Após uma derrapada histórica de 4,1% em 2020, claramente puxado pelo primeiro ano de pandemia, o PIB brasileiro surpreendeu e voltou a crescer no primeiro trimestre. Segundo dados divulgados hoje (1) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o indicador subiu 1,2% frente aos três meses anteriores e 1% na comparação anual. As informações publicadas pelo G1 apontam um total de R$ 2,048 trilhões em valores correntes, retornando aos patamares pré-crise.

As projeções para a economia de 2021 já davam sinais de melhora, de acordo com previsões feitas pela FGV em maio. Hoje, a CNC (Confederação Nacional de Bens, Serviços e Turismo) aumentou para 3,8% o crescimento do PIB para este ano com base nos resultados positivos do primeiro trimestre.

A expectativa da CNC é que o PIB se mantenha estável no segundo trimestre de 2021. De acordo com o presidente da Confederação, José Roberto Tadros, a adoção de medidas restritivas em abril tende a prejudicar o consumo das famílias, principal agregado sob a ótica da demanda.

“Quatro fatores podem dificultar um crescimento mais vigoroso da economia no transcorrer deste ano: um possível recrudescimento da pandemia diante do aumento recente no número de casos e da lentidão no processo de imunização da população, inflação elevada, desemprego em alta e o risco de uma crise energética diante do nível historicamente baixo dos reservatórios das hidrelétricas”, afirma Tadros.

Os números do IBGE confirmam que a economia brasileira iniciou o ano em expansão, dando sequência à recuperação dos danos causados pela pandemia de Covid-19. O resultado foi suficiente para levar o PIB de volta ao patamar do quarto trimestre de 2019 em termos de volume.

A média das projeções de 55 instituições financeiras e consultorias procuradas pelo Valor Data era de alta de 0,7% na comparação com o 4º trimestre, e de 0,5% em relação ao 1º trimestre de 2020.

PIB: panorama dos setores

Entre os setores que impulsionaram os resultados esperados os destaques vão para a Agropecuária e Importação:

  • Serviços: 0,4%
  • Indústria: 0,7%
  • Agropecuária: 5,7%
  • Consumo das famílias: -0,1%
  • Consumo do governo: -0,8%
  • Investimentos: 4,6%
  • Exportação: 3,7%
  • Importação: 11,6%
  • Construção civil: 2,1%

Devido ao desempenho do PIB nos três primeiros meses, o Brasil ocupa o 19º lugar dentro de um ranking com 50 países, segundo um levantamento realizado pela Austin Rating. A Lista engloba os resultados das maiores economias mundiais, ficando a frente de China, Itália, Japão, França e Reino Unido.

O que explica o crescimento

Ainda segundo divulgado pelo G1, alguns fatores podem explicar o avanço da economia em plena pandemia. Os números bem menos negativos em março e abril, maior adaptação das empresas, alta demanda global por commodities e consumidores retomando suas rotinas apesar das restrições são alguns deles.

Mesmo com o resultado nada esperado, a recuperação da economia segue em ritmo morno. As projeções para o segundo ano da pandemia apontam que o Brasil ficará no empate quando se trata de crescimento, visto que o avanço de 2021 será para equilibrar a balança das perdas de 2020.

Por outro lado, a vacinação, controle dos índices de contágio, recuperação desigual e desemprego são pontos de incerteza que podem representar um risco ao crescimento da economia brasileira.

(*) Crédito da foto: geralt/Pixabay