Perfis fakes - golpes na hotelaria_internaGolpes com perfis falsos se alastram; bandidos buscam dados das pessoas

Canal de comunicação vital nos difíceis dias de hoje, as redes sociais são peças chaves tanto para posicionamento de marca, quanto para prospecção de vendas. Já publicamos uma reportagem recente sobre marketing de influência na retomada e, agora, focaremos em outro assunto relevante, mas também preocupante. Bem, nem tudo são flores na era digital e golpes com perfis fakes de hotéis infelizmente proliferam na grande rede.

Aproveitando-se das facilidades do mundo digital, bandidos virtuais têm criado perfis falsos de hotéis no Facebook e Instagram. A partir deles, induzem as pessoas a preencher dados para promoções que não existem. Com isso, os clientes têm suas informações clonadas, gerando um dor de cabeça óbvia para todos os envolvidos. Para os meios de hospedagem, é ainda pior, pois até o consumidor pescar que aquilo é um golpe, a relação com a marca já foi danificada.

Muitos desses golpes utilizam a técnica conhecida como phishing. "São aqueles links enviados em correntes virtuais com falsas promoções que utilizam nomes de marcas famosas”, explica Caio Ferro, sócio e diretor de operações (COO) da Reamp, especializada em marketing programático. Nestes casos, segundo Ferro, os bandidos têm dois intuitos: roubar dados ou invadir dispositivos e sistemas visando a ataques futuros.

"Negócios de grande, médio e pequeno portes, não apenas do setor hoteleiro, mas de inúmeros outros segmentos e nichos, costumam ser alvos de páginas clonadas. Sites falsos são criados para aplicar golpes online", acrescenta. Na hotelaria, por exemplo, várias marcas têm sido usadas pelos bandidos virtuais. É o caso do LSH Lifestyle Hotel, no Rio de Janeiro. "Prometiam vouchers de descontos, solicitavam o número do WhatsApp da pessoa e enviavam um link para clonar dados", revela Lia Coutinho, gerente de Marketing e Vendas da propriedade.

Lia conta que, quando buscou auxílio, não teve amparo dos gestores do Facebook ou Instagram, redes sociais onde os golpes eram aplicados. "Tentamos diversos contatos com a representação brasileira das redes e, até o momento, a página do perfil fake não foi retirada do ar, mesmo denunciada diariamente por nós", acrescenta a executiva.

Situação semelhante aconteceu com o Hotel Carmel Taíba. "Ficamos sabendo porque o perfil seguiu algumas pessoas da equipe e rapidamente chegou no setor de Marketing. O golpe prometia cinco diárias no hotel com pensão completa, caso a pessoa enviasse dados pessoais. Em alguns casos, solicitavam até um valor via transferência", relata Lara Lima, coordenadora de Marketing do empreendimento.

Novamente, a rede social liderada por Mark Zuckerberg deixou o hotel cearense à deriva em relação ao ataque. "Nem o Facebook, e tampouco o Instagram, prestaram um serviço adequado com os questionamos. A resposta foi que não acreditam que o perfil é um problema ou que estivesse cometendo algo de errado", pontuou Lima. Quando procurado pela reportagem, o Facebook também não deu nenhum retorno sobre o tema.

Perfis fakes - golpes na hotelaria_Lia CoutinhoLia conta que tentou, sem sucesso, denunciar perfil falso ao Facebook

Perfis fake na hotelaria: respaldo legal 

Sem o respaldo da plataforma, é possível se proteger? Como garantir a segurança da marca e ainda evitar o desgaste com o cliente? Legalmente, há ainda muito para evoluir. Na era digital, a Constituição Federal ainda precisa de novas adaptações para garantir os direitos e segurança online. Ainda sem aprovação no Congresso Nacional, uma alternativa que vem sendo desenvolvida é o Projeto de Lei nº 2.630/2020, conhecido como PL das Fake News

Hoje, no âmbito legal, o maior respaldo tanto da marca, quanto do consumidor, é o Marco Civil da Internet (Lei 12.965/2014). Segundo Renato Malafaia, advogado especializado em Direito Digital, Proteção de Dados e Segurança da Informação, a legislação traz obrigações aos provedores de redes sociais de armazenarem registros eletrônicos sobre cada usuário. "O que é suficiente para garantir que a vítima possa identificar e punir os responsáveis pela conta fake, seja em âmbito criminal ou cível, a depender do caso", destaca.

Ainda segundo o advogado, a criação de perfis sabidamente falsos em nome de outra pessoa ou instituição pode ser considerada ilícita. "Em certas situações, pode ser entendida até mesmo como crime contra a honra da pessoa ou instituição atingida, além da possível violação de seus direitos de personalidade ou marca. Além disso, caso a conta fake comercialize diárias indevidamente em nome do hotel, essa prática poderia ser entendida como estelionato", complementa.

Entre as recomendações para se proteger de ataques, hoje o mais indicado é deixar claro ao mercado quais são os canais oficiais da instituição e adotar medidas repressivas contra eventuais perfis falsos na internet. "Assim, caso o hóspede já se veja na condição de vítima de um golpe, a defesa contra um pedido de responsabilização parece ganhar força, já que a empresa fez o que estava ao seu alcance para evitar o ocorrido". 

(*) Crédito da capa: SamWilliamsPhoto/Pixabay

(**) Crédito da foto: bboellinger/Pixabay

(***) Crédito da foto: Vinicius Medeiros/Hotelier News