Após ser eleito para ocupar a presidência da Resorts Brasil (Associação Brasileira de Resorts) no biênio 2022-2023, Marcelo Picka Van Roey comenta sobre as prioridades, ações e estratégias a serem desenvolvidas à frente da entidade. À reportagem do Hotelier News, o executivo afirmou que, inicialmente, a atenção maior será em retomar iniciativas interrompidas durante o período de pandemia.

“Por conta da pandemia, adotamos um planejamento emergencial para tentar cumprir nossas ações. Temos dois eixos principais: um deles está focado na inovação, fazendo com que os resorts sejam de fato um hub de inovação, utilizando toda a nossa estrutura para proporcionar isso aos associados. Já o segundo eixo diz respeito a ações de sustentabilidade econômica, social e de governança”, pontuou o executivo, que anteriormente atuava como vice-presidente institucional da associação.

“Esperamos conseguir transitar em todas essas frentes, desde políticas públicas até ações menores, que podem fazer muita diferença. Portanto, a ideia é focar nesses dois eixos e também trabalhar a parte comercial, ressaltando a importância dos resorts”, acrescenta.

Em relação a à baixa temporada, Picka afirma que as expectativas são positivas, mesmo com a diminuição do movimento, que já é esperada pelos empreendimentos.

“Depois do verão, imaginamos que naturalmente o movimento deve baixar. Por outro lado, para o ano de 2022, temos expectativa de que as viagens internacionais ainda não estejam retomadas em sua plenitude. O câmbio nos favorece, de certa maneira, especialmente quem não depende de turistas estrangeiros. Portanto, os resorts têm sobrevivido bem, e esperamos conseguir mostrar que não se trata apenas de subir preços”, destaca.

“Os resorts não estão subindo preços por simplesmente quererem aumento de lucro. Muito pelo contrário, a nossa margem está muito pequena, muito inferior à de 2019, inclusive. Se repassarmos todos os custos para o cliente final, teremos diárias proibitivas, e não é isso que buscamos. Nossos preços não serão os mesmos, mas teremos que nos preparar para agregar valor, porque o resort é uma experiência que vai muito além da hospedagem”, pontua.

Sobre a base de dados da instituição, Van Roey afirmou ainda que a Resorts Brasil deve trabalhar em conjunto com diversos parceiros para que os dados sejam reais. “A ideia inicial é conscientizar não só nossos associados como também o setor como um todo, para que consigamos trocar informações, tomar decisões e montar estratégias em tempo real, nos valendo desse dinamismo que o mercado de hospitalidade nos oferece. Se todo mundo tiver esses dados, a gente consegue fazer com que todos os players joguem juntos e saibam os melhores momentos para tomar decisões”, avalia.

Resorts Brasil e a questão dos cassinos

Quanto aos projetos que preveem a criação de resorts integrados com cassinos, o novo presidente da entidade afirma que é um assunto delicado. “Nós não concordamos com a obrigatoriedade de construção de novas estruturas integradas ao cassino, porque não faz sentido esse tipo de estabelecimento só ser viabilizado mediante a construção de uma nova estrutura de resort”, explica.

“Estamos lutando para que esses cassinos possam ser incorporados em grandes estruturas já existentes, até para privilegiar quem investe no turismo do Brasil e gera emprego. Não que as empresas estrangeiras não sejam bem-vindas, até porque eles têm uma expertise de cassinos que nós não temos, mas precisamos ser justos para que tenhamos possibilidade de usar a estrutura dos empreendimentos brasileiros para incorporar esse produto, que a nosso ver é bem-vindo e traz benefícios ao turismo e ao país”, finalizou.

(*) Crédito da foto: Lucas Barbosa/Hotelier News