Uma nova onda de contágios voltou a preocupar o mundo após as festividades de fim de ano. A explosão de novos casos, impulsionada pela variante Ômicron, já era esperada por especialistas. Ainda que a cepa seja menos letal do que as anteriores, o aumento do número de infectados acendeu um sinal de alerta para a hotelaria na Europa e em outras partes do globo.

De acordo com o Skift, o desempenho de hotéis nos EUA e China cresceu nas últimas semanas, por outro lado as propriedades europeias apresentaram uma nova queda de demanda. Impactados pelo avanço da Ômicron, empreendimentos do Velho Continente parecem estar vivendo um déjà vu. Em contrapartida, unidades chinesas e norte-americanas celebram ganhos impressionantes. Pelo menos por enquanto.

A tensão vivida na Europa deve se estender para os demais continentes nas próximas semanas. O desempenho dos hotéis na região teve queda de 40% frente a 2019, segundo dados recentes do STR. Já os chineses apresentaram declínio de apenas 3% e os norte-americanos, impulsionados por Natal e Réveillon, cresceram mais de 27%.

A recuperação do desempenho hoteleiro da China quebrou um padrão no final do ano passado, onde os hotéis europeus tiveram um resultado melhor devido às flexibilizações de restrições de viagens. Mas a onda de Ômicron começou a tomar conta das principais cidades europeias e até colocou países como a Holanda em confinamento.

Um surto de casos de Ômicron na cidade chinesa de Tianjin, cerca de 130 quilômetros ao Sul de Pequim, foi descoberto no fim de semana. Mais casos foram posteriormente detectados a centenas de quilômetros de distância, na província de Henan. A cidade de Xi’an – lar de 13 milhões de pessoas – está em quarentena desde um surto anterior em 23 de dezembro, mas as autoridades chinesas não relataram nenhum caso ligado à Omicron.

A política de zero Covid-19 da China normalmente inaugura uma onda de bloqueios que despencam o desempenho do hotel. A recuperação hoteleira líder mundial do país no verão passado despencou em apenas duas semanas, graças aos seus rigorosos esforços de mitigação. Seu último surto chega em um momento altamente inoportuno, já que o país está a semanas de sediar os Jogos Olímpicos de Inverno em Pequim.

Impacto à vista

Os EUA continuam a liderar os três maiores mercados hoteleiros do mundo em termos de recuperação, mas houve sinais de rachaduras no início deste ano. A receita americana por quarto disponível – a principal métrica de desempenho do setor – é em grande parte impulsionada pelos hotéis que cobram tarifas diárias mais altas, em vez de vender quartos de hotel.

Embora os hotéis dos EUA possam ter um desempenho significativamente melhor no conjunto de dados mais recente do que antes da pandemia, a ocupação foi mais fraca em certos setores. A ocupação de empreendimentos de luxo estava em 69% no relatório mais recente do STR, em comparação com 83% em 2019, mas o segmento ainda teve um desempenho quase 16% melhor graças aos hoteleiros cobrando taxas mais altas durante a retomada.

“Em relação a 2019, houve uma ocupação mais forte em hotéis com classificação mais baixa e ocupação mais fraca em hotéis com classificação mais alta”, observaram analistas da Truist Securities em seu relatório mais recente de dados de hotéis. “Interpretamos a desconexão como uma combinação do impacto da demanda da Ômicron, cancelamentos de voos e menos atividades/atrações abertas nas grandes cidades durante o Ano Novo.”

Os hotéis dos EUA também devem sofrer uma queda no desempenho devido a grandes eventos como o Consumer Electronics Show em Las Vegas na semana passada, com operações significativamente reduzidas ou migrando para programação virtual enquanto o aumento de casos continua.

Existem algumas perspectivas positivas sobre o último aumento, o que significa que, se houver algum impacto generalizado da variedade nos hotéis, é provável que diminua em questão de semanas, em vez de meses. Nos últimos dias, houve sinais de que a contagem de casos pode ter atingido o pico em várias partes do mundo, incluindo a cidade de Nova York.

No Brasil, a nova cepa já é motivo de cancelamentos de grandes eventos, como o Carnaval. A alta de casos de Covid-19 também vem impactando negativamente a malha aérea devido à contaminação de tripulantes. Só ontem (10), foram cancelados cerca de 500 voos no país. Apesar do aumento de infectados, a hotelaria segue otimista quanto ao fluxo de hóspedes e alega não ter sentido o baque da onda de contágios. Mas é cedo para comemorar.

(*) Crédito da foto: Pixabay