No último mês, a Booking Holdings gastou cerca de US$ 3,5 bilhões em aquisições e investimentos. A primeira veio em meados de novembro, com a compra da Getaroom por US$ 1,2 bilhão, conquistando uma fatia de mercado de distribuição do segmento B2B. Ao final do mês, foi a vez do ETraveli Group, agência de viagens online com sede na Suécia, pelo valor de € 1,63 bilhão.

Na semana passada, o Kayak, membro da família Booking Holdings, foi o investidor líder em um aporte de US$ 60 milhões da Life House. Mesmo antes dos últimos gastos, a empresa já havia desembolsado grandes quantias, como os US$ 1,8 bilhões para a Kayak em 2012, Momondo por US$ 550 milhões, em 2017, e a OpenTable, por US$ 2,6 bilhões em 2014.

Em tempos em que a recuperação do setor de viagens ainda é incerta, fazer investimentos deste calibre é uma jogada ousada. Para entender o objetivo de tantas aquisições em um espaço de tempo tão curto, a Phocuswire conversou com uma série de executivos e especialistas sobre quais poderiam ser as motivações da Booking e o que elas significam para os seus concorrentes.

Booking Holdings: a visão dos especialistas

Para Noreen Henry, diretora de Receita da Sojern, a indústria de viagens deve ficar de olho nas decisões de negócios das OTAs, pois mostra o que as empresas estão priorizando. Para a executiva, a Booking Holdings parece estar acelerando seu crescimento com a recuperação das viagens.

“Nesse caso, a Booking.com está dobrando seu objetivo de oferecer suporte a uma experiência completa de viagem com o ETraveli, pois aumenta suas capacidades aéreas ao trazer seu parceiro aéreo para o redil. Da mesma forma, a Getaroom reforça seus negócios de parceiros e aprofunda suas capacidades de distribuição”, avalia.

Klaus Kohlmayr, diretor de desenvolvimento da IDEAS, acredita que a companhia está preenchendo algumas de suas lacunas. “A aquisição da Etraveli me lembra da compra do ITA pelo Google muito tempo atrás – eu veria isso mais como um jogo de tecnologia / infraestrutura do que um acréscimo de marca, incluindo os recursos de interlining que ganharão com a integração Etraveli-Tripstack. A Kiwi.com foi a pioneira no modelo e é interessante ver como o Booking vai alavancá-lo”.

Robert Cole, fundador da marca de estratégia de marketing de hotel RockCheetah e analista da Phocuswright, afirma que aquisições fazem parte do DNA da empresa. “Só podemos presumir que Glenn Fogel está se divertindo fazendo esses negócios – já que era isso que ele fazia com a empresa antes de se tornar CEO. Uma pergunta que imediatamente vem à mente é se a Booking seria ousada o suficiente para adquirir o Tripadvisor?”, questiona.

Decius Valmorbida, provedor de TI da Amadeus, pontua que a Booking mira a experiência do cliente, indo além do produto. “Acho que os grupos de viagens estão se organizando em torno disso – você tem a Booking Holdings fazendo isso, a Expedia fazendo isso, e eu esperaria que todos os outros tentassem ir na mesma direção”, diz.

(*) Crédito da foto: Unsplash