De março a outubro, o turismo brasileiro acumula perdas de R$ 46,7 bilhões. O valor é quase o valor que o governo federal despendeu para o pagamento mensal do auxílio emergencial à população, que totalizou R$ 50 bilhões. Considerando o melhor momento da série histórica (2013), e tirando efeitos da inflação no período, a queda no faturamento do setor soma 38,5%. Os dados foram divulgados hoje (16) pela FecomercioSP.

Embora a retomada já tenha começado, a distância frente aos padrões históricos ainda é grande. Só em outubro, por exemplo, a indústria de viagens do país faturou 32% a menos do que igual período de 2019 (R$ 9,8 bilhões). Em setembro, o resultado obtido já havia sido o pior para o mês desde o início da série histórica, em 2011. Ao todo, o setor obteve receitas de R$ 8,6 bilhões, informa a FecomercioSP.

Para a FecomercioSP, o cenário de prejuízos deve continuar assim no futuro próximo. Segundo a entidade, muitos negócios estão fechando, encerrando postos de trabalho e impactando a renda da população. Por outro lado, a valorização de ações de empresas de tecnologia que atuam no turismo na bolsa de Nova York demonstra que o mercado financeiro aposta em inovações tecnológicas também neste setor.

Perdas no turismo: aéreas puxam retração

O setor aérea vem liderando os prejuízos na indústria de viagens nacional. Em outubro, segundo dados da Anac (Agência Nacional da Aviação Civil), a redução de lugares nos aviões foi de 41% frente a igual período de 2019. Diante disso, de março a outubro, a receita das companhias aéreas caiu 52,2% na mesma base de comparação. O indicador, contudo, vem melhorando mês a mês: -64,6% (setembro), -68,8% (agosto) e -78,1% (julho).

O setor de hospedagem e alimentação também enfrenta dificuldades. De março a outubro, na comparação anual, o faturamento do segmento cedeu 30,3%. O resultado negativo impacta no turismo como um todo, já que a retração da demanda por quartos de hotéis afeta a baixa procura por passagens aéreas.

A luz no fim do túnel vem de outra pesquisa da FecomercioSP. Segundo o estudo, um terço das pessoas (31%) querem viajar depois que a pandemia acabar. O bom percentual indica a existência de uma demanda reprimida à espera de condições para se realizar. Diante disso, a entidade vê ensinamentos importantes para os diferentes players do setor.

O primeiro é manter apostar nos canais digitais. A iniciativa não se refere apenas para ofertar pacotes, mas para que clientes tenham uma comunicação clara dos novos protocolos de segurança. Além disso, com as incertezas atuais, muitos turistas procuram por locais com flexibilidade de cancelamento ou remarcação, além de possibilidades de reembolsos. Adaptar as reservas e os fluxos a esta especificidade representa vantagem significativa para agora e o pós-pandemia.

(*) Crédito da foto: MichaelGaida/Pixabay