O que já era esperado, enfim, foi confirmado. Segundo a OMT (Organização Mundial do Turismo), 2020 foi o pior ano da história do turismo. A entidade registrou queda de 74% em chegadas internacionais globais, o que representa 1 bilhão a menos frente a 2019, quando o indicador teve salto de 4% comparado ao ano anterior.

Em abril, a OMT apontou que 96% dos destinos globais estavam com restrições de viagens e 90 países com fronteiras total ou parcialmente fechadas para estrangeiros. De acordo com o Barômetro Mundial do Turismo, o colapso das chegadas internacionais representa perdas estimadas em US$ 1,3 trilhão em receitas de exportação, mais de 11 vezes o registrado na crise econômica mundial de 2009.

Com a chegada da segunda onda em diversas regiões do globo, muitos países estão retomando as restrições de viagens, incluindo testes obrigatórios, quarentenas e fechamento total das fronteiras. Em contrapartida, a chegada da vacina trouxe uma atmosfera de otimismo, ajudando a restaurar a confiança dos viajantes e a redução gradativa das medidas restritivas.

“Embora muito tenha sido feito para tornar uma viagem internacional segura, estamos cientes de que a crise está longe de terminar. A harmonização, coordenação e digitalização das medidas Covid-19 de redução de riscos relacionados a viagens, incluindo testes, rastreamento e certificados de vacinação, são bases essenciais para promover viagens seguras e se preparar para a recuperação do turismo assim que as condições permitirem”, disse Zurab Pololikashvil, secretário-geral da OMT em entrevista divulgada pelo portal Hotel News Resource.

OMT: recuperação cautelosa

A retomada do turismo internacional é um verdadeiro quebra-cabeças e depende de muitas variantes. A última pesquisa do Painel de Especialistas da OMT mostra uma perspectiva mista para 2021. Quase metade dos entrevistados (45%) previa melhores perspectivas para 2021 em comparação com o ano passado, enquanto 25% esperam um desempenho semelhante e 30% prevêem uma piora dos resultados em 2021.

As perspectivas gerais de uma recuperação em 2021 parecem ter piorado. 50% dos entrevistados agora esperam que uma recuperação ocorra apenas em 2022, em comparação com 21% em outubro de 2020. A metade restante dos entrevistados ainda vê uma recuperação potencial em 2021, embora abaixo das expectativas mostradas na pesquisa de outubro de 2020 (79% de recuperação esperada em 2021).

Conforme e quando o turismo for reiniciado, o Painel de Especialistas da OMT prevê uma demanda crescente por atividades turísticas ao ar livre e baseadas na natureza, com o turismo doméstico e as experiências de ‘viagens lentas’ ganhando interesse crescente.

Olhando mais adiante, a maioria dos especialistas não espera que um retorno aos níveis pré-pandêmicos aconteça antes de 2023 para 43% dos entrevistados, enquanto 41% esperam que um retorno aos níveis de 2019 ocorra apenas em 2024 ou mais tarde. Os cenários estendidos da OMT para 2021-2024 indicam que pode levar de dois anos e meio a quatro anos para que o turismo internacional volte aos níveis de 2019.

A Ásia e o Pacífico (-84%) – a primeira região a sofrer o impacto da pandemia e a que apresenta o maior nível de restrições de viagem em vigor – registrou a maior redução nas chegadas em 2020 (300 milhões a menos). O Oriente Médio e a África registraram queda de 75%.

A Europa registrou uma redução de 70% nas chegadas, apesar de uma pequena e curta retomada no verão de 2020. A região sofreu a maior queda em termos absolutos, com mais de 500 milhões de turistas internacionais a menos em 2020. As Américas tiveram uma queda de 69% nas chegadas internacionais, após resultados um pouco melhores no último trimestre do ano.

(*) Crédito da foto: JE-SHOOTS/Pixabay