Passada a euforia das festividades de fim de ano, grande parte da população do país sentiu na pele as consequências das aglomerações e relaxamento das medidas restritivas. Além da chegada da variante Ômicron, casos de Influenza vêm estampando os principais noticiários brasileiros, assim como infecções simultâneas das duas doenças, batizada de “Flurona”.

Em São Paulo, a Ômicron já representa 50% dos novos casos, que já chegam a 69 na cidade, segundo levantamento divulgado na terça-feira (4), pela prefeitura da capital. Já uma análise feita pelo ITpS (Instituto Todos pela Saúde) constatou que em 337 amostras de Covid-19, 312 (92,6%) há indicação de infecção pela nova cepa. Os pesquisadores coletaram 2.463 amostras entre os dias 26 de dezembro e 1º de janeiro.

Por enquanto, a variante foi detectada em oito estados (SP; RJ; BA; MG; MT; GO; TO e SC), além do Distrito Federal. De acordo com o boletim divulgado pelo Ministério da Saúde na quarta-feira (5), o Brasil tem 265 casos confirmados de Ômicron.

Para se ter uma ideia, o número de atendimentos por telemedicina dobrou em 36 horas devido aos casos de Ômicron e gripe, segundo levantamento da Saúde Digital Brasil, divulgado pela Folha de São Paulo. Na semana entre o Natal e Réveillon, as consultas para ambas as doenças subiram de 7 mil para 15 mil. A estimativa é que o índice possa ultrapassar os 50 mil nos primeiros dias de janeiro.

A Secretaria de Saúde do Distrito Federal confirmou ontem (6) 5.805 casos de Influenza A. Do montante, 204 estão infectadas com H3N2, vírus que tem causado surtos de gripe no país. A pasta também sinalizou 89 pessoas com coinfecção por gripe e Covid-19, enquanto em São Paulo, 24 moradores da cidade estão na mesma situação.

Em Goiás, a prefeitura de Aparecida de Goiânia registrou a primeira morte pela Ômicron. A vítima era um homem de 68 anos, hipertenso, portador de uma doença pulmonar obstrutiva crônica e vacinado com três doses.

Turismo em alerta

Os dados acenderam um sinal de alerta no mundo, apontando que, apesar da vacinação avançada, a pandemia ainda não acabou e parece estar longe disso. E o impacto da nova onda já começa a mostrar seus desdobramentos. O Carnaval 2022, tão aguardado pelo turismo, foi cancelado em diversas cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Balneário Camboriú, Salvador e Recife.

Em Amparo (SP) foi publicado ontem um decreto que proíbe aglomerações e impõe o fechamento do comércio às 23h como medida preventiva. O município é o primeiro do estado a retomar iniciativas restritivas após a chegada da nova variante, com vigência até o dia 31 de janeiro, segundo a Folha de São Paulo.

O retorno de medidas restritivas e cancelamento de grandes eventos sinaliza um novo agravamento da pandemia no Brasil, ainda que o número de mortes não esteja acompanhando a subida de contágios. No setor hoteleiro, é cedo para dizer quais serão os reais impactos, mas vale ressaltar que os empreendimentos devem se manter atentos aos protocolos.

Hoje, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que a pasta pode reduzir o isolamento para pessoas assintomáticas com Covid-19 de 10 para cinco dias. Uma reunião com integrantes do Ministério da Saúde está prevista para esta sexta-feira para debater o assunto.

Ômicron, gripe ou resfriado?

Com tantos vírus circulando simultaneamente, identificar os sintomas se tornou ainda mais complexo. De acordo com o Instituto Butantan, desde o surgimento do coronavírus original, em Wuhan, os sintomas considerados mais comuns são: febre, tosse seca, cansaço e perda do paladar ou do olfato. A maioria dos casos aparecem entre cinco e 14 dias após o contágio.

Algumas variantes depois, os sinais de infecção também mudaram e você confere a seguir os principais sintomas e diferenças entre os vírus.

Ômicron

  • Dor de cabeça
  • Coriza
  • Espirros
  • Dor de garganta
  • Dores musculares
  • Cansaço
  • Febre

Gripe

  • Dor de cabeça
  • Coriza
  • Febre
  • Tosse
  • Dor de garganta
  • Dores musculares e articulares
  • Mal-estar
  • Diarréia

Resfriado

  • Coriza
  • Nariz entupido
  • Febre baixa
  • Espirros
  • Dor de garganta

Vale ressaltar que especialistas não recomendam o uso de máscaras de pano ou cirúrgicas como prevenção contra a nova cepa. De acordo com Vitor Mori, pesquisador da Universidade de Vermont e membro do Observatório de Covid-19 em entrevista ao Exame, a máscara mais segura é a PFF2, seguida pela KN95.

Por fim, mas não menos importante, apesar do aumento de infecções, a vacina ainda é a principal medida preventiva contra o coronavírus. De janeiro de 2021 a janeiro de 2022, o número de mortes pela doença caiu 87% no mundo, mesmo com o surgimento de novas cepas, como aponta o jornal O Globo.

(*) Crédito da capa: Pixabay