Jóia da hotelaria paulistana, o Palácio Tangará parece ter sido blindado contra a crise. É claro que seu perfil cinco estrelas teve uma parcela de participação nos bons resultados, mas mudanças estratégicas, investimentos e uma gestão alinhada levaram o empreendimento a ser um dos primeiros a se recuperar dos baques da pandemia.

Primeiro, vale lembrar que no dia 24 de março de 2020, o hotel de luxo fechou suas portas pela primeira vez desde sua inauguração, em 2017. No dia 17 de setembro foi reaberto com um novo restaurante, o Pateo do Palácio, com menu assinado por Jean-Georges Vongerichten. Ou seja, foram quase seis meses de inatividade.

Durante esse período, a administração focou seus esforços em inovação, levando em consideração as novas demandas do mercado. Além dos protocolos de segurança desenvolvidos com consultoria do Hospital Israelita Albert Einstein, o Palácio Tangará investiu cerca de R$ 2 milhões em reestruturações para sua reabertura, que incluiu manutenção completa, pintura entre outros detalhes.

“Quando fechamos, tomamos a decisão de não retornar igual. Apenas apagar a luz e retornar como se nada tivesse acontecido. Além da parceria com o Einstein, inauguramos o Pateo do Palácio, que já nasceu atendendo às novas demandas por ser um restaurante ao ar livre, com 85 lugares e distanciamento de 2,5 metros entre as mesas. Também cuidamos de toda a parte interna do hotel e refizemos tudo que era necessário em termos de manutenção e treinamentos”, conta Leandro Cassio, diretor de Vendas e Marketing.

Com 178 colaboradores durante o período mais crítico da crise, o empreendimento agora já opera com 231 funcionários. Cassio explica que o hotel fez o uso de algumas MPs desenvolvidas pelo governo e, com a reabertura, optou por recontratar boa parte do quadro.

Palácio Tangará - resultados - leandro cassio

Sem novas ondas, Cassio prevê um ano de bons resultados

Palácio Tangará: resultados e caixa

Entre as principais estratégias adotadas pela gestão estão experiências ao ar livre e venda de vouchers com prazo estendido de uso. Com a falta do público internacional, que antes da pandemia era responsável por 30% da demanda, o Palácio Tangará redesenhou alguns posicionamentos, como por exemplo, atrair mais famílias com crianças.

“Nossa primeira experiência com recreação foi em janeiro deste ano, quando criamos um pacote batizado de Summer Tangará. Desenvolvemos uma série de atrações lúdicas para os pequenos, pois somos um empreendimento muito adulto, onde os hóspedes gostam de aproveitar a gastronomia, a piscina e toda a área de lazer. Logo, buscamos promover atividades para que as crianças também se sentissem bem-vindas”, complementa o diretor.

E a ideia se manteve para os meses de junho e julho, meses com volume de famílias em férias escolares. “As famílias normalmente possuem mais tempo para ficar no hotel, o que eleva as ocupações e diária média. Janeiro, junho e julho foram os melhores meses em termos de receita desde a abertura do Tangará”, destaca Cassio.

Desde sua reabertura, em setembro, até julho, o hotel apresentou uma taxa de ocupação 200% acima da média da indústria hoteleira da capital paulista, além de um aumento no ticket médio das hospedagens. O tempo de permanência também subiu em 20%, assim como a demanda por experiências gastronômicas e de spa.

Neste primeiro semestre de 2021, o hotel apresentou um aumento de receita de 10% frente a 2019, mesmo tendo diminuído em 90% o número de eventos sociais e corporativos na mesma base de comparação.

“Tivemos uma performance muito boa desde a reabertura até julho de 2021. O público corporativo tem uma média de permanência de 2 noites, enquanto o lazer tivemos famílias que chegaram a ficar conosco por 21 noites. Essa mudança de comportamento foi a grande sacada, pois notamos as tendências e traçamos ações para que o cliente pudesse permanecer o máximo de tempo possível. Assim, você ganha por todos os lados: em hospitalidade, ocupação, diária média e consumo”, avalia o executivo.

Com as vendas diretas se destacando na distribuição, mas sempre respeitando a paridade tarifária de agentes e operadoras, o Palácio Tangará ultrapassou os patamares de 2019 em termos de receita. “Temos um canal direto muito forte e traçamos estratégias independente de b2b ou b2c. Ficamos meses acima do faturamento de 2019 e, se não houver novos impactos, poderemos encerrar 2021 como um dos melhores anos do hotel”, salienta Cassio.

Eventos e A&B

No ano passado, o empreendimento firmou parceria com o Grupo R1 para trazer ferramentas de eventos virtuais e híbridos, formatos que se destacaram durante a crise. Celebrações mais intimistas também apresentaram aumento com a chegada da pandemia, demanda que se enquadra na estrutura de banquetes do Tangará. O hotel, por exemplo, vem sendo muito procurado para mini weddings, com cerca de 15 convidados, que se tornaram uma grande tendência desde o último ano.

Para 2022, o empreendimento não possui mais nenhum sábado disponível para comemorações. Já são 48 eventos sociais agendados. E nos últimos 30 dias, houve uma crescente na procura por grupos e ações corporativas já para o segundo semestre de 2021 e início do ano que vem.

“Respeitamos 100% o Plano São Paulo e, a partir de 17 de agosto, não teremos mais restrições de horários e capacidade. Para o Tangará, o Mice é muito relevante, pois temos certa dependência do segmento. Aos nossos olhos, as expectativas são as melhores possíveis, sempre com muito cuidado e atenção quando ao cenário global”, pondera o diretor.

Caminhando lado a lado com os eventos, o A&B (Alimentos & Bebidas) tem sido um dos catalisadores da retomada. Enquanto as diárias contemplam apenas o café da manhã, o hotel oferece outras experiências como brunch aos domingos e chá da tarde. Com a abertura do Pateo, acessível também para passantes, a gastronomia despontou ainda mais como um dos protagonistas do Tangará.

“Quando desenhamos o Pateo, a ideia era oferecer um espaço com perfil mais contemporâneo, com pratos para dividir e compartilhar. É um restaurante com uma pegada mais friendly, onde o cliente pode pedir um hambúrguer ou uma pizza, por exemplo. A chave do sucesso é agradar a gregos e troianos. E para se ter uma ideia, o espaço se pagou em apenas cinco meses de operações, o que normalmente acontece entre oito e 12 meses”, finaliza Cassio.

Para complementar a experiência, o Palácio Tangará oferece música ao vivo entre quarta-feira e domingo. Hóspedes e clientes que buscam pratos mais elaborados e de alta gastronomia, o empreendimento também dispõe do estrelado Tangará Jean-Georges.

(*) Crédito das fotos: Divulgação/Palácio Tangará