Paulo Passos Filho

Episódio 1: Qual a relação entre o número de eventos e o número de visitantes para os espaços de eventos?

Tendo em vista as características singulares de cada espaço para eventos existente, quando abordamos o assunto captação, somos obrigados a pensar estrategicamente e desta forma, abordar uma enorme variedade de parâmetros para análise. 

A máxima que não se vende equipamento e sim destinos é uma verdade, mas o que é um destino além de ser a somatória do todo, incluso os equipamentos? 

As diversas tipologias, as características econômicas e turísticas, a relação existente entre número de eventos x número de visitantes/turistas, a oferta de espaços, os setores econômicos, as tipologias e o histórico são alguns temas de pesquisa que se bem utilizados, podem fazer a diferença em uma boa gestão ou planejamento estratégico de um espaço para eventos. 

Recente trabalho apresentado pelo São Paulo Convention & Visitors Bureau, agora com o nome, Visite São Paulo, intitulado: Estatísticas, impacto econômico e barômetro 2017, apresenta dados que não só, demostram a força de São Paulo e a competência do trade em receber bem mas acima de tudo, demostram um trabalho primoroso de toda equipe da entidade, capitaneada por seu presidente e por seu maior maestro, Toni Sando. 

Deixando o confete de lado e não tendo o menor problema de jogar confete em quem merece, afinal, é merecedor, o trabalho apresenta algo muito maior do que apenas estatísticas. 

Ouro puro para proprietários e/ou gestores de equipamentos! Uma fonte de dados rica em informações para qualquer planejamento estratégico de um espaço para eventos.  

Neste primeiro artigo intitulado Trilogia da captação de eventos, abordo a relação entre o número de eventos captados e sua relação com o número de visitantes, portanto: mãos a obra!    

O trabalho apresentado pelo Visite São Paulo, indica que a cidade de São Paulo, recebeu em 2017 mais eventos entre os meses de março a novembro.

Agora, estando na pele do gestor de equipamentos para eventos, o que o este dado aponta? Qual a leitura que devemos ter? Quais meses apontam maior demanda por espaços e qual período existe maior oferta de equipamentos? Existe uma relação entre oferta e procura? E em outras praças? Se seu equipamento não está em São Paulo, alvo do trabalho apresentado, quais são os períodos de maior fluxo de eventos em sua região?

Todo e qualquer planejamento estratégico que vise à gestão de um equipamento para eventos, deve ter este estudo de mercado. Não há como trabalhar sem estudar os efeitos da relação oferta x procura.

Parece obvio não? A verdade é que existem empreendimentos voltados ao trade de eventos, que não procuraram conhecer seu mercado e acabam por aprender no dia a dia, e desta forma, perdendo faturamento.

Já a figura numero 2, nos mostra dados alusivos ao numero de visitantes.

De posse destes dois gráficos, as primeiras observações que devem ser consideradas pelos gestores de equipamentos para eventos são: se o número de eventos apresentados na figura 1 são, salvos nos dois primeiros meses do ano e no último, praticamente iguais, por que quando olhamos o gráfico de visitantes, a curva é diferente?  

A segunda pergunta deveria ser: O que eu, gestor de um equipamento para eventos tenho com isto?

Em artigo publicado em 2017 no Hôtelier News, comentei de um evento que deveria ser realizado em uma determinada cidade e que foi transferido no meio do processo. Este fato ocorreu mesmo com o espaço reservado, sinal pago, material do evento distribuído e tendo suas inscrições quase iniciadas. O evento em questão foi transferido para outra cidade, por apenas um motivo: falta de oferta condizente de leitos, pois a construção de um empreendimento hoteleiro, que completaria a oferta necessária atrasou sua entrega.

Vejamos: quanto à primeira questão a ser abordada, fica claro na observação feita pela fundação 25 de janeiro que no período em questão, a cidade de São Paulo sediou dois eventos que tradicionalmente, recebem um número expressivo de participantes e em dezembro, outros eventos com forte apelo turístico.

Agora, o que eu, gestor de um equipamento para eventos tenho com isto?

A resposta é simples: tudo!

Não ha mais espaço para achômetros e o erro de análise pode levá-lo a montar projeções financeiras errôneas.

O fato é que o número de eventos nem sempre é igual ao número de participantes e cabe ao gestor de equipamentos estar atento aos principais indicadores no seu planejamento estratégico.

As características singulares de seu equipamento devem estar diretamente conectadas ao número de participantes e ao número de eventos.

O fato é: os indicadores, todos eles, nos direcionam e podem nortear o trabalho da equipe comercial, tornando este trabalho mais assertivo, mais recompensador.

Quantos eventos, quais eventos, público estimado, oferta de espaços concorrentes, histórico do destino e dos eventos, setores e tipologia são exemplos de indicadores a serem considerados no planejamento estratégico de um espaço para eventos.

Afinal, a análise de dados de mercado está diretamente relacionada a compreensão das mudanças e do cotidiano do trade, nos direcionando a ter uma visão mais realista e aumentando nosso conhecimento para tomada de decisões; – uma visão que permita olhar para o futuro. 

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Paulo Passos é diretor do IBEV (Instituto Brasileiro de Eventos), tendo, em 35 anos de experiência, atuado em mais de 200 eventos nacionais e internacionais, além de ter trabalhado em quatro centros de feiras e convenções no Brasil. Ex-diretor da ABEOC-SP e da ABBTUR-SP, é consultor, palestrante e atua na direção técnica de feiras e exposições.

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* Crédito das fotos: divulgação/arquivo pessoal