Hoje, dia 29 de janeiro, são celebrados o Dia da Hospitalidade e também o Dia Nacional da Visibilidade Trans.

Dois temas que, em princípio, podem parecer não apresentar uma relação direta, mas que na verdade possibilitam uma ótima e necessária reflexão.

A hospitalidade, vai muito além da estrutura de atendimento aos usuários e clientes de produtos de hospedagem e gastronomia, e hoje em dia tem sido tratada como uma competência de extremo valor para diferentes áreas de atuação. É capacidade de se criar e manter relações e de servir de forma atenta e com cuidado ao outro e as suas características, necessidades e anseios.

Lembrando que a hospitalidade surgiu, com as hospedagens em épocas de muita agressividade e de conflitos entre locais e estrangeiros, e portanto, ser hospitaleiro é, desde o início, uma vitória do bem receber diante da aversão ao diferente, tão comum desde muito tempo.

E por outro lado, a transexualidade que é um tema fundamental e urgente, e desafia a sociedade a caminhar para o amadurecimento humano. Se trata de um universo que apresenta todos os ingredientes para que os mais incapazes transformem suas limitações em hostilidade.

E hostilidade é, e sempre será, o oposto da hospitalidade.

Diante disso, e do sucesso que a hospitalidade tem tido em diferentes setores e indústrias preocupados com o bom atendimento e relacionamento adequado com clientes, colaboradores e sociedade, temos a visibilidade trans como uma oportunidade para que cada um analise e perceba em que estágio estamos quanto ao nível de capacidade de acolhimento.

A sociedade, aos trancos e barrancos, tem estado diante de diversas questões que exigem seu amadurecimento, e a hospitalidade pode emprestar conceitos e contribuir muito nesse caminho.

É urgente a compreensão sobre a questão da transexualidade e devemos agir para abertura dos espaços sociais para todos independentemente das suas características nesse universo humano.

Caso isso não seja percebido por um destino, gestor e/ou por parte da sua equipe essas marcas e profissionais terão cada vez mais impactos ao serem relacionados aos comuns atos de discriminação, preconceito e violência.

Afinal, o Brasil é, tristemente, o país campeão em mortes de transexuais, indicador maior no nível de preconceito que vivemos.

E isso demonstra a distância que devemos percorrer, afinal para ser considerado um país turístico e hospitaleiro, antes é preciso ser civilizado e humano.

Precisamos trocar a hostilidade pela inclusão do grupo trans e de outros grupos que sofram qualquer discriminação na nossa sociedade.

O turismo e especialmente os hotéis ocupam um papel fundamental nesse contexto e podem ajudar a mostrar esse caminho de desenvolvimento.

Menos hostilidade e mais hospitalidade.

—-

Otavio Novo é profissional de Gestão de Riscos e Crises, atuando desde o ano 2000 em empresas líderes nos setores de serviços, educação e hospitalidade. Consultor e idealizador do projeto Novo8, mencionado pela ONU no IY TOURISM 2017.  Advogado, coautor do livro “Gestão da qualidade e de crises em negócios do turisno” , durante 6 anos foi responsável pelo Departamento de Segurança e Riscos da Accor Hotels para cerca de 300 propriedades e 15 mil colaboradores em nove países da América Latina.

Contato: [email protected] | www.novo8.com.br