Se lá em março de 2020, quando o famigerado “Pibinho” de 2019 foi divulgado, mal sabia a economia brasileira o que estava para acontecer. No mesmo mês, a OMS (Organização Mundial da Saúde) decretou pandemia mundial e o resto da história já conhecemos. Como era esperado, o resultado de tantas restrições veio com uma derrapada histórica do PIB (Produto Interno Bruto) do país, que recuou 4,1% no ano passado frente ao ano anterior.

De acordo com dados divulgados hoje (3) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), é a maior queda no indicador desde 1990, quando houve o confisco do presidente Fernando Collor (-4,35%). A pandemia fez o país encerrar dezembro com a pior década em 120 anos.

Este também é o maior tempo anual da série histórica, iniciada em 1996. A queda interrompeu o crescimento de três anos seguidos (2017 a 2019), quando o PIB acumulou alta de 4,6%. No quarto trimestre de 2020, a economia subiu 3,2% frente ao trimestre anterior, mas recuou 1,1% em comparação ao mesmo período em 2019.

Em valores, o PIB 2020 somou R$ 7,4 trilhões em bens e serviços produzidos. Já o PIB per capita alcançou R$ 35.172, queda recorde de 4,8% frente ao ano passado.

PIB - resultados

PIB: crescimento dos setores

Ao longo do ano, porém, apenas a agropecuária brasileira apresentou crescimento positivo, 2% superior ao de 2019. Os serviços e o consumo das famílias caíram 4,5% e 5,5%, respectivamente, devido à Covid-19 e às restrições para combater sua disseminação. Já a indústria recuou 3,5% e investimentos 0,8%.

“Tivemos uma grande queda (de atividade) no ano passado, mas com o socorro emergencial foi bem menor do que o previsto inicialmente. Poderia ter sido muito pior, mas as finanças públicas estão muito frágeis ”, disse Alexandre Almeida, economista da CM Capital em São Paulo em entrevista a Reuters.

(*) Crédito da foto: Zanone Fraissat/Folha de São Paulo