destino como ninguém. Entra gestão e sai gestão e eles estão aqui, fazendo de tudo pelo turismo”.

(*) Crédito da foto: Nayara Matteis/Hotelier News